giorno-moretti - crisnata

3 - o que acontece em vegas, fica em vegas

— POV: Renata

Hoje minha ressaca não está tão pesada quanto ontem, então considero uma vitória. O que mais me dei dor de cabeça foi a Cristal brigando com quase todo mundo por estarem enrolando no aeroporto. Com quase 30 meninas, é impossível andar alguns metros sem perder uma duplinha.

Depois que achamos Cecília - que havia se perdido pela terceira vez -, conseguimos embarcar. Convenci Cristal a me deixar sentar do lado dela com o argumento de que as meninas estranhariam se não fossemos juntas como já estava planejado. Se bem que eu sinto que ela queria ficar comigo de qualquer jeito, só não quer admitir.

     No avião, aproveito que as meninas que estão perto de nós estão dormindo para provocar Cristal.

- Não tá usando sua aliança por que, linda? — Eu pergunto, pegando na sua mão.

- Nem começa — Cristal fala com um tom sério, mas consigo ver um pequeno sorriso se formando.

- Você viu quanto elas custaram? O mínimo seria usar...

- Vaffanculo, Renata.

- Você sabe que eu entendo a maioria dos palavrões, né?

- É pra entender mesmo — Cristal sorri antes de colocar uma máscara sobre os olhos.

     Ela não afasta sua mão da minha. Observo as duas juntas, a minha com aliança e a dela sem. Como alguém que não tem medo do perigo, tento a sorte mais uma vez.

- Acho que sua mão ficaria linda com um anelzinho nesse dedo aqui.

- Melhor você dormir antes que eu faça algo contra você, Renata — Cristal fala, sem se mexer.

     Eu rio e aperto sua mão, esperando que ela se mova. Mas isso não acontece. Decido não falar mais nada, aproveitando que Cristal está milagrosamente aceitando contato físico.

     Quando estamos de volta na cidade, a maioria de nós está esgotada e parte direto para suas casas. Cristal até deixa que algumas recrutas durmam no Hell Hotel sem ficar questionando sobre suas intenções.

Não tenho muitas memórias da nossa chegada, só lembro de largar as malas no chão e dormir logo que deito na cama. Agora, acordada, percebo que estou sozinha no quarto. Mando mensagem para Cristal e uso minhas forças restantes para me arrumar e voltar à rotina de trabalho.

Já quase pronta, através da janela vejo Cristal conversando com uma figura de azul. Tex. Tudo bem, tudo bem. Eu já prometi que não iria implicar com os peguetes de Cristal, já basta quando eu sequestrei ele uns tempos atrás.

Bem, na época em que fizemos esse acordo eu e Cristal havíamos concordado em ser melhores amigas novamente, sem joguinhos e sem ciúmes. Acabou que em menos de um mês já havíamos nos beijado novamente, mas tem sido bem menos frequente em relação ao que era antes e sem brigas, então acho que evoluímos.

Mas isso não significa que eu não me incomodo quando Cristal fica flertando com outras pessoa, ainda mais alguém fixo. Obviamente ela e Tex não tem nada sério, apenas se pegam vez por outra. Porém, me irrita.

Penso em esperar ele ir embora antes de sair do quarto, mas realmente tenho trabalho para resolver na garagem então não dá para ficar trancada aqui.

- Opa! E aí, Renata — Tex me cumprimenta quando eu saio do quarto e eu respondo com a mesma frase.

- Já vai trabalhar? — Cristal pergunta.

- Alguém tem que fazer isso né — Eu provoco enquanto ando até o meu carro.

- Muito engraçado, Reneita — Cristal fala depois de dar uma risada irônica — Te encontro lá daqui a pouco.

Depois que ela volta a conversar com Tex, dou a partida no carro. Ver eles dois se beijando é demais pra mim, já estou engolindo seco o suficiente ao ficar quieta quando eles conversam.

Antes que eu comece a dirigir, vejo Cristal se aproximando. Ela se apoia na porta do motorista e olha discretamente para Tex antes de falar.

- Lembra que a gente tem que manter segredo, tá? Não é hora pra ser boca de sacola.

- Achei que a gente se beijar não era mais segredo. As meninas sabem que a gente se pegou no último Paredão da Furiosa e-

- Não é sobre a gente se pegar, Renata — Cristal me interrompe e aponta para a minha mão que está apoiada no volante — É sobre isso aí.

Baixo meu olhar para a minha mão e vejo aquele objeto brilhante. Ah, claro. Havia esquecido desse pequeno detalhe.

- É... tem isso — Eu falo, olhando de volta para ela — Relaxa, Cri. Ninguém precisa saber.

- Você nem devia estar usando essa coisa.

- É bonito, não acha? — Eu falo e Cristal balança a cabeça, sorrindo.

- Você é impossível — Ela fala — Depois a gente conversa.

Nos despedimos e ela se afasta do carro, andando de volta até o Tex, que está com uma expressão curiosa no rosto. Consigo ouvir Cristal inventando uma desculpa qualquer sobre trabalho quando passo ao lado deles, saindo do hotel.

Mais uma vez, ela não falou diretamente sobre o nosso... problema. Não sei se esse "depois a gente conversa" é sobre isso ou só porque ela vai pra a Garagem depois e vamos conversar sobre assuntos variados.

     Entendo ela não querer que ninguém saiba porque, bem, como explicar que eu e ela casamos em Las Vegas? É engraçado, com certeza, mas acho que Cristal tem outras opniões a respeito. É melhor que isso seja um segredo, pelo menos por enquanto. É como dizem, "o que acontece em Vegas, fica em Vegas." Lembro de ver essa frase em alguns filmes.

     Em algum momento sei que vamos ter que resolver toda essa situação mas, por enquanto, fico feliz que ainda estamos bem. Casadas, eu acho, mas bem.

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OBSERVAÇÕES

     E aqui estão Cristal Giorno e Renata Moretti, guardando um segredo novamente. Por quanto tempo vai durar dessa vez?

     Antes de passarem, tenho um anúncio importante: cecilenas, essa é pra vocês:

     É isso mesmo, a fanfic cecilena chegou! O primeiro capítulo já foi publicado, então podem ir lá conferir. Irei fazer o seguinte cronograma: um dia Giorno-Moretti, um dia Não Vou Namorar (exceto por dias em que, por algum motivo, eu não consiga postar).

     Sobre a nova fanfic, será de cecilena com algumas migalhas de crisnata (estabilizadas!), em um universo em que a regra foi retirada. Espero que gostem das duas!