Acampamento Meio sangue

sentido

Semanas se passam com dias ocupados em atividades acadêmicas e noites perdidas na internet, mas os fins de semana tem atividades clandestinas como invadir a floresta e tomar banho no rio, coisa que é expressamente proibida, ou festas ainda mais clandestinas.
Essas pessoas sabem se divertir, e desde que fiz meu novo amigo nunca fico de fora de nada. Ele só me chama de raio de sol, o que me faz perguntar seriamente se isso é porque não lembra meu nome ou se ele gostou do apelido que sua mente bêbada pensou quando nos conhecemos.
- Vamos pular a cachoeira ( Léo diz animado)
Não me surpreendo com sua ideia possivelmente suicida, ele é um garoto hiperativo e engraçado, que frequentemente age de forma inconsequente. O observo subir uma trilha íngreme junto com Percy e Travis, olho para a cachoeira e me pergunto sua altura e se a água é profunda o bastante e não possui pedras, estou quase rezando mentalmente para não precisar assistir a morte de ninguém quando vejo Nico já no alto acenando para mim.
Pisco e tento ver se realmente é ele, e não tenho dúvidas. Ele não para de me surpreender, mas não gostaria que as características que atribui ao Léo também se encaixassem nele.
Os garotos alcançam o filho de Hades e o cumprimentam, estou considerando seriamente me unir a eles e tentar convencer eles de que essa é uma péssima ideia quando o vejo pular.
O ar fica preso na minha respiração e meus olhos procuram freneticamente algum sinal dele na água, vejo uma ondulação e então ele emerge.  Ao fundo ouço sons de comemoração, mas o barulho dos meus batimentos que posso sentir no ouvido abafam tudo.
- Isso foi incrível ( ele diz sorrindo grandemente ao sair da água e vir em minha direção)
Ele olha pra cima e vê Léo se jogar da cachoeira, o moreno sai ofegante da água e sons de triunfo podem ser ouvidos.
Logo, Percy e Travis também dão seus pulos e emergem bem. Então eles começam a discutir quem vai ir de novo, e quando ele está prestes a repetir seu feito eu seguro seu braço.
- Não. Isso é perigoso! Por que você fez isso?
- Will? (Ele me olha confuso) Está tudo bem! A gente não se machucou.
- Mas...e se você se machucar?
Ele me encara por um momento antes de negar com a cabeça.
- Tudo bem, eu não vou. Desculpa ter te assustado.
Respiro aliviado e nos sentamos um ao lado do outro para ver os outros pularem. Como esperado, todos ficam bem. Mas quando Percy vai pular pela terceira vez, ele emerge segurando a perna e sangue sai entre os seus dedos. Todos vão em sua direção para ajudar. Acontece que ele bateu de raspão em uma pedra, mas por causa da altura o machucado foi feio.
Nos revezamos para ajudar ele a voltar para o acampamento pela trilha, e inventamos uma desculpa esfarrapada para a enfermeira.

A noite nos reunimos em volta da fogueira, uma atividade permitida, e comemos marshmallow enquanto Percy narra o acontecido para quem não foi.
- E a ideia foi desse emo (ele diz apontando para o Nico)
- Eu não levo ninguém pro mal caminho só convido, a pessoa vai se quiser( ele rebate dando de ombros)
- Vocês são muito idiotas ( Annabeth ralha)
- Não acredito que vocês vão na onda do Nico! Esse tempo todo e não viram que ele é doido? ( Reyna nega rindo)
- Nem vem, porque se você estivesse lá também iria ( Jason rebate)
- E o pior é que quando eu me ferrei ele nem estava pulando.
- Eu tenho um raio de sol para me prevenir do perigo ( ele diz me olhando e posso sentir meu rosto esquentar)
- Alguém tem que te salvar ( digo dando um soquinho no seu ombro)
  O sábado terminou de forma agradável, menos para um certo filho de Poseidon. Mas quando deitei minha cabeça no travesseiro, as palavras do moreno voltavam à minha memória.
O domingo foi mais calmo, porém como encontrei ele não poderia ser melhor. Me pergunto, quando vou encontrar o momento ou receber o sinal certo para dizer como me sinto, um simples interesse se tornou todo o sentido de eu estar nesse acampamento.