14. Begadang; em Indonésio: Ficar a noite toda conversando, acordado.

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Mais um dia de trabalho, acordo com a Nina subindo em cima da cama e roçando no meu rosto, coloco ela no chão, vou direto na comoda procurar alguma roupa, puxo uma saia e uma camiseta branca e vou correndo tomar banho. Como sempre estou ficando atrasada. 

No meio do caminho paro em uma padaria pra tomar um café rápido, a moça do balcão já conhece o meu pedido e trás em 5 min, meu café e pão de queijo, pago correndo e volto pro carro, hoje o dia não estava dos mais frios, dava pra ficar com as janelas do carro aberta sem congelar. A aula foi bem produtiva, consegui entregar dois trabalhos e sair mais cedo, Jhow me acompanha no almoço e conta como está seu relacionamento com o Ale, ele me agradece quase todos os dias por ter levado ele naquela república. 

Assim que eu cheguei na livraria a Lara está conversando com o Allan, ah sim a Lara é a gerente da loja que me contratou, cumprimentei os dois e fui direto guardar minha bolsa. Volto pra loja e tinha chegado uns livros novos, tinha que cadastrar todos e colocar nas estantes, vejo o Allan se aproximar. 

"Tem alguma dúvida? precisa de ajuda?", levanto pegando uma quantidade pesada de livros e colocando em cima do balcão, "Não, obrigada, consigo dar conta, eu acho" abro um sorriso, ele balança a cabeça e sai de perto.

Consigo terminar três caixas até a hora do café da tarde, paro por quinze minutos e vou direto na copa tomar água. Tem umas meninas fofocando sobre o Allan, eu reviro os olhos e puxo meu celular pra ver se tinha alguma mensagem, nenhuma mensagem do Felipe, ou dos meus amigos, guardei o celular de volta no bolso, joguei meu copo no lixo e voltei pro trabalho, as horas passaram voando, já era quinze pras seis. "Acho que você já pode ir embora, Lili", levo um susto e ouço a Lara atrás de mim e eu derrubo alguns livros no chão, "A-ah, sim, desculpa, vou terminar aqui e já estou indo", "Sem problemas, só quero lembrar que não existe mais escravidão" e ela ri, eu abro um sorriso e fico corada, "Eu sei, já estou acabando!", "Bom... Hoje tem um jantar com o pessoal da loja, se você quiser ir, será bem vinda!". Fico agradecida pelo convite, mas só quero ver o Felipe e ver se ele já saiu do hospital, parece que cada minuto me deixa mais ansiosa. "Pode deixar, vou tentar aparecer", ela sorri e volta a guardar as coisas dela, eu termino de arrumar os livros. Já estou saindo da loja, quando uma das garotas que estava na copa me para na porta, me puxando pelo braço, "Você vai no jantar hoje, Lili?" como ela sabe meu nome? "h-han, não sei! hm qual é seu nome?", "Ah prazer, meu nome é Marcela, tenta ir, vai ser bom fazer novas amizades!", "Pode deixar, se der tempo eu passo lá sim!", "Me passa seu número?", "Claro!" Eu dito cada número rapidamente, ela sorri e sai da loja. Será que ela está tirando sarro da minha cara?  Estou indo pro carro e resolvo mandar mensagem pra Mand pra saber se o Felipe já saiu do hospital.

Mand, seu irmão já está em casa? Enquanto espero ela responder ligo o radio e dirijo até uma padaria que tem próxima dali, consigo encontrar uma vaga bem na porta. Nova mensagem.

Já sim, vai lá, você sabe a onde é né? Não estou em casa, mas chego daqui uma hora!

Beleza, beijos.

Entro na padaria pra comprar alguns Cup Cakes pro Lipe e pro restante do pessoal. Comemorar a saída dele do hospital, aproveito pra comprar um vinho também, li sobre alguns essa semana na livraria. Já são quase sete horas quando chego na porta da casa dele, o carro da mãe dele está estacionado na frente, pego meu celular coloco no bolso, puxo a sacola que está o vinho e os Cup Cakes, bato na porta e a mãe dele logo me atende.

"Oi lili, entra" Ela me da um beijo na bochecha e me abraça tão forte, até parece que estou sendo abraçada pelo Lipe. "Oi, o Lipe está ai?", "Eu acho que está, faz cinco minutos que cheguei, fui fazer ultrasom", no mesmo momento ela coloca a mão na barriga e eu arregalo os olhos. "Meus parabéns Dona Rose, que venha com muita saúde!"," Obrigada querida, vou tomar um banho agora, pode subir lá, aposto que o Felipe vai adorar sua visita, apesar deu não estar falando com ele. Ele não soube receber muito bem essa noticia!" Ela faz um bico, e eu balanço a cabeça. "Deve ser muita coisa pra ele, logo logo ele entende, vou conversar com ele! Eu trouxe uns bolinhos e um vinho, vamos comemorar duas coisas hoje!" Digo animada e ela abre um sorriso largo "Obrigada meu bem, claro que vamos! Quer me entregar essas sacolas? Eu coloco na cozinha pra você!" eu passo pra elas as sacolas, e ela se perde pelo corredor em direção a cozinha. Eu subo a escada, cai em outro corredor, todas as portas estão abertas menos a do Felipe, passo pelo quarto da Mand, está todo bagunçado, com algumas roupas espalhadas, e eu abro um sorriso lembrando do jeito dela desorganizado. Um som alto vem do quarto do Lipe e eu bato na porta, "Não enche mãe!" ouço ele gritar do outro lado, no mesmo instante abro a porta e vejo uma loira ao lado do Felipe com as pernas em cima da dele, eles estão rindo, até parece que voltaram a namorar. sinto um peso nos meus ombros e se tivesse um buraco naquele mesmo instante estaria me enfiando nele agora mesmo, jogo os braços pra cima e quando sinto já estou chorando, estava demorando! "Seu ridículo, babaca, imbecil e galinha." Depois de ter gritado tudo que estava sentindo, os dois ficaram olhando pra minha cara, o Felipe estava tentando se soltar da menina mas ela não estava deixando. Fecho a porta antes que eles pudessem responder e saio correndo desço as escadas o mais rápido possível pra ninguém conseguir me alcançar, bato a porta da frente. Já estou dentro do carro quando olho pelo retrovisor o Felipe está na porta. Limpo meus olhos e puxo meu celular do bolso, preciso ir pra algum lugar onde ninguém me ache, pelo menos por algumas horas e que não tenha nenhum laço com o Feipe. Ligo pra Aline.

Eu: Alô! Você está em casa? Digo entre soluços e nariz entupido

Aline: Oi, estou sim, está tudo bem?

Eu: Preciso conversar, você pode me encontrar em algum lugar?

Aline: A onde você está?

Eu: Perto do prédio.

Aline: Estou descendo então!

Eu: Ok, podemos encher a cara? Ouço ela rir do outro lado da linha

Aline: Sim, podemos!

Eu: Ta bom até já!

Encerro a ligação.

Porque aquele inútil tinha que mexer tanto comigo? Não era mais fácil ele simplesmente falar que não queria mais nada! Ainda faz aquele joguinho ridículo falando que ia colocar um ponto final com aquela vagabunda. Os dois se merecem, realmente!

Estaciono na frente do prédio e vejo ela saindo com uma calça jeans, all star, e uma jaqueta de couro preta, destranco o carro e ela já está me abraçando. Eu volto a chorar de novo. "Foi ele, ne?", eu balanço a cabeça, "Então... Vamos afogar as mágoas, porque minha relação com a Catarina não está fácil também!" Ouço ela dizer e ligo o carro, e ela vai passando as coordenadas pra onde eu tenho que ir. Paro na frente de um Pub, parece ser de rock, já me senti um pouco animada conversando com ela, assim que entramos no bar, estava tocando Pearl Jam e ela aponta pra uma mesa vazia.


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