Capítulo 11

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Octavia

  Mordi o meu sanduíche com tanta força que se ele pudesse falar, gritaria. Kaden na escola por uma semana, que maravilha, o que ele queria afinal?
   Bom, eu tinha duas opções plausíveis:
   A) Tirar a minha paciência.
   B) O mesmo que A.
   Eu não conseguia imaginar outro motivo sem ser este pra ele estar aqui, a não ser que algum aluno ou professor estivesse envolvido em alguma merda pesada, mas não acho que ele mataria um adolescente. Já um professor... dependendo de qual eu até poderia ajudar.
   Senti o meu sangue esquentar quando vi Eleanor à minha esquerda, sentando no colo de Kaden. Quero dizer, cadê os responsáveis para impedir essa putaria? Tudo bem, acabei de acrescentar a letra C: Comer algumas adolescentes sem ser descoberto.
   Era um ótimo plano, não? Se fazer de bom samaritano para conseguir a confiança da diretora para aí sim, descolar algumas bocetas já que as adolescentes eram emocionadas.
Eu não precisava dessa merda.
   Pego minha bandeja praticamente cheia e saio de onde eu estava afim de ir para o outro lado do refeitório, aturar o Kaden já era difícil, junto com a Eleanor então, era insuportável.
   Quando passo pela mesa deles, sinto um pé em minha canela, o que me faz cair no chão despejando tudo o que havia na bandeja pra o alto, isso incluía o suco de uva na minha camiseta branca, droga, a mamãe me mataria, já era a terceira vez que mudava de camiseta desde o início do ano.
   — Que desajeitada. — Ouço a voz da Eleanor falando de cima. — Como você conseguiu cair desse jeito?
   Olho diretamente para ela, tinha certeza que minha cara estava péssima, já que o sorriso dela desapareceu na mesma hora.
   — Você colocou o pé para eu cair, imbecil.
   — Eu? Eu estava conversando. — Ela diz com um sorriso sarcástico nos lábios.
   Fico de joelhos e finalmente me levanto, tirando um pedaço de alface da minha manga.
   — Se não foi você, então foi ele. — Me aproximo de Kaden, que se mantinha embaixo dela.
   — Eu nem te conheço, por que faria isso? — Ele mente.
   Ok, essa doeu. Mas lembro de dizer na mensagem pra ele me esquecer de vez. Então não poderia cobrar nada.
   — Por que... — Chego mais perto ainda, nossos rostos quase colados. — você é o típico garoto que todos dizem que é foda, mas na verdade, só é louco para ter um pingo de atenção, mesmo que isso signifique ter que avacalhar com os outros.
Vejo sua expressão sorrateira mudar em segundos, ele definitivamente não estava contente com o que havia ouvido.
   — Não fale assim com o Kaden, você deveria respeitá-lo, ele é visita, se lembra? — Eleanor diz cacarejando nos meus ouvidos e eu reviro os olhos ainda olhando para Kaden, o que o faz apertar seu maxilar.
   Ah sim, me lembrei agora que se revirasse os olhos para ele, ele os arrancaria.
   — E você deveria deixar menos claro que quer dar pra ele. — A respondo e seus olhos azuis se arregalam em espanto. Fazendo todos da mesa silenciarem no mesmo instante. Vadia.
   Deixo a bandeja no chão junto com todo o resto e vou direto para o banheiro tentar tirar a mancha roxa da roupa, mas já sabendo que não funcionaria da maneira que eu esperava.
   No meio do caminho, penso que teria mais privacidade se fosse aos vestiários perto da quadra de basquete, então mudo o meu rumo e desço as escadas chegando rapidamente até eles. Ninguém estava lá. Perfeito.
   Tiro meu blazer e passo minha camiseta manchada pela cabeça depois de desatar o nó da gravata, meu sutiã branco completamente a mostra. Independente de quem tinha colocado o pé pra eu cair, iria pagar, eu detestava os dois mesmo.
   Despejo uma quantidade considerável de sabonete nas mãos e começo a esfregar a camiseta na pia, no começo pareceu funcionar, mas depois de esfregar muito, percebi que a macha só tinha aumentado, porém ficando num tom de rosa fraco. Puta merda. Será mesmo que eu teria que andar com a porra do blazer fechado o resto do dia?
   Kaden era como um ímã para problemas, sempre que eu chegava perto dele eu me ferrava, de todas as formas.
   Depois de uns trinta minutos ininterruptos, eu continuava ali, minhas mãos já estavam doloridas e nada acontecia, bufo batendo o pé no chão como uma criança fazendo birra.
   Imbecis.
   Assim que pego o blazer para colocar a porta se abre de supetão e se fecha rapidamente. Quando olho para ver quem é... Ah não.
   Cubro meu peito com o blazer imediatamente e sinto um rubor subir até os pelinhos do meu pescoço. Recuo dois passos e vejo a figura alta sorrir.
   — Posso saber por que você não está em aula, Srta. Torrance? — Kaden diz trancando a porta.
   Recuo mais alguns passos até bater as costas na parede gelada de cerâmica.
   — Você sabe por que, olha o que você fez!
   — Por mais tentador que tenha sido, quem te fez cair foi a Eleanor, mas não a culpo, você consegue ser bem irritante às vezes.
   — O que? Eu literalmente só estava caminhando. — Ele se aproxima mais.
   — Para você ver. — Ele chega perto e me encurrala com os braços, ficando perigosamente perto do meu rosto.
   Aperto o casaco com mais força sobre o meu peito e ele percebe isso, fazendo-o se afastar um pouco, e quando acho que ele vai me deixar paz, o vejo deslizar o moletom para cima, deixando todo o seu abdômen a mostra, e involuntariamente acabo mordendo os lábios.
   — Assim você se sente mais à vontade? — Ele pergunta colocando um braço de cada lado da minha cabeça novamente.
   — Não. — O respondo ríspida. — Afinal, o que você quer?
   — Quero fazer você revirar os olhos com vontade.

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