giorno-moretti - crisnata

1 - a manhã seguinte

— POV: Cristal

     Acordo com uma dor de cabeça forte, completamente desorientada. As cortinas não estão bem fechadas então o sol está invadindo o quarto. Sento na beira da cama, tentando me preparar para levantar e fecha-las, quando percebo que não estou vestindo nada.

     Isso é... estranho. Eu não sou do tipo de pessoa que dorme completamente sem roupa, ainda mais... cazzo, esse quarto não é só meu. Me viro e vejo Renata deitada. Ela está coberta pelo lençol, mas ainda consigo ver seus ombros e a parte de cima de suas costas expostas. Duvido que ela esteja usando algo na parte de baixo.

     Tudo bem, tudo bem. Não é como se nunca tivesse acontecido. Não é bem o que eu planejava mas... agora que as memórias estão surgindo aos poucos... foi uma noite muito boa. Não me recordo de tudo que aconteceu, mas lembro de estar com a maioria das meninas em um cassino, virando mais e mais shots, até que estou aqui no quarto com a Renata. Ah, eu sou uma mulher solteira. Se eu já fazia isso antes do divórcio, imagina agora.

     Sinto um movimento na cama e vejo Renata acordar desnorteada. Volto para o meu lado da cama e me cubro. Não é nada que ela não tenha visto - na verdade, viu ontem mesmo - mas não preciso ficar me exibindo.

- Buongiorno — Eu falo enquanto Renata esfrega oa olhos.

- Bom dia — Ela fala — Que ressaca, meu Deus.

     Concordo com ela e massageio as laterais da cabeça. Tento agir com naturalidade, tentando não dar motivos para Renata me provocar demais.

Me inclino pra pegar meu celular na mesa de cabeceira e vejo que as meninas mandaram várias fotos da noite passada no nosso grupo, além de algumas mensagens que foram claramente enviadas quando elas já não estavam sóbrias.

- Cri, tem remédio aí? — Renata pergunta.

- Acho que sim, espera — Eu falo e me viro de volta para a mesa, procurando o meu "kit ressaca."

     Quando estou com uma cartela na mão, percebo que ainda estou com os anéis que estava usando ontem. Estranho eu não ter tirado. Entrego o remédio para Renata e vou tirando os anéis, sentindo desconforto pela quantidade de horas que fiquei usando-os. É aí que eu vejo um anel que não reconheço.

     Exatamente no dedo anelar, está um anel fino e brilhante. O que é isso nele, pequenos diamantes? Tiro o anel e observo com atenção, tentando lembrar de onde aquilo saiu. Estou prestes a perguntar se Renata sabe de algo quando ela fala meu nome.

     Renata está com uma expressão séria, segurando um anel exatamente igual ao meu.

- Sabe de onde veio isso? — Eu pergunto, deixando o anel na mesa e pegando de volta a cartela de remédios para tomar logo dois.

- Eu... não tenho certeza — Renata fala, hesitante.

- Tem algum palpite? — Eu pressiono. Sinto que ela sabe de algo, mas não quer dizer — Renata?

- Eu posso estar imaginando coisas, mas isso não parece uma aliança? — Renata pergunta.

     Puxo sua mão para olhar o anel. De fato, poderia ser uma aliança. Uma muito linda, inclusive. Mas... não. Não tem como ser uma aliança.

- Pode ser só um anel bonito, tinha uma joalheria perto do cassino que a gente tava — Eu falo.

     Renata balança a cabeça, confusa. Ela se levanta e pega uma camiseta rosa e um short qualquer da sua mala antes de começar a revirar o quarto.

- O que você tá fazendo? — Eu pergunto.

- Procurando pistas.

     Pistas. É, talvez tenha um recibo dos anéis em algum lugar. Mas não sei se eu quero devolver, é realmente bem bonito. É estranho que Renata tenha um igual, ainda mais quando eles parecem muito com alianças... mas eu posso ignorar essa parte, certo? Talvez eu possa forçar ela a devolver o dela para que eu possa usar o meu sozinha.
    
- Cristal — Renata me chama.

     Olho para Renata, que está segurando um conjunto de papéis em uma mão. Na outra, uma  grande faixa branca com algo escrito.

- O que é isso? — Eu pergunto enquanto ela se aproxima e me entrega os papéis.

- Os nossos papéis de casamento. Documentos, registros, essa porra toda — Renata fala, nervosa.

- O que... — Eu começo a perguntar mas paro quando as lembranças me atingem com tudo.

     Os detalhes são vagos, mas consigo ver claramente eu e Renata entrando em uma capela, solicitando um casamento. Vejo nós duas comprando alianças combinando, Renata colocando um véu branco na minha cabeça antes de me beijar.

     Baixo a cabeça pra os papéis, dando uma olhada por cima. São oficiais, não tem para onde correr. Isso é a coisa mais clichê do mundo, coisa de filme de comédia romântica americana. Na verdade, tenho quase certeza que já vi isso acontecer em uma sitcom.

     De qualquer forma, sendo algo de filme ou não, agora está acontecendo na realidade. Comigo. Como várias outras pessoas bêbadas em uma cidade famosa por fazer todos cometerem loucuras, eu e Renata cometemos uma das mais impensáveis.

     Volto minha atenção para Renata, que parece estar tão desesperada quanto eu. Ela estende a faixa que está segurando, dando um sorriso nervoso. "Récem casados" é a tradução do que está escrito. Merda.

     Eu e Renata estamos casadas.

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OBSERVAÇÕES

     Olha quem voltou! Não consegui esperar muito. Sendo sincera, logo que acabei de escrever "Minha Preferida" já estava escrevendo essa, mas achei melhor lançar a shortfic de crisnata e cecilena primeiro. Enfim, a ideia já estava na minha cabeça a muito tempo.

     Vi em uma série que eu gosto muito que é incrivelmente comum que as pessoas acabem casando em Las Vegas e pensei... por que não?

     Enfim, espero que a ideia não seja tão ruim e que vocês gostem da história! Não esqueçam de sempre votar e comentar caso estiverem gostando, me incentiva muito 🫶

Obs: Cecilenas, haverão mimos para vocês nessa fanfic. Mas esperem mais um pouquinho porque em breve estarei escrevendo algo exclusivo para vocês.