2 - Anjo?

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Os gritos.

Eles foram ouvidos a quilômetros de distância, mas somente a calada da noite foi testemunha deles.

Corro a mais rápido que posso, meus pés descalços batem contra o chão de terra, pisando em galhos. Segurando meu vestido em minhas mãos, meus cabelos ao vento, e o suor escorrendo sobre meu corpo, mas não foi o suficiente. Eu o vi.

Ali.

Caído.

Morto.

Meus olhos se enchem de lágrimas ao ver a cena. Ajoelho-me sobre a terra, sujando meu vestido. Levo minhas mãos até seu rosto, sujando elas de sangue. Em pé, com a espada ensanguentada, vejo uma criatura da mesma altura que a minha, cabelos brancos e curtos, e vestia roupas estranhas, ela não era daqui.

Ela me olha, vejo seus olhos dourados.

Em meio ao desespero, fico paralisada, sem saber oque fazer. Levanto, meus passos retrocedem o caminho que eu havia feito, com cautela.

A mulher, na qual foi responsável pela morte de meu pai, passou por cima do corpo jogado no chão, se aproximando de mim ao mesmo tempo que me afastava, tomada pelo medo.

– Não tenha medo.

Foi oque eu ouvi, antes de sair correndo com tudo que eu podia daquela cena, a qual repassava em minha mente. Ouvi passos atrás de mim, eu estava tão perto de minha casa, mas algo agarrou meu pé, fazendo eu cair com tudo no chão. Me viro, ficando de costas contra o chão. Uma raiz dourada, enroscada em meu tornozelo, me impedia de fugir daquela criatura.

– Ayumi, já te falei, não tenha medo. — A desconhecida fala, se agachando em minha frente.

O brilho da lâmina ensanguentada invadia minhas orbes azuis.

– Q-quem... Oque v-você fez? — A voz saiu por um fio.

– Me chamo Lute, e respondendo a sua pergunta, achei que fosse mais que óbvio, irmãrzinha.

Irmã?

Oque aquela louca estava falando?

Não somos irmãs, eu nunca a vi em toda a minha vida infernal.

– Irmã? Está louca?! — Falo com incrédulidade.

– Oras, seu querido "pai" não lhe contou? Que decepção. — Fingiu tristeza. – Mas, poderei te explicar tudo com mais calma, se você vier comigo — Ela se levanta, se apoiando em sua espada, que estava agora, cravada no chão.

– Não irei a lugar nenhum com uma assassina igual a você.

– Não te perguntei se você virá ou não, você vai vir — Ela aponta a espada em direção ao meu pescoço – Isso se você valoriza seu lindo pescoço.

Uma raiva que antes ainda não tinha se manifestado, cresceu dentro de mim, como uma praga que prolifera entre a plantação.

– Então é melhor mudar essa sua concepção, já falei que não irei a lugar nenhum com uma assassina igual a você.

Ela solta uma risada sarcástica.

– Do que está rindo!?

– É engraçado sabe — Lute chega próximo ao meu rosto – Do lugar onde viemos, todos somos assassinos, que aliás, mata demônios como o seu querido "papai".

– Eu não sei do que está falando, não sou como você, nunca serei. — Minha raiva era evidente pelo tom que eu proferi.

– Somos mais parecidas do que pensa, anjinho. Matar é oque fazemos desde que lucifer caiu e Lilith triunfou, está no seu sangue — Ela apertou minha bochechas firmemente. – Agora, a não ser que você queira ser sentenciada, aconselho que venha comigo. Agora.

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