Capítulo 3

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Aquela semana foi a primeira em que Harry não se importou tanto com o flerte de Malfoy com praticamente todos os outros aurores e estagiários ali. Ele nem se importou em ter um lugar na primeira fila para ver Malfoy se segurando bonito e quieto na mesa do marido.

Ele não se importou porque, antes de sair, Malfoy acabaria em seu escritório. "Você ainda está disposto a nos receber no sábado?"

Harry sorriu, embora conseguisse contê-lo. "Você poderia dizer isso, sim. Tenho uma vassourinha para crianças que nem Hermione reclama quando Rosie voa."

Malfoy hesitou na porta, a mão presa na moldura. "Por que você não tem filhos?"

"O quê?"

"Filhos. Você claramente quer filhos. Por que você não os tem?" Malfoy engoliu, uma saliência espessa em sua garganta que Harry observou culpado. "Sua ... Sua esposa não os queria?"

"A única pessoa com quem eu estive perto de casar foi Ginny, e ela é uma beta. Nenhuma ômega, e definitivamente nenhuma esposa. Eu diria que isso torna difícil ter filhos, sim", Harry disse rapidamente, esperando que seu rosto não parecesse tão corado quanto sua nuca sentia.

"Oh", disse Malfoy, parecendo muito mais surpreso do que Harry teria pensado. "Oh, mas eu pensei... Então, quando você... Isso foi sozinho."

Levou um momento para Harry entender que Malfoy queria dizer seu cio. "Er, sim. Quase toda vez desde... Bem, eu mencionei Ginny já."

"Eu tenho que ir", disse Malfoy, virando-se rapidamente para longe do escritório de Harry. Ele voltou atrás, visivelmente hesitando através das persianas de Harry abertas, mas abaixadas. Quando decidiu, apenas espiou a cabeça de volta pela porta. "Sábado ainda funciona para nós também."

"Até então, Malfoy", disse Harry com o coração na garganta.

"Sim", concordou Malfoy e então desapareceu novamente, um turbilhão de tecido vibrante e o leve cheiro de petricor. Isso é o que Hermione disse que era chamado; o cheiro logo após a chuva estava mais concentrado nas têmporas de Malfoy, embora Harry tivesse suspeitas sobre outras partes dele que nunca iria expressar em voz alta.

Amigos, pensou Harry com força para si mesmo. Amigos.

***

Da próxima vez que Malfoy entrou no escritório, ele colocou a cabeça para dentro sem um pingo de reserva. "Que horas no sábado?"

"Cristo, Malfoy", disse Harry, quase quebrando o pescoço com o repentino movimento para encarar a porta. "Perdão?"

"Você está ficando surdo? Você nunca parece me ouvir na primeira vez", reclamou Malfoy sem olhar nos olhos de Harry. Ele manteve uma expressão muito convincente de alegria no rosto, no entanto.

"Você entra para fazer perguntas ou dizer coisas que eu não espero. Eu tenho direito a um período de ajuste."

"A que horas você espera a gente no sábado?"

"Er. Eu não tinha um horário..."

"Acho que por volta de uma hora. Scorpius vai para a soneca por volta das duas e meia, e teremos algum tempo para voar enquanto ele estiver fora também. Você não precisará nos alimentar se aparecermos depois do almoço", decidiu Malfoy.

"Eu posso cozinhar, sabe. Se você quiser que eu alimente vocês", informou Harry, exasperado.

Malfoy balançou a cabeça. "Não! Não, está tudo bem. Vamos aparecer depois do almoço."

"A uma então", concordou Harry.

Ele deu a Harry um único aceno de despedida antes de sair do jeito que veio. Malfoy conseguiu não olhar diretamente para Harry uma vez, mas isso estava bem. Harry o veria às uma no sábado.

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