Capítulo 1

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Matthew tinha um avião particular. Eu sabia que ele era rico, claro, que seu pai era um duque e membro do parlamento britânico. Além disso, já tinha visto um filme em que Matt fez um papel pequeno e tinha passado alguns minutos olhando umas fotos de publicidade que ele postou no seu Instagram. Sabia que ele tinha dinheiro e influência, sim, mas em Belforte isso era ofuscado. Praticamente todo mundo ali tinha também, de um jeito ou de outro. Mas nunca tinha passado pela minha cabeça que ele tivesse um avião particular esperando no aeroporto mais próximo.

Kira Giovanni, o pseudônimo da pessoa que cuidava do Direto de Belforte, postou o tweet anunciando para o mundo inteiro minha identidade e me garantindo um lugar nos trending topics na segunda às quatro da tarde. Eu tinha feito meu melhor para me esconder no quarto de Ben e, para ser bem honesta, meu plano era continuar fechada lá dentro pelo tempo que levasse para se esquecerem de mim outra vez. Mas fui acordada às quatro e meia da manhã no meio de um pesadelo em que estava dentro de uma caixa de vidro com pessoas batendo nela sem parar.

Era Ben. Meus pais tinham ligado pouco depois que eu fora me esconder em seu quarto e me disseram que tomariam todas as providências necessárias para eu ficar segura e lidarmos com a situação. Aparentemente, a primeira providência era ir para meu quarto fazer minha mala de madrugada.

Apesar de estar todo mundo dormindo e eu não ter encontrado ninguém no caminho, fui até o terceiro andar rodeada por cinco guardas. Chloe não estava na sua cama quando entrei, e não saberia dizer se estava decepcionada por isso ou aliviada, depois da nossa briga. Ben, André e uma guarda chamada Andressa entraram comigo e me ajudaram a juntar minhas coisas enquanto os outros dois ficaram do lado de fora. Estávamos sozinhos, mas conversamos o mínimo possível e sempre sussurrando, o que me deu uma impressão tão esquisita, que eu não sabia o que esperar da viagem.

O carro que nos aguardava no estacionamento da escola era tão grande, que coubemos nós seis e mais Matthew, que apareceu antes de sairmos.

Não fiquei surpresa com a sua presença. Ben tinha explicado que usaríamos o avião da família dele, que estava no aeroporto principal de Belforte, a uma hora e pouco da cidade. Fiquei mais surpresa por ele carregar sua própria mala. Mas nem questionei, só fiquei no banco lá de trás, tomando o café que Andressa tinha pegado para mim e tentando me livrar da sensação ruim que o pesadelo tinha deixado.

O dia já estava quase amanhecendo quando chegamos ao aeroporto, e eu tinha conseguido dormir, ainda que desconfortável. Estava me sentindo um pouco melhor, e ver o céu clareando ajudou bastante. Tudo ia ficar bem. Meus pais tinham me garantido.

O avião particular de Matthew era menor do que eu esperava. Quer dizer, não era ruim ou pequeno. O carpete era azul escuro e o uniforme da comissária de bordo era lindo. Dava para ver em todos os cantos dali que a família dele tinha dinheiro de verdade. Mas minha família tinha também dois aviões oficiais, tão grandes que tinham cômodos diferentes dentro deles e na suíte do rei cabia uma cama de casal.

Não que eu já tivesse viajado com eles ou com a Arabella no segundo avião (porque a herdeira nunca podia voar com o monarca), mas já tinha visto.

Não tinha ninguém na pista, nenhum fotógrafo que me forçasse a colocar um guarda-chuva à minha volta como a Taylor Swift para impedir que vendessem minha foto depois. O piloto e o copiloto se apresentaram e tinha até um tapete na escada que levava para a porta do avião, onde uma comissária me esperava com uma bandeja com água com gás e um café fresquinho. Tudo para falar que o dia amanheceu muito melhor do que parecia que ia quando acordei naquela madrugada.

As únicas coisas que não passavam era o frio na barriga pelo que eu sabia que me esperava dali para a frente e a vontade absurda de pegar na mão de Ben sempre que eu pensava no assunto.

A Princesa Famosa (amostra)Onde histórias criam vida. Descubra agora