Izuna abriu os olhos com muita preguiça. Fazia muito tempo que não descansava tão bem.

Ainda um tanto confuso, ele suspirou e coçou os olhos levemente inchados de tanto dormir. Sua visão borrada foi ficando nítida aos poucos e logo pôde ver com precisão a face de seu irmão mais velho, que tinha os olhos brilhando enquanto sorria emotivo para si.

Seus olhos se arregalaram quando lembrou de tudo, ou quase tudo. O pouco que fazia sentido, era sua mãe o deixando naquele porão sozinho por uma semana, sem nem ir o ver para mais torturas, que duraram mais dias do que ele poderia contar. Algo como ela ter que ir urgentemente resolver o problema de uma das cargas pegas pela polícia. Nisso, ele ficou lá, acorrentado, na sujeira, sem água, sem poder abaixar os braços ou sequer se mover muito.

Então a porta foi aberta com força e seu irmão estava ali, segurando seu rosto. Do mesmo jeito carinhoso que ele o segurava agora, fazendo carinho em suas bochechas magras.

Izuna soluçou todo emotivo, se jogando para frente para abraçar Madara com força pelo pescoço. O mais velho riu baixinho, o esmagando de volta pela cintura. Eles ficaram em silêncio por um bom tempo, deixando Izuna chorar aliviado enquanto Madara tentava se acostumar com a ideia que ele finalmente estava em seus braços.

Uma gritaria no andar de baixo fez ambos se afastarem para olhar para a porta fechada. A voz de Minato irritada soava por baixo das risadas histéricas de Indra e Tobirama, com a voz repreendedora de Hashirama, mandando eles diminuírem o volume da algazarra.

Isso fez Madara sorrir genuinamente. Ele tinha demorado a se acostumar com o jeito desses caras, por sempre ter convivido com a alta classe da sociedade e a elegância e falta de humor eram essenciais. Mas não foi ruim, ele amava como Indra estava sempre sacaneando os amigos. Em como Minato sempre estava irritado por esse mesmo motivo. Como Tobirama estava sempre tentando manter o bom humor da casa e como Hashirama sempre estava ali, cuidando dele, tomando conta de cada mínimo detalhe.

Não foi difícil se apegar a eles, ainda mais devido a tudo o que passou. Tobirama realmente se tornou seu melhor amigo quando fez o que fez, continuando a ser seu suporte por todos aqueles dias que se seguiram. Ele confiava plenamente nele.

- Que tal tomar um banho, para descemos depois? - Ele quis saber, voltando a olhar para Izuna e o vendo o analisando. - O que foi?

- Nada, só... - Ele suspirou, se encolhendo um pouco. - Parece que você gosta mesmo deles.

- Eu gosto. - Foi sincero, colocando a mão no queixo do caçula para voltarem a se olhar nos olhos. - Mas você é meu irmão. Você é minha prioridade, você é meu bem mais precioso. Entre o mundo e você, eu deixaria o mundo queimar.

Izuna sorriu timidamente, as bochechas finalmente ganhando uma cor saudável. Ele se jogou no irmão de novo, abraçando com força. O caçula fedia, como é de se esperar por mais de meses sem tomar um bom banho ou escovar direito os dentes, mas o mais velho não o soltou em nenhum momento.

- Onde posso tomar banho? - Izuna de repente se tocou do seu mau cheiro, se afastando depressa e fazendo Madara rir baixinho.

- Aqui. - Eles saíram da cama e Madara o mostrou o banheiro dentro da própria suíte. - Eles arrumaram suas coisas naquelas mochilas, mas se precisar de algo, é só me pedir.

- Certo, obrigado nii-san. - Ele sorriu sem mostrar os dentes e Madara suspirou contente por o ter por perto de novo.

- Vou te esperar para descer os juntos.

- Ok.

Izuna se trancou no banheiro e logo o barulho de água batendo no chão foi escutado. Madara se sentou na cama de novo, respirando fundo. Ele precisava colocar a cabeça em ordem para saber como agir dali para frente, mas tudo o que aconteceu estava embaralhado em seu cérebro congestionado.

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