𝟔𝟑 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟏

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RAPHAELSão Paulo — Capital num salão de festa rico pra cacete e num dia que devia ser especial se não fosse de mentira

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RAPHAEL
São Paulo — Capital
num salão de festa rico pra cacete e num dia que devia ser especial se não fosse de mentira

Minha mãe está na minha frente, ajeitando minha gravata enquanto esperamos atrás de uma enorme porta. Somos os primeiros de uma fila de padrinhos. A diferença é que não sou padrinho, muito menos me visto como um. Hoje eu sou o noivo.

— Você está lindo, Rapha. — Minha mãe diz, com aquele sorriso contagiante. — Só precisa relaxar um pouco o rosto. Hum?

Ela faz um gesto de mão acima do queixo, imitando um sorriso com que eu deva imitar.

— Não consigo.

É o que consigo dizer, sendo duro em minhas palavras.

Não ouso questionar o que sinto ou ao menos entender. Sinto um aperto sufocante no meio do peito quase como se eu tivesse perdido alguém tão importante que não consigo visualizar mais a minha vida sem ele. Não consigo seguir em frente.

Talvez de verdade eu me sinta assim, sinto que algo foi tirado de mim. Um direito de realizar um sonho da forma certa. Pelos motivos corretos. Esse casamento é fachada. E mesmo que meu sentimento pela Isabella seja verdadeiro, saber que ainda assim há incerteza do outro lado faz eu me sentir usado.

E tudo isso me dói. O problema é que hoje não é dia pra me sentir assim. Hoje é comemoração. Festa.

Por isso, sou obrigado a respirar fundo e segurar minhas próprias mãos. Mesmo que eu saiba que nada que eu faça será capaz de me acalmar.

— Rapha — ela abaixa um pouco mais o tom de voz, para que ninguém ao nosso redor nos ouça. — Esse não é seu sonho? Hein, meu filho? Você está finalmente se casando. É um dia especial.

— Eu não queria que fosse assim. — Lanço meu olhar mais significativo na direção dela. E ela nem precisa se esforçar pra me entender.

Eu não queria que fosse de mentira.

— Filho... — minha mãe rapidamente fica sentida. — Não pense assim. Não estrague uma data tão importante...

— Importante só pra mim, mãe? — Minha voz fica mais ríspida e isso faz com que minha mãe se cale. — Desculpa. É que 'tá... 'tá sendo difícil.

Minha mãe decide se manter em silêncio, assentindo ao que digo e se posicionando bem ao meu lado para que possamos entrar.

Acho que não tem mais o que ser dito, nada que ela pense ou faça vai mudar a situação em que me encontro. Estou realizando meu sonho, sim. Mas sacrificando o significado dele pra mim. É apenas mais um casamento.

E se é de mentira, eu devo atuar. Assim como sei que minha noiva está atuando. Por isso, me obrigo a forçar um sorriso.

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