Deuses do Caos

Capítulo XII

Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.

- Alice no País das maravilhas.



Algumas horas antes...

O vento frio batia contra o corpo da pequena garota de pele negra que se encolhia cada vez mais a cada lufada de ar que chegava até ela, seu amigo de chifres se encolhia com o frio e não deixava de olhar para os lados sempre tendo que algo estivesse os seguindo, como se ele sentisse. A criança de cabelos pretos segurava a menina com força esfregando suas costas enquanto olhava a garota mais velha ali, ela parecia ter certa noção do que estava fazendo ali sempre tomando o máximo de cuidado a cada passo dado sua espada reluzia a luz do sol que ainda aparecia entre as nuvens densas do céu.

Mesmo que o clima estivesse extremamente agradável para se dar um passeio no parque ou fazer piquenique com a família, não parecia ser um clima confortável para aqueles quatro. Já haviam fugido de três monstros em um curto período de tempo e todos falavam a mesma coisa, não queria um simples filho de Hermes, uma filha de Atena ou então um sátiro mal desenvolvido, todos eles queriam a filha de Zeus e por algum motivo, não importa qual seja, nenhum deles realmente tentou tocar nela.

A cada passo dado eles adentravam mais ainda a floresta, o morro que dava na entrada do acampamento ainda estava longe, coisa de três quilômetros de pura lama, mosquitos voando e monstros aparecendo por todos os lados. Nenhum deles merecia isso, eram apenas crianças que deveriam estar brincando e se machucando por aí, porém é isso que acontece quando um deus acha que deve fazer aquilo que ele tem vontade sem levar seu racional a jogo. Crianças nascidas por puro egoísmo e para aumentar o ego, "quem tiver o melhor guerreiro ganha", eles fizeram sua escolha, não as crianças.

— Não vai demorar muito, estamos quase chegando na barreira do acampamento é só continuar nesta trilha e depois iremos subir um morro. — O sátiro

— Você chama isso de trilha? Aqui eu só posso ver mato, lama pra cacete, e neste lugar tem tanta árvore que o verde está me irritando. A Anabette está ficando desidratada, o Luke tem tanto machucado pelo corpo que com toda a certeza vai ter cicatriz e eu estou morrendo de fome e não para de aparecer monstros a cada metro andado! — A mais velha estava totalmente exausta, fazia dias que não dormia direito com medo de que as crianças pudessem ser pegas.

No Olimpo...

Enquanto crianças lutam por suas vidas, os deuses que deveriam estar os protegendo a qualquer custo estavam ali, vendo tudo o que ocorria e se divertindo com isso. A cada monstro que aparecia Zeus ficava mais impressionado com a força de sua filha, não só impressionado mas também preocupado, se ela tivesse tanta força quanto demonstrava seria fácil a garota se rebelar contra ele e isso não poderia ocorrer. Sempre que eles pareciam estar chegando mais perto da barreira, mais monstros apareciam e novamente eram derrotados pela mais velha, sempre com a guarda armada e nunca deixando de reparar em cada detalhe daquele lugar. Ela era uma boa guerreira...

— Sério que você vai ficar aqui vendo sua própria filha quase morrer sem fazer nada? — Poseidon o único deus que parecia pensar ali indaga vendo os outros dois deuses fingindo que não o escutavam.

— Olha só aquela garota, nem parece minha filha, ela fede a medo como um ratinho prestes a ser predado. Eu odeio ratos, por qual motivo você acha que eu deveria ajudar aquela criatura medrosa, a garota não merece ser minha filha nunca mereceu. — A tão famigerada deusa da sabedoria diz corrompida pelo seu ego.

— Eu quero ver até onde a criança com a espada vai para salvar seus amigos, seus aliados. — Não, ele não queria saber disso.

Zeus queria apenas que Thalia ficasse cansada o suficiente para que ele pudesse dar o golpe final, o deus dos raios já estava tendo muitas dores de cabeça por conta da filha de Hades, aquela criança era uma verdadeira incógnita em sua vida e depois que ficou sabendo sobre a possível deusa que habitava o corpo da jovem só fez com que seus instintos gritavam para que ele matasse a pobre garota.