Analuz seguiu deslumbrada pelos livros novos, Gabriel a admirava, a sede que a menina tinha de conhecimento, aprofundamento e até mesmo de desenvolver raciocínio filosófico, se estampava sempre que ela adentrava a biblioteca, ela viajava pelos livros como quem viajasse pelas dimensões, mergulhava sem receios em seus conteúdos.
— Fiquei empolgada não é? — o percebeu apoiando a cabeça na mão do braço pousado sobre um nível da estante a olhando um tanto entorpecido.
— Eu adoro você de qualquer forma, mas empolgada fica ainda mais mágica e magnética.
Ela estava de joelhos organizando os livros que iria levar, ao ouvi-lo, direcionou seu olhar a ele sendo tomada por aqueles olhos celestes, era como se nenhuma parte do seu ser pudesse escapar dele. Em seu rosto se desenhou um sorriso, suas rosáceas ficaram vermelhinhas, ela baixou o olhar um instante para colocar mais um livro sobre uma pilha, segurou as mãos rentes ao peito, soltou o ar pesadamente voltou a olha-lo e o respondeu:
— Te abraçaria se pudesse...
— Vamos continuar a praticar minha luz. — se senta mais perto dela estendendo a mão, com a reciprocidade ele a segurou firme — Por enquanto é isso que temos.
— E ontem nem tínhamos isso.
— E agora temos. Sei que vamos poder ficar abraçados lendo livros em breve. — ela o sorri com os lábios — Bom, acha que vamos precisar de um carrinho?
— Não. Não vou levar tudo, apenas uma cesta será o suficiente.
— Vou buscar uma. — a solta lentamente.
— Está bem, mas não se demore, ainda temos que ir a sessão de animais. — ergueu o indicador apontando pra cima.
Gabriel deu uma piscadela e foi tomando distancia devagar rumando até o balcão central para solicitar uma cesta a Marissa.
Analuz organizou os livros que iria levar e reorganizou a prateleira. Enquanto esperava Gabriel retornar a situação de Maya voltou a sua cabeça juntamente a algumas memórias, ela se recostou a estante visualizando algumas cenas.
— Pronto trouxe a cesta. — coloca os livros dentro do objeto e percebe a menina distinta. — O que houve?
— Nada, — balança a cabeça para focar a visão, se escora na estante e se levanta rapidamente — Vamos à sessão de animais, vem. — o puxou pela mão sem titubear.
Com todos os livros que queriam na cesta, passaram pelos balcões se despedindo dos voluntários, saindo construção a fora. Descendo a escadaria Gabriel ouviu os pensamentos de Analuz, ela tentava transparecer outra emoção em seu semblante, porém, a energia dela contava outra história. Ele se manteve quieto, a segurava a mão firme tentando manter a energia dela em equilíbrio ainda que não tivesse muita experiência.
Ao saírem da alameda, descerem o talude, Gabriel a fez parar e fitando-a pediu:
— Eu sei o que esta acontecendo, mas quero que você verbalize, sentemos ao pé do abeto ali.
— Não quero chegar atrasada, mas... — se senta sobre a raiz encostada ao caule da grande árvore.
— Fale comigo Analuz. — senta ao lado dela, faz silêncio de momento ouvindo seus pensamentos um tanto acelerados — A situação da Maya te trouxe memórias de volta, algo que tentei evitar ontem.
— Eu era jovem Gabriel... — umedece os lábios desviando o olhar .
— Eu sei minha luz, nós decidimos juntos.
— Quando voltei, e vi tudo no telão me julguei, me julguei muito pelo que fiz, enquanto os superiores me olhavam compassivos e prontos para me acolherem, mas não pude evitar me julgar.
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EspiritualCapítulos novos 1 vez na semana. Almas raras nascem de tempos em tempos, sua conexão é tão profunda quanto a raridade de seu surgimento. No aprimoramento de sua existência, elas podem receber uma responsabilidade muito importante derivada da fonte...