O grito alto e estrondoso me fez pular pelo susto, olhei em direção de onde vinha o grito e lá estava uma menina baixinha extremamente eufórica. Ela estava com uma das mãos erguidas, apontando em direção para uma parte do navio.
Observei Mike se levantar rapidamente enquanto ia em direção a ela. Ergo meus olhos enquanto procuro por Ethan e Karin que estavam alojados perto de vários barris.
Olho novamente pra onde a menina havia apontado e logo me levanto. Me aproximo devagar de onde Mike e várias outras pessoas estavam olhando. Foco meus olhos nas águas escuras do mar que nos cercava. Uma espécie de calda grande e escamosa se movimentava suavemente, alguns espinhos pontiagudos enfeitavam a sua volta enquanto o resto do corpo da criatura não era avistado.
Ela ricocheteou a calda contra o navio uma última vez antes de mergulha profundamente. Alguns murmúrios de medo e curiosidade foi escutado logo após, mas eu só conseguia pensar no que havia acabado de acontecer.
—O que era aquilo? — A mesma menina, que acabou gritando quando viu a criatura pela primeira vez, perguntou enquanto suas mãos estavam tremendo em total medo.
—Uma Parténope... depois de tantos anos. Por que estão aparecendo agora? — Mike, que ainda estava olhando o mar, falou baixinho fazendo quase todos não escutarem, tirando eu.
—Muito bem, pessoal, peço a atenção de todos vocês. Vocês não precisam se preocupar, ta bom? Isso não vai intervir em nada na viagem. Então, peço que se acalmem. — Bart, que até então estava totalmente pensativo, falou enquanto secava o suor, que eu julgava ser de nervoso, da testa.
Mike foi o primeiro a se afastar enquanto seguíamos em direção a Bart. Observei os dois conversarem e logo foram em direção a cabine do navio.
Lancei uma última olhada para a água antes de balançar a cabeça e me afastar. Segui em direção a onde Karin e Ethan estavam sentados.
Forrei o mesmo pano que estava ao lado deles dois no chão, antes de me sentar nele.
—Vocês viram aquilo? Os espinhos que tinha naquela cauda, poderia facilmente atravessar nós três juntos. — Ethan disse, enquanto gesticulava com as mãos apontando para nos três.
—Eu... não sei... vivemos a vida inteira naquelas paredes subterrâneas, não faço a mínima ideia do que poderia ser aquilo. — Digo enquanto meus olhos abaixavam de acordo com o qual escutava Bart informar sobre o almoço que seria servido em poucos minutos.
Meus olhos se fechavam enquanto eu absorvia a imagem da criatura que estava, a alguns minutos atrás, naquelas águas escuras e geladas.
O que poderia ser aquela criatura? E, principalmente, o que ela estava fazendo ali?
Meus pensamentos foram interrompidos quando senti uma mão cutucar o meu ombro. Abri meus olhos enquanto olhava para Karin que estava olhando para mim confusa.
— O que houve? — Pergunto me pondo de pé. Minhas mãos se batendo uma na outra, na intenção de limpar a poeira que estava impregnada nelas.
— Bart pediu para fazermos uma fila para receber-mos o almoço. Achei que estava dormindo, você estava tão... parada e quieta. — Ela murmurou enquanto amarrava o cabelo com um fiapo de pano.
— Estava apenas pensando no que aconteceu. Onde está o Ethan? — Perguntei enquanto olhava a fila enorme que estava se formando dentro do navio, fazendo até curvas para poder caber todo mundo.
Karin ergueu uma mão apontando para o meio da fila onde eu pude observar Ethan, suas mãos abrigando uma pequena vasilha. Seus olhos estavam fechados enquanto ele parecia cochilar, somente os abrindo quando dava um mísero passo.
Suspiro enquanto neto com a cabeça. Por incrível que pareça, eu não estava com fome. Ao contrário, parecia que eu havia comida uma enorme quantidade de comida, já que havíamos andado mais de cinco horas e ainda não havíamos colocado nada na boca, que não fosse água.
Vi Karin acenar com a cabeça enquanto se dirigia para a fila.
Passo as mãos pelas minhas veste tirando um pouco de poeira que tinha. Comecei a andar por volta do navio. Ele era extremamente grande, cabendo as quatrocentos e noventa e sete pessoas, e ainda sobrando lugar para mais gente. Eu ainda não havia olhado tudo.
Observo uma parte dele que era totalmente coberto por uma lona. Como se fosse um amparo do sol.
O chão do navio rangia a cada passo que eu dava, por ser de madeira velha, era nítido o tanto de poeira que decorava ele.
Como meu nariz quando algumas partículas de poeira me atinge. Ando um pouco mas, eu estava indo em direção a parte de sombra que era coberta pela lona.
Minhas mãos batem um pouco no piso para tentar tirar uma boa parte da sujeira, oque foi uma péssima ideia pois elas voltaram pretas. Suspiro, batendo uma na outra, observo elas ficarem mas limpas.
O lugar onde eu estava, era bem afastado dos demais, entretanto, era calmo.
A parte da sombra, permitia que a brisa fria e leve, batesse contra o meu rosto enquanto jogava meus cabelos para trás. Fecho meus olhos jogando a minha cabeça um pouco para trás.
Minha mente sendo levada para outro lugar. Oque aconteceria agora? Como todos nós poderíamos saber oque nos aguardava? A aparição daquela criatura, somente me fez ter menos vontade de chegar logo ao nosso destino, isto é, se todo mundo não perdeu a vontade.
—No que você tanto pensa? — A voz de Mike soa atrás de mim me fazendo pular pelo susto. Meus olhos se abriram enquanto eu observava o corpo parado ao meu lado, suas mãos abrigavam uma vasilha com uma pequena quantidade de comida.
—No que vai acontecer quando chegarmos. Não tive tempo de me apresentar, me chamo Médelin, mas pode me chamar só de Mad. — Digo enquanto ele abria um sorriso.
—Suponho que esteja com fome. — A voz dele soa enquanto ele empurrava a vasilha para mim.
Na verdade, eu não estava com tanta fome assim, mas a comida estava com uma cara tão boa. Peguei a vasilha trazendo uma bela colherada da comida para minha boca.
—O que era aquilo na água? — A pergunta escapou por entre meus lábios enquanto eu apertava o cabo da colher.
—Uma Parténope. Elas passaram um bom tempo se aparecer. Sumiram durante anos. Confesso que da última vez que vi uma, eu tinha cinco anos. — Ele disse enquanto franzia os lábios em uma linha reta. Suas palavras soando mas para si mesmo.
—E, oque seria uma Parténope? — Perguntei novamente vendo ele olhar para mim enquanto soltava uma lufada de ar pesada.
—Seres meio peixe meio humano. Em geral, só existem mais fêmeas dessa espécie. Eu costumava ouvir que sempre que uma dessa espécie era vista, significava caos. Meus pais costumavam dizer que uma catástrofe aconteceria ao vê-la. E eu acho que eles estavam certos. — Ele respondeu. O tom amargo e angustiado soava de dentro dele. Suas mãos foram em direção ao próprio pescoço enquanto puxava um medalhão.
Um pingente de cor dourada e redondo estava pendurado. Ele deu uma leve apertada no meio do pingente vendo ele se abrir. Olhei para ele quando Mike o posicionou nas minhas mãos. Dentro do medalhão, havia uma pequena foto, nela estava um menino, que não deveria ter mais de três anos, junto com uma mulher e um homem. Ambos estavam abraçados enquanto um sorriso contagiante enfeitava o rosto de cada um.
Abaixei a cabeça quando entendi.
—Sinto muito. — Digo quando coloco a vasilha no chão. Mike balançou a cabeça enquanto fechava o pingente e o colocava por dentro da blusa novamente.
—Fazem anos que isso aconteceu. Mas parece que foi ontem. Bom, chega de tristeza, acho que seus amigos estão te procurando. — Ele diz, apontando para trás enquanto Karin e Ethan estavam balançando as mãos.
Me ponho de pé, o observando Mike fazer o mesmo. Aceno uma última vez com as minhas mãos para ele, e logo vou em direção deles.
É, eu espero que não aconteça nada de ruim. Ou pelo menos eu pensava.
Continua...
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Segredos do Universo | Vol-1
FantasiaA alguns séculos atrás, havia uma terra onde seres de todas as espécies habitavam. Cada qual com seu líder. Um tratado imposto com regras de convivência entre eles foi criado. Mais isso não impedia de haver confronto entre eles. Um certo dia, vários...