Capitulo 5

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Ben

— Bernardo... — Sr. Luiz bate no meu tênis.

Estou embaixo do carro, terminando de soldar o escapamento, mas sei que soldar não vai adiantar; precisa trocar a peça.

— Já estou saindo — digo, enquanto me arrasto para fora do carro e me levanto, limpando as mãos em um pano.

— Cara, já te disse que soldar não vai adiantar — Sr. Luiz insiste.

Luiz Antônio Santos, conhecido como Sr. Luiz, ou o velho mais fofoqueiro que eu já conheci. Estava no meu primeiro ano de faculdade e ouvi um rapaz comentando que o senhor que mexia no carro dele estava muito velho e deixando a desejar. Pedi desculpas por estar prestando atenção na conversa deles e perguntei onde ficava a oficina. O rapaz, muito gente boa, disse que me levaria até lá. Quando chegamos, ele me apresentou a um senhor forte, de cabelos grisalhos. Ele não era tão velho quanto eu imaginava.

Perguntei se ele estava contratando, e ele disse que não. Mas acabou me convidando para tomar um café no fundo da oficina. Fiquei bastante surpreso com a organização e a limpeza da oficina. Conversamos por um bom tempo, e ele me perguntou o que eu sabia fazer. Expliquei que já tinha trabalhado em uma oficina e sabia fazer muitas coisas. O velho ficou um tempo me analisando, com uma mão na barba.

— Olha, Bernardo, eu não ia contratar ninguém, mas vou te dar uma chance. Minha mulher está há meses brigando comigo para arrumar um ajudante. Estou com problema na coluna e não estou podendo entrar embaixo dos carros.

Ele me avaliou e comecei a trabalhar nos períodos em que não estava nas aulas.

Já fazem seis anos que trabalho com ele na oficina. Não é o meu emprego favorito, mas ajuda a complementar a renda. E também não consigo deixar o velho sozinho. Ele não anda muito bem de saúde e se recusa a largar a oficina.

— Mas ela não quer trocar o escapamento, então não posso fazer nada — respondo, colocando o pano no bolso de trás. — Está claro para mim que ela furou essa merda. Quem, em sã consciência, estraga algo assim? É claramente um furo feito com algo cortante, faca ou alguma ferramenta.

— Essa mulher está atrás de você, garoto — o velho fala rindo.

— Ela está perdendo tempo e dinheiro — murmuro, irritado.

Seu Luiz cai na risada.

— Você precisa sair, Bernardo, ter uma vida faz bem — responde coçando o queixo, pensativo. Lá vamos nós mais uma vez.

— Eu saio...

— Sai nada — ele me interrompe irritado. — Quando não está dando aula, está nesta oficina — fala com a sobrancelha levantada.

— Não tenho paciência para essas coisas, Luiz. As aulas já vão começar e vou ficar bastante ocupado — falo, encerrando a conversa.

— Tudo bem, mudando de assunto, a Maria pediu para te chamar...

Ele interrompe a fala e olha para trás.

— Hum, sua cliente chegou. — Ele dá um discreto sorriso e sai de perto. Passo a mão no cabelo, bem irritado.

Sem paciência pra essa merda.

— Oi, Ben — ela diz, sorrindo para mim.

— Carla, é Bernardo, já conversamos sobre isso — falo, mais irritado.

Ela faz um bico, e eu me viro em direção ao seu carro. Sem paciência nenhuma pra essa ladainha.

— Carla, eu fiz a solda, mas como disse antes, esse escapamento precisa ser trocado. Para escapamentos com pequenos danos, um remendo pode ser suficiente temporariamente. No entanto, para danos maiores, que é o seu caso, a substituição da peça pode ser a melhor opção...

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⏰ Última atualização: Jun 15 ⏰

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