— POV: Cristal
Respiro fundo quando estaciono meu carro atrás do de Tex na praça. Pensei que aqui seria um lugar bom para conversar, com as árvores e enfim. Melhor do que ir para a base dele ou a Garagem.
É estranho pensar que um aleatório que eu fiquei em um baile de favela tenha se tornado um ficante fixo, mas ele tem seus dotes.
Vejo ele me esperando sentado em um banco, se levantando logo que me vê.
- Oi, lindo — Eu falo e sigo andando — Vamos ali.
Ele anda ao meu lado até chegarmos no centro da praça. Me apoio em uma pequena cerca de metal e tento conversar como sempre fazemos. Pergunto como as coisas estão na família dele, o que ele espera do próximo leilão, o que ele achou da festa que teve no Vanilla enquanto ele estava fora...
Porém, quando ele pergunta de detalhes da viagem, sinto meu coração acelerar. Eu sei mentir muito bem, e é isso que eu faço: falo brevemente sobre os cassinos, conto momentos engraçados das meninas, qualquer coisa que não seja a noite em que eu e Renata acabamos em uma capela.
Dito isso, eu sei mentir e poderia facilmente sair dessa sem nenhum problema. Eu continuaria ficando com o Tex como se nada tivesse acontecido. Só que... acho que não é isso que eu quero.
O Tex é ótimo. Ele é atencioso comigo, beija bem, se esforça para continuarmos saindo... mas no ritmo em que estamos, viraríamos algo sério em breve. Eu não quero algo sério com o Tex. Eu não quero algo sério com ninguém, na verdade. Só sei que é melhor cortar isso logo, antes que ele desenvolva sentimentos mais fortes.
- Olha, Tex... eu gosto muito do que a gente tem, de verdade. Só que... sabe... — Eu tento pensar nas melhores palavras para acabar com isso.
O que eu falo? Nós não namoramos, nem sequer ficamos sério. Oi, Tex, vamos acabar com nosso acordo de pegação ocasional?
- Você não quer mais ficar comigo, é isso? Não precisa ficar elaborando demais — Ele ri, apesar de parecer um pouco chateado.
- Desculpa, é que eu acho que é melhor assim.
- Eu entendo — Ele assente — Mas eu não fiz nada errado né? Se eu fiz alguma merda pode me falar.
- Não, Tex. Não é sobre você... é só... sei lá.
- Entendi — Ele ri de novo — Bem, ainda pode contar comigo se precisar, beleza?
- Eu sei. Você também — Eu sorrio e aperto sua mão, aceitando o abraço que ele oferece.
Quando ele começa a falar algo no seu rádio, vou até o meu carro e dirijo em direção à mecânica. Me sinto mais leve agora, finalmente sem esse peso sobre as costas. Foi bom enquanto durou, mas é melhor assim.
Eu já queria acabar com isso antes da viagem, tanto que em nenhum dia pensei no Tex. Agora, depois do que aconteceu, terminar com ele era quase uma necessidade.
Chegando na Braba, fico feliz por ver ela movimentada - o que não acontece sempre. Dou uma olhada para procurar minhas meninas e vejo Malu e Melina conversando com dois mecânicos, do outro lado, Kali e Nalla estão direcionando um cliente para a parte de dentro. Estou prestes a segui-las para inspecionar o trabalho quando vejo Renata conversando com uma mulher.
Nós prometemos que não iriamos nos meter nos rolos uma das outras no dia em que concordamos em tirar a regra, mas eu só estou indo conhecer a possível peguete da minha melhor amiga, certo? Não tem nenhuma maldade nisso.
Estaciono meu carro ao lado do de Renata e vejo ela cruzar os braços enquanto eu me aproximo.
- Oi, Renata. Oi...? — Eu faço menção para que a mulher complete a frase.
- Charlotte — Ela fala, sorrindo.
- Ah, então você é a Charlotte — Eu falo e forço um sorriso, olhando de relance para Renata — Muito prazer tá? Cristal.
- É, eu ouvi falar de você.
- Ouviu né? — Eu falo com certo orgulho — Vou lá falar com as meninas, depois me liga tá, Renata?
- Eu já tô de saída, na verdade. Te vejo depois, viu? — Charlotte fala com a mão no ombro de Renata e depois anda até a garagem para pegar seu carro.
Me encosto no carro de Renata, logo ao seu lado. Escuto ela rir pelo nariz e me viro para olha-la.
- O que foi? — Eu pergunto.
- Esse ciuminho aí — Ela fala com um sorriso convencido.
- Ah, por favor né? Olha pra mim e pergunta se eu vou ter ciúmes daquela lá.
- Não fala assim dela, vai. Mas fica tranquila porque você não precisa ficar com ciúmes, afinal, nós estamos casadas — Renata fala e eu deixo uma risada genuína escapar.
- Para com isso — Eu falo — Você sabe que pode ficar com quem quiser, eu não me importo.
- Ah é? — Ela questiona, como se estivesse duvidando da afirmação.
- É claro, assim como eu também posso.
- É, você tava agora mesmo com aquele Tex né — Renata fala, um pouco emburrada.
- É, tava.
- Hum — Renata assente e em seguida tenta mudar de assunto.
Eu acompanho o raciocínio de Renata, optando por deixar a informação do meu "término" com o Tex para mais tarde. Não é da conta dela, de qualquer forma. Se o assunto vier à tona, eu digo que cansei dele e pronto. Nada demais.
Observo o carro de Charlotte saindo da mecânica. Já faz um tempo que Renata anda ficando com essa mulher. Bem, é melhor do que se ela ficar atrás das mecânicas. Acho ela um pouco sem sal, mas Renata nunca teve bom gosto para mulher - exceto por mim. E nem para homem também, para ser sincera.
Pode ser que eu me incomode um pouco quando vejo Renata flertando com um monte de mulheres, mas não é ciúme. Nós ficamos de vez em quando e é isso. Agora com menos burocracia do que antes, as coisas se tornaram mais simples, mas isso não significa que algo vá acontecer entre a gente.
Tirando um casamento. Mas um casamento acidental, é importante ressaltar. Dai! Isso ainda vai me trazer muitos problemas.
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OBSERVAÇÕESÉ claro que o fato da Cristal ter acabado as coisas com o Tex não tem nada a ver com a Renata, certo?
Sobre o rp de ontem, não sei nem o que dizer. Vou sentir muita falta da nossa princesinha do crime :(
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giorno-moretti - crisnata
FanfictionOnde após finalmente assinar os papéis do divórcio com o Teddy, Cristal decide comemorar o fato de estar oficialmente solteira levando todas as Hells Angels para Las Vegas. O problema é que, após muitas bebidas, Cristal e Renata cometem uma loucura...