Three

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02/09/1991

O céu mudava a cor de pouco em pouco, o azul virava calmamente laranja, o sol aparecia um pouco dele a cada minuto que se passava.

Ariel já estava de pé, mesmo sendo por volta das 02:30 da manhã no relógio de bolso que ela possuia.

Ela fazia o mínimo de barulho para se arrumar, abria o guarda roupa e pensava em qual roupa pegar. As mãos dela não se movia, a pose desleixada e cabelo virado do avesso faziam parte da beleza que ela exalava, além de uma cara amassada. Não que ela tenha dormido, mas tentar pegar no sono e se remexer na cama fazia qualquer um parecer uma fera.

Alguma coisa falava que iria dar um pico de vento frio, mas também falava que poderia esquentar. Então, o que a menina vestiria? Obviamente a capa não iria escapar do look da gata.
Os braços se moviam com muito cuidado, faziam as peças se mexerem dentro dele.

Ariel já estava entrando em um surto por não encontrar o que queria, então preferiu colocar a vestimenta que viu alguns alunos usando quando ela chegou.

Se trocando de forma rápida, colocando seu relógio no bolso da capa, os livros junto da pena já estavam arrumados também, e vendo que a colega de quarto ainda estava dormindo, resolveu descer para a sala comunal.

Os passos cada vez mais lentos enquanto descia. Não havia ninguém lá, então foi e se sentou em uma poltrona.

O relógio de bolso estava em sua mão, vendo se dava a hora de uma vez, para poder acordar a sua querida vidente.

Passos pesados ecoavam, os olhos de Ariel se moveram para a abertura que levava aos dormitórios.

A silhueta de um garoto apareceu, Ariel só viu realmente quem era, quando esse menino acendeu um cigarro e colocou na boca.

— Seu irmão te deixa fumar?

O pulo involuntário de Mattheo fez o garoto derrubar o isqueiro que tinha na mão.

— Pelo amor de Merlin, você tá parecendo um fantasma toda calada aí nessa poltrona. E acho que você não precisa saber. — Mattheo puxa o ar e tira o cigarro para fora da boca, logo expirando o ar junto da fumaça.

— Um fantasma?

— Tá mais pra assombração. — Mattheo solta uma risada, mas para assim que lembra que todo mundo tá dormindo. — Perguntinha, tá todo mundo desse lugar dormindo... E você está acordada por? — Ele faz o mesmo processo de inspirar e expirar o cigarro.

— Eu nem dormi... Uma pergunta, que horas começa as aulas daqui? — Ariel tomba a cabeça para o lado direito e encara Mattheo.

— Você não pegou os horários? — A cabeça da menina movimenta em discordância. — Mulher do céu, se você for por minha palavra, tem duas alternativas. Ou chega muito cedo, ou muito atrasada. — Mattheo fala e joga o cotoco do cigarro. — Espera o Tonhão acordar e daí tira tuas dúvidas.

— Tonhão? Quem?

— Apelido "carinhoso" que deu pro Tom. E retribuindo esse "apelido", ele pôs o meu de Maria Fumaça. Coisa se irmãos.

— E quando ele vai acordar?

Mattheo olha para o relógio em cima da lareira e faz as contas.

— Olha, são 03:15, daqui cinco minutos o bonito levanta... — A fala sai arrastada, fazendo sair mais baixa.

— Obrigada.

— Por nada... E eu vou voltar a cama.

Mattheo se vira e vai andando para a abertura das escadas e some da vista dela.

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