11. Atelofobia; Medo da imperfeição de não ser suficientemente bom.

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Ficamos em silêncio, "Você não vai atender essa merda?" ele pergunta se afastando de mim, a vontade de gritar pra ele voltar perto de mim é tão grande, balanço a cabeça fazendo que sim, tiro o celular do bolso com medo de quem poderia ser a ligação, número desconhecido, desligo o celular e volto ele no meu bolso, ele continua ali parado esperando alguma coisa que não sei o que é, "Quem era?" Ele pergunta olhando pro chão, "Não sei, o número era desconhecido e não costumo atender quem eu não conheço" digo mentindo, apenas pra não causar outra briga, já estou cansando de tanta confusão, só quero ficar na paz por pelo menos uma semana se for possível. Respiro fundo e continuo olhando pra ele, hoje ele estava com um conjunto de moletom preto, e os cabelos bagunçados. "Vamos voltar pra sala, pessoal já deve estar achando estranho tudo isso!" Digo enquanto passo do lado dele abrindo a porta e indo pra sala, no mesmo momento vejo todo mundo encerrando o assunto e olhando pra mim e para o Felipe bem atrás de mim. "Morreu alguém aqui? porque o silêncio?" Pergunto irritada. "Nada minha querida, só ficamos assustados pela gritaria no quarto, pensei que ia rolar uns locautes entre vocês la dentro" e ele cai na gargalhada, "Não, isso dai é com a Nanda" Abro um sorriso e ela ainda está confusa. 

"Sim isso é comigo mesma" Ela diz rindo, "Acho que vocês já se conheceram e sabe o que aconteceu hoje mais cedo né? Agora quero saber o que aconteceu na praia!" Digo puxando uma cadeira e olhando pros meus amigos ocupando todos os lugares no sofá. "Você deveria ter ido, foi espetacular, tinha cada gatinho, estava um pouco frio mas deu pra aproveitar do mesmo jeito" A Mand diz e ouço o Lipe bufando atrás de mim, por um momento até esqueci que ele estava aqui e o amigo dele também. "Como foi a festa?"Jhow pergunta animado, e eu procuro um buraco pra me enfiar nesse momento, "Que festa?" Ouço o Felipe perguntar atrás de mim. "Na casa da Aline ontem" digo olhando pra trás irritada, "Hmm" ele diz "Foi bom" digo e eu encerro o assunto.
"Vocês vão querer ir com a gente comer?" O Ale pergunta e somos interrompidos pela campainha, acho que vou procurar outro apê, porque esse aqui ta virando festa já, penso comigo. Levanto e vou atender a porta "Oi", diz a Aline junto com o Andrey e a Catarina. Só era o que me faltava pra terminar de completar o constrangimento, "Tentamos te ligar mas nada de sucesso" o Andrey diz e sinto todos na minha sala querendo saber quem é e cochichando, "Querem entrar?" Pergunto abrindo a porta, eles vão direto pra minha sala e eu apresento todos, "É mais fácil pedir umas pizzas e ficar por aqui mesmo" Ouço a Nanda dizer olhando pro Andrey, eu concordo com a cabeça e volto a sentar na mesa, "Você vai ficar por aqui?" Pergunto quase sussurrando pro Lipe, "Sim, até esse povo ir embora, preciso falar com você sem eles aqui, só vou levar o Will lá embaixo e já volto",  "Ta bom" Eu falo por fim e vejo o Felipe e o Will levantando, "A onde vocês vão?" Pergunta a Mand e o Jhow no mesmo momento, "Só vou levar o Will la embaixo e já volto" O Felipe diz batendo a porta, e eu reviro os olhos, a Nanda se levanta do sofá e senta ao meu lado, o Jhow e o Ale estão rindo de alguma coisa, a Aline ta conversando com a Mand e a Catarina e o Andrey está em pé perto da porta da cozinha, "Não sabia que você tinha amigos tão bonitos" Amanda cochicha e eu abro um sorriso, "Pois é!" Admito, aposto que ela ficou interessada em alguém, penso comigo e vejo ela se levantar e ir na cozinha, "Pelo visto sua casa é sempre cheia de gente" Ouço o Andrey falar, "Sempre não! Mas ultimamente a galera está vindo bastante pra cá" Abro um sorriso e ele retribui, "Isso é um bom sinal de que você é bem querida, deu pra perceber isso na festa, atraiu bastante olhares!", começo a ficar corada, não lembro de muita coisa, mas sei que ele está exagerando, "Que exagero" Afirmo, "Não é não, pode ter certeza", não vejo a hora que o Felipe entrou em casa, mas sinto que ele está bem bravo, "Posso falar com você, Liliane?" , "Sim" digo, e peço licença pro Andrey, faço pra ele esperar só um minuto, "Gente liguem pra pizzaria porque estou morrendo de fome, vou com o Felipe comprar refrigerante, fiquem a vontade" digo abrindo a porta da rua esperando o Felipe me seguir. 

Quando chegamos na rua, sinto um fervor dentro de mim esperando que ele gritasse ou simplesmente falasse alguma coisa, mas ele não falou nada até chegar no mercado, pego um engradado de guaraná e vou pra fila do caixa, "Porque você não falou que ia na festa na casa da Aline?" ele me pergunta e eu levo um susto, sua expressão está vazia como se eu estivesse mentindo pra ele, "Não falei porque você nunca me fala nada e você ia sair com seus amigos, então tinha todo direito de sair também! ", "H-hmm, não sabia que você só tinha saído porque eu ia sair também", "Pois é, do mesmo jeito que eu ouvi você mentindo pra sua ex falando que estava na casa do seu amigo, sendo que você estava na minha casa, não tem o porque você ficar mentindo Felipe, se você fez isso com ela, você pode fazer isso comigo também" somos interrompidos pela mulher do caixa que fica sem graça quando percebe que estamos discutindo, eu termino de pagar e ele carrega o engradado. Saímos do mercado em silencio e ele percebe que eu estava certa. "Quem é aquele cara?", "É o Andrey, ele é amigo da Aline, ele estava na reunião da casa dela sábado", "Ah! E vocês se beijaram? " Ele pergunta e meu estomago se revira, "Não beijei ele, nem ninguém!" , Lembro da Aline, mas prefiro continuar quieta, estamos chegando na esquina do prédio. "Ufa, me desculpa por ser tão ogro as vezes!" ele abre um sorriso, "Quase sempre, né! E você fez o que no final de semana?" Eu pergunto entrando no prédio, "Absolutamente nada, fiquei na oficina, se eu ficasse em casa talvez a Gabi passaria la e eu não queria ver ninguém", eu respiro fundo e meu ciúmes está me corroendo, "Entendi, porque vocês terminaram?" Abro a porta do elevador, enquanto espero uma resposta, "Porque não gosto dela!" A vontade que eu tive era de agarrar ele ali mesmo, transar até esquecer de tudo que aconteceu, mas só concordei com  a cabeça.  "Não quero você de papinho com aquele cara longe de mim! Entendeu?" Ele me diz antes de entrar em casa, "E eu posso saber o porque? Não posso ter amigos?", "Claro que pode, mas aquele cara te olha de um jeito que parece que vai te comer, e eu não suporto isso", O olhar dele com ciúmes é a coisa mais linda que eu já vi, quando já estou quase abrindo a porta, ele me puxa e me da um beijo, fiquei sem reação apenas retribui, os lábios dele é tão macio, a mão dele já passa pelas minhas costas e agarra meu cabelo com força, nossa respiração já está rápida eu passo a mão pela nunca dele, segurando com força, não quero que ele me solte, mas a coisa está começando esquentar, ele para e segura meu rosto com as duas mãos. "Eu tenho medo de não ser suficientemente bom pra você, Liliane, eu tento ficar longe, mas é quase impossível", não espero ele terminar de falar e dou outro beijo nele, "Você é perfeito pra mim, Felipe". Entramos em casa e ele estava segurando na minha cintura, todos param de conversar. "Pensei que tinham ido fabricar o refrigerante" a Mand resmunga e nós dois mostramos o dedo do meio pra ela, vejo as caixas de pizza em cima da mesa e meu estomago faz barulho, eu coloco a mão em cima da minha barriga, "Pronto pra atacar!" Eu falo alto e todo mundo levanta, eu reparo que a minha amiga ta conversando com o Andrey e fico feliz por ela ta se dando bem com meus amigos, depois de meia hora está cada um jogado pra um canto de casa, prato e copos espalhados. Vejo o Ale ficar em pé, "Já que todas as pessoas que eu amo está aqui, não tem o porque eu esperar" ele tira um guardanapo do bolso e desembrulha tirando duas alianças, todo mundo arregala os olhos e eu abro um sorriso do tamanho do mundo, sinto o Felipe me puxar pra mais perto dele. "Quer namorar comigo, Jonathan?" Nesse minuto o Jhow já está caindo no choro, eu começo a gritar e a bater palmas, o Felipe assobia, e todo mundo começa a festejar enquanto os dois se beijam e colocam a aliança, "Quero ser madrinha do casamento" grito do outro lado. Eu e a Aline troca alguns olhares e concordamos em guardar segredo, ela está de mão dada com a Catarina, e percebo que o Andrey e a Nanda sumiram da sala. 

"Será que esse povo não vai embora?" Ouço o Felipe cochichar no meu ouvido, "Não sei, mais dessa vez tenho que concordar com você" Abro um sorriso e ele da um beijo na minha bochecha. Pessoal acabou indo embora já passava das onze e meia, só ficou o Felipe, a Nanda que ia embora na segunda de manhã e o Andrey. Não pude ficar muito tempo com a minha amiga, mas aposto que ela se divertiu da mesma forma. Estou deitada com o Felipe no sofá, quando vejo minha amiga e o Andrey sair do banheiro. "Cadê o pessoal?" os dois perguntam se arrumando, "H-hm... Talvez estão escondidos na cozinha", Vejo o Lipe zoar com a cara deles, "Acho que já vou indo, está bem tarde e amanhã tudo volta ao normal" Ouço o Andrey falando e em seguida da um beijo na Nanda, eu balanço a cabeça, e o Felipe também, a minha amiga se despede dando um beijo bem demorado nele, eu continuo olhando pra tv, Felipe me puxa pra mais perto e eu me aconchego nele. Depois de pelo menos dez minutos de melação ele vai embora e ela diz que vai ir deitar na minha cama, eu explico a onde está as coisas e ela faz Ok com a mão. "Pelo visto amanhã vou faltar na aula" Digo sussurrando, "Porque? Só porque sua amiga está aqui?", "Não exatamente... Só porque não vou conseguir acordar cedo" abro um sorriso e ele retribui, "Então é melhor eu ir pra casa, linda!", eu faço bico mas realmente é melhor ele ir já esta tarde pra ele ficar na rua, mesmo ele com 25 anos nunca se sabe o que pode encontrar na noite, eu concordo, ele já está se levantando, levo ele até a porta, os beijos dele sempre vão me dar frio na barriga, sinto a barba dele que está nascendo roçar na minha bochecha, brinco com o cabelo dele enquanto ele encerra o beijo me dando selinho. "Até amanhã minha linda", eu abro um sorriso, "Gosto de quando você é fofo, até amanhã!" Pisco e espero ele entrar no elevador.

Depois de tentar deixar minha casa um pouco organizada, pelo menos tirar os pratos e copos da sala,  já estou deitada do lado da Nanda que está no décimo terceiro sono, acho que conversamos por quinze minutos até ela me deixar falando sozinha, resolvo tentar dormir. Sou despertada pelo meu celular em baixo do travesseiro, que não para de tocar, fico tateando procurando meu celular, e não vejo quem é no visor, só atendo. 

"Alô!", "Oi Lili", é a voz da Mand chorando, esfrego meus olhos e fico sentada na cama, "A onde você está?" eu pergunto nervosa, "No hospital, o Lipe acabou de sofrer um acidente!" Ela diz soluçando e eu sinto meu coração parar de bater, e as lágrimas já rolam pelo meu rosto.

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