II

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O avião começou lentamente a deslizar pelo solo molhado de Luton. Consigo ver a neve a amontoar-se nos outros aviões que estão perto. Vou ter saudades disto. Nunca gostei muito da neve, porque ia a pé para o trabalho e a neve dificultava muito as minhas caminhadas. Escorregava sempre. Mas neste momento, olho para a mesma como se fosse a melhor coisa do mundo e como se nunca mais a fosse ver. Pode parecer dramático. Mas realmente penso que esta é a decisão mais acertada. Eu gosto muito de aqui estar, sinto que este é o meu lugar. O meu refugio. Imediatamente coloco os meus fones e ponho a tocar a minha banda favorita. Coldplay.

A última vez que andei de avião foi quando estava grávida. De 7 meses. Com autorização médica, fomos passar duas semanas a Marrocos. Seriam possivelmente, as nossas últimas férias sem uma criança e queriamos muito aproveitar. Foi lá que perdi o bebé. Descolamento de placenta. Um horror e um pesadelo. Sofremos muito com esta perda e uma vez mais, apesar de estar desolada, o medo que perder o Ricardo era mais forte de que tudo o resto.

- Vais deixar-me depois disto? - perguntei.

- Não digas essas coisas. Nunca te vou abandonar.

Sinto uma mão tocar-me. Fria, húmida.

- Não me toques. - Digo, voltando à realidade.

- Podes parar com esse drama? Pensei que me tinhas desculpado.

A vontade de chorar consome-me neste momento. Não acredito que estou a cair novamente no mesmo erro. - E desculpei. - Digo. - Estou só um pouco mal disposta.

- Vamos começar de novo. Assim que aterrarmos começa uma nova vida para ambos. Mas vais ter que colaborar.

E assim foi. A vida Recomeçou. Mas não como eu esperava.

Espero-te um diaOnde histórias criam vida. Descubra agora