Segredos do Universo | Vol-1

Capítulo 02: É difícil esperar algo assim desse lugar

—Vocês devem estar se perguntando o porquê de estarem aqui novamente. Recentemente, recebi uns avisos dos superiores. Eles pediram para mim os comunicar que a data de libertação de vocês será adiada para daqui a três dias. Um barco ao sul da muralha estará esperando todos vocês. Infelizmente, não pude perguntar para qual local iram leva-los. Aconselho a fazerem as malas. O barco partirá as oito, então, sugiro que se apressem. Alguém duvida?— Um gortejo é ouvido ao meu lado. Viro o rosto observando o rosto pálido e a expressão de surpresa brilhando nele. Ethan.

—Qual superior enviou o barco?— Uma mão foi levantada por uma menina que estava bem no centro do aglomerado de pessoas.

—Senhorita, creio que a resposta dessa pergunta seja totalmente confidencial. Mas não se preocupem. São de total confiança e não os fará mal. Se isso é tudo, podem voltar aos seus afazeres. Qualquer outra informação, eu os avisarei.— Colocando as mãos nos bolsos da saia comprida, a Sra. Aldiva dá as costas enquanto prosseguia em direção de onde veio antes.

O movimento das pessoas ao lado foi ouvido enquanto eu tentava processar a informação. Eu não estava tão assustada quando faltavam apenas doze para irmos embora. Mas agora? Finalmente minha ficha parece que caiu. Não podemos dizer que faltavam três dias na que já estávamos na metade do dia e iríamos embora depois de amanhã.

—Tá beleza galera, agora eu tô assustada— Karin, -que até então estava calada- diz enquanto arregalava os olhos virando o rosto para nos.

—Nem me fale. A ideia de virar mendigo ainda está de pé!— Ethan exclama enquanto levanta a uma das mãos em uma espécie de votação.

Karin revira os olhos acertando um tapa na cabeça dele, observando ele soltar uma risada com o ato.

—Oque ela quis dizer com relação a "a resposta dessa pergunta seja totalmente confidencial"?— Cruzo meus braços observando os dois olharem para baixo.

Éramos nos que seríamos liberados daqui. Estavam se tratando das nossas vidas. E mesmo depois de sermos liberados daqui ainda viveríamos no escuro?

—Descobriremos em breve— Ele diz dando de ombros enquanto cruzava os braços atrás da cabeça.

—Sua preocupação é comovente, Ethan— Karin diz enquanto piscava os olhos repetitivamente forçando uma expressão de emocionada.

Ethan riu dando de ombros enquanto andava em direção a saída sendo seguido por nós duas. Ethan nos guiava pelos corredores desgastados indo em direção a biblioteca.

Poderia ser bem estranho de dizer que, dentro de um orfanato, tinha uma biblioteca. Mais isso era possível.

Entrando na biblioteca, avistamos as longas colunas de estantes cheias de livros antigos. Haviam todos os tipos de livros que pudesse imaginar, dos realistas até os que eram bem impossiveis de acontecer.

Ethan pega um livro aleatório de uma das estantes e logo se senta em um dos bancos de madeira, que ficavam espalhados por lá. Suspiro, observo Karin andar até outra estante do outro lado.

Me rendo, indo em direção em uma outro estante distante dos dois, observo os livros de diversas capas diferentes. Uns poderiam atrair qualquer pessoa somente pela capa. Claro, estávamos em um orfanato onde só tinham pessoas adolescentes e crianças lá, e a grande maioria não costumava vir aqui.

Observo um livro de capa preta com letras em outra língua. Possuía manchas vermelhas como se fosse sangue seco, embora, não fosse impossível ser. Pego ele abrindo-o em seguida. O livro inteiro era escrito com os mesmos tipos de letras da capa. Não conseguia entender. Colocando-o de volta na estante, me agacho decidindo seguir o exemplo de Ethan.

Me sento em uma das cadeiras começando a ler. No decorrer da leitura, minha mente viajou para o futuro. Oque aconteceria nesses próximos dois dias inteiros que ainda temos aqui? Não era como antes, que dizíamos que ainda restava dois anos. Não! Faltavam somente dois dias. Dois dias para sairmos daqui. Dois dias para sermos livres. Dois dias para eu ver pela primeira vez o mundo lá fora.

Decidida a não pensar muito nisso. Levos meus olhos em direção ao livro me pondo a ler novamente. Oque tivesse de acontecer. Descobriria-mos em breve. Muito em breve. Repetia essas palavras em minha cabeça.
Quando estava perto do jantar, saímos da biblioteca indo rumo aos dormitórios. Uma das milhares de regras que existia no orfanato, era o banho antes das refeições. Isso poderia soar estranho para quem fosse um pouco mais velho e tivesse entrado apouco tempo? Sim. Mais, vivemos a vida inteira dentro desse casulo escuro, esperando o dia da liberdade poder ser alcançada.

[...]

Jogo minha cabeça para trás enquanto coloco minhas roupas sujas dentro de uma cesta. O banheiro era somente um balde para as necessidades, juntamente de outro que continh água limpa e um bacia pequena com um pedaço de planta. É, aquela era a nossa vida.

Termino meu banho colocando a nova muda de roupas. Pego a cesta com as roupas sujas e levo em direção a saída do banheiro. O banho era organizado por uma espécie de chamada, tinha vários banheiros espalhados pelo dormitórios. Oque facilitava bastante no quesito "esperar". As chamadas eram feitas por uma das guardas de lá. Ao escutar seu nome ser chamado, era só se dirigir a ela, onde pegaria a cesta e nova muda de roupas.

Esquisito? Eu não sei. Não era como se eu já tivesse tomado banho de outra forma pra ter uma opinião própria.

Depois de deixar a cesta do lado da guarda, observo Karin do outro lado da sala com a sua cesta. Eram separados as meninas dos meninos. Tinha duas salas de banho, uma só de meninas, outra só de meninos.

Andando até Karin desviando das várias meninas espalhadas por lá.

—A água estava gelada de mais— Escuto-a dizer quando me aproximo dela.

—Você não está acostumada? Novatos são assim mesmo — Em tom de zombaria, digo e logo Karin me acerta com um tapa na cabeça.

—Idiota! Só achei que por estarmos partindo em breve, teríamos um agrado de despedidas atencipado —Ela diz enquanto cruzava os braços.

É difícil esperar algo assim desse lugar...

Continua...