Amor de outro mundo

Capítulo 15: Incapaz de Resistir

Meu primeiro amor aconteceu quando eu tinha vinte anos.

"Klao, devo te dizer mais uma vez que..."

"..."

"Eu te amo."

Sua declaração me fez sentir uma mistura de alegria e confusão. Deixei-me ficar preso em seu abraço caloroso, minhas bochechas esquentando. Não sei como eu estava naquela momento, mas minhas bochechas estavam definitivamente mais vermelhas que camarão cozido. Mesmo a brisa fresca que passava não conseguiu reduzir o calor que envolvia meu corpo.

"E você? Você também me ama?" A voz profunda de P'Phop ecoou em meus ouvidos; ele parecia estar implorando. Ele esfregou o nariz em toda minha bochecha, recusando-se a me deixar ir facilmente. Fiquei envergonhado, e sua pergunta conseguiu me trazer de volta à realidade, meu batimento cardíaco frenético desacelerou.

"P'Phop, me solte", eu disse, lentamente recuperei a consciência e gentilmente me libertei de seu aperto. Ele parou, com os olhos turvos de confusão, enquanto me observava respirar fundo.
Aquele doce momento foi apenas uma ilusão que me permiti desfrutar, mas não vou me permitir fazer isso de novo. O mundo real não é doce. Se eu retribuísse seus sentimentos, sabia que não enfrentaríamos nada além de dor e tristeza no futuro. Decidi que era melhor encarar meus verdadeiros sentimentos e acabar com isso agora.

"Obrigado por compartilhar seus sentimentos comigo, P'Phop, mas eu... eu não posso aceitar seu carinho", eu disse. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, exceto pelo suave farfalhar do vento.

Testemunhei choque, confusão e descrença misturados nos olhos de P'Phop. Mas tenho que permanecer forte, esconder minhas emoções. P'Phop é um cara muito perspicaz, então não posso fazer nada de errado ou ele vai me pegar.

"Quer dizer que você não sente o mesmo que eu, Klao?" ele perguntou, incrédulo.

"Por favor, sinto muito, P'Phop."

"Não acredito em você, Klao", respondeu ele. A resposta era esperada.

"Só estou dizendo a verdade."

"Mas o que observei até agora também é verdade", respondeu ele. Seu olhar determinado fez meu coração afundar, e eu sabia muito bem que ele não desistiria tão facilmente.

"Quando estamos juntos, você está sempre nervoso. Seu rosto sempre fica vermelho quando estamos próximos. Isso não é incomum para irmãos? Quando eu te beijei, você me beijou de volta. Se você realmente não sentiu nada , você não teria me afastado desde o começo?"

"Eu estava apenas confuso. Agora percebo que não pensava em você nada mais do que um irmão", eu disse, minha voz inflexível. Ele ficou em silêncio, sua expressão inescrutável.

"Você não está dizendo a verdade, Klao."

"Você acredita no que você pensa ser a verdade, mas esta é a minha verdade, P'Phop. Eu ainda quero que mantenhamos nosso relacionamento como irmãos, então, por favor, não torne as coisas difíceis para mim."

Um silêncio constrangedor encheu o ar, tornando difícil respirar. Incapaz de aguentar mais, me virei e corri em direção à casa. Ele não fez nenhum som, nem me seguiu, e eu não tinha certeza se deveria me sentir aliviado ou triste por ele não ter feito isso.

"Ah, você voltou, Klao. Já comeu?" Disse Khun Yin Prayong, que estava sentado no pavilhão, agitando um leque no rosto e sendo massageado pelos criados.

Murmurei, respondi sua pergunta e imediatamente me desculpei. Depois de me dar permissão, fui para o meu quarto, abafando o som de Chuay me chamando. Tranquei a porta e caí no chão, exausto e oprimido. Duas pessoas, combinadas em todos os sentidos. A história terá um final feliz, mas não no nosso caso.

Estou destinado a deixar este mundo. O pior é que eu poderia ficar aqui para sempre, mas como outra pessoa. Eu, Nakhun, nem existo neste mundo. Nem sei quando o verdadeiro Klao retornará. Além disso, posso ter certeza de que P'Phop me ama e não Klao, que ele conhece desde criança? A ideia de P'Phop saber a verdade, de que não sou o irmão que ele ama, é o suficiente para me deixar doente de medo.

Nosso relacionamento se desenvolveu na hora errada, sem ninguém para apoiá-lo. O amor sozinho não pode superar todos os obstáculos. Portanto, é melhor que isso acabe imediatamente.

A sensação daquele beijo ficará gravada para sempre na minha memória. Porém, em vez de trazer felicidade, na verdade me fez sofrer muito. Foi uma experiência amarga e doce.
À medida que a noite avançava, enrolei-me e enterrei o rosto nos joelhos, cansado, a dura realidade começou a se instalar. Apesar de dizer a mim mesmo que tudo isso era melhor, lágrimas brotaram dos meus olhos e eu chorei, me abraçando daquele jeito. até de manhã cedo.

(Ponto de vista de Phop)

Eu estava preparado para aceitar sua rejeição de antemão, mas ouvir essas palavras com sua expressão encantadora ainda fez meu coração bater forte de dor.

Na manhã seguinte, no café da manhã, Klao não estava lá para comer comigo como de costume. O assento ao meu lado está vazio. Um criado lhe disse que estava com dor de cabeça e pediu para descansar em seu quarto. Mas eu sabia que ele estava apenas me evitando e, portanto, decidiu não tomar café da manhã comigo. Doeu mais do que eu esperava.

Os olhos do jovem Than Muen pousaram na porta fechada do quarto, passando a noite inteira sem dormir. Ele se lembrou da expressão nos olhos de Klao e não pôde deixar de pensar em como suas palavras frias entravam em conflito com os sentimentos em seu olhar. Se Klao empurrasse Phop quando ele estava prestes a beijá-lo, Phop definitivamente aceitaria o fato de que estava errado, mas não se podia negar que Klao sentia algo por ele. Portanto, Phop continua determinado a não desistir facilmente.

Se Klao não quiser enfrentá-lo, Phop esperará pacientemente até que ele esteja pronto para explicar a verdade sobre seus sentimentos. E só quando ele conseguir confirmar que a resposta de Klao ao beijo foi apenas um mero mal-entendido, ele está disposto a admitir que seu primeiro amor, e talvez seu único amor, também será seu primeiro desgosto.