𝗥𝗜𝗩𝗔𝗜𝗦 𝗡𝗢 𝗢𝗡, 𝗔𝗠𝗔𝗡𝗧𝗘𝗦 𝗡𝗢 𝗢𝗙𝗙

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Sendo filho de pais agricultores que mal sabiam tocar violão e cantar, não sei dizer exatamente de onde surgiu minha paixão pela música. Lembro-me de chegar em casa após um dia inteiro no colégio, olhar para meus pais e declarar que queria ser músico quando crescesse. Eles não zombaram do meu sonho, tampouco me disseram que eu não seria capaz. Apenas sorriram e prometeram me apoiar. Naquele mesmo ano, eles me matricularam em uma escolinha de música, onde aprendi tudo o que sei até hoje. Meu professor foi meu principal incentivador, sempre dizendo que eu tinha um talento único e que com certeza faria sucesso. Passei bons anos com ele e com outras crianças que, assim como eu, sonhavam alto.

Quando concluí o ensino médio, surgiu uma oportunidade na capital. Inicialmente, recusei a ideia de ir; não queria deixar meus pais para trás. Eles já não eram tão jovens e só tinham a mim como filho. Mas foram eles que insistiram para que eu seguisse meu sonho, garantindo que ficariam bem e que eu deveria ganhar muito dinheiro para sustentá-los quando a velhice chegasse. Por mim, mas principalmente por eles, embarquei para Bangkok com nada além de uma mala e alguns trocados arrecadados com uma rifa.

Os primeiros meses vivendo sozinho foram terríveis, para dizer o mínimo. Felizmente, eu me preparei mentalmente para os muitos "nãos" que provavelmente receberia até alcançar o tão almejado sucesso profissional.

Dois anos se passaram, e nada havia de fato mudado. Eu cantava em alguns bares para conseguir me manter na cidade, mas a saudade de casa estava cada vez mais forte e eu planejava voltar; sabia que meus pais me aceitariam de braços abertos. No entanto, naquela mesma semana, um produtor que estava no bar gostou da minha música e me fez uma proposta. Não tinha nada a perder, então, dando uma última chance ao meu sonho, embarquei de cabeça na oportunidade. Em questão de meses, assinei um contrato com uma pequena gravadora, o primeiro passo para realizar meu sonho. Naquele mesmo ano, lancei minha primeira música; não fez tanto sucesso quanto esperado, mas nem eu nem o produtor desistimos. Quando minha segunda faixa foi lançada, alcançou as paradas de todo o país e as pessoas começaram a perguntar quem era a voz por trás daquela canção. Aproveitando esse sucesso temporário, lancei-me oficialmente na indústria. Todos aqueles anos de trabalho árduo estavam enfim dando frutos.

Enviei boa parte do dinheiro que ganhei para meus pais e, com o restante, dei entrada no meu apartamento. O sentimento de finalmente poder retribuir todo o apoio que meus pais me deram foi indescritível.

Entrei em uma pequena turnê com outros artistas que também estavam começando na indústria e, depois disso, meu nome foi oficialmente consagrado. Fãs surgiram de todos os lados, entrevistas e viagens se multiplicaram, e meses turbulentos se passaram enquanto eu tentava cumprir todos os compromissos que me eram dados.

Estava tudo indo bem até que um novo rosto foi lançado na indústria. Ele foi descoberto enquanto gravava covers nas redes sociais e, em questão de semanas, seu rosto estava estampado em telões por toda a cidade. Sua música passava a toda hora nas rádios e o número de seguidores triplicou rapidamente. Esse garoto, que ainda não tinha chegado à maioridade, conseguiu alcançar em meses o que eu precisei batalhar arduamente por anos. Instigado, quis saber mais sobre ele; afinal, o garoto tinha um rosto angelical e uma voz igualmente bela. Quando escutei sua música, entendi o porquê de todo o sucesso: ele realmente tinha talento. Pensei em propor uma parceria, pois nossas vozes pareciam se harmonizar bem. Tinha algumas composições guardadas e gostaria de compartilhá-las com alguém.