Capítulo 4

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Quando Harry viu Malfoy novamente, Malfoy estava acompanhado por uma onda de feromônios tão intensa que Harry sentiu as pernas bambearem de longe, através do escritório. Os ômegas apenas passavam por calor duas vezes por ano; os alfas geralmente tinham um cio a cada três meses, embora isso pudesse variar dependendo da companhia que mantinham. Quanto mais compatível a pessoa, mais provável a sincronização dos ciclos.

Teorias antigas e desatualizadas implicavam em um tempo em que eles não se relacionavam o suficiente como espécie, embora Harry gostaria de ver como eles lidariam com preocupações de superpopulação, já que Harry tinha ciclos como um relógio.

Então Harry ignorou voluntariamente que Malfoy ainda tinha um brilho sobre ele, reluzente e envolto em vestes macias com as quais Harry queria esfregar o rosto. Ou talvez fosse porque estavam ligadas a Malfoy.

De qualquer forma, Harry estava distraído pensando em nada de propósito quando Malfoy entrou no escritório de Harry e fechou as persianas. Ele fechou a porta com um clique quase silencioso, mas Malfoy não se virou, encarando a madeira em vez do estado triste de Harry.

"Eu gostaria de pedir desculpas. Por meu comportamento quando você veio", disse Malfoy para a porta fechada.

"Tudo bem", disse Harry com a língua grossa. Ele cruzou os braços para esconder o tremor mais sutil.

Malfoy olhou por cima do ombro. "Você ainda está chateado."

"Claro que estou chateado", admitiu Harry. "Eu não quero que você peça desculpas."

"Você não?" Malfoy se virou completamente, corado e pálido e nem mesmo uma única marca ou mordida para ser encontrada. Harry achou isso muito suspeito mesmo. Um desperdício, na verdade. Não se ajudava alguém com um pescoço como o de Malfoy durante o calor sem marcá-lo.

"Eu não sinto muito", continuou Harry. Isso era verdade; ele esperou a semana toda para que a culpa viesse, mas tudo o que veio foi raiva e visões depravadas de Malfoy e Julien que fizeram o estômago de Harry esquentar e os punhos se cerrarem. "Eu sei que deveria, mas eu queria. Inferno, ainda quero."

"Deus, Potter", Malfoy sussurrou, esfregando o esterno. "Tenha ao menos um pouco de vergonha. Ainda sou casado, pelo amor de Deus."

"Eu fiz muitas coisas das quais deveria me envergonhar, mas não acho que beijar você seja uma delas", contra-argumentou Harry teimosamente. "Por que eu deveria?"

"Deus", Malfoy disse, e depois repetiu, "Deus. Eu estava vindo pedir para recomeçarmos como amigos. Já temos bagagem suficiente sem adicionar isso. Vou entender se preferir não."

"Se é isso que você quer", disse Harry, o frêmito de esperança morrendo em seu estômago onde começara. Extinguido no berço.

***

Malfoy o encontrou apenas em público, o que era uma faca de dois gumes. Às vezes era divertido, Scorpius caminhando entre os dois e segurando suas mãos enquanto Harry levava Malfoy para fazer compras trouxas. Às vezes era quase tortura, Malfoy aceitando a oferta de roupas novas e caras e indo longe ao arrastar Harry para os provadores e se despir indiscriminadamente quando Scorpius estava com Pansy.

Ao estilo verdadeiro de Malfoy, ele parecia estar tentando desafiar Harry ou testar sua contenção. Qualquer coisa que Harry pensasse, Malfoy encontrava uma maneira de jogar de volta na cara de Harry de maneiras enlouquecedoras e aceleradoras de pulso.

Harry levou Malfoy a cafeterias; Malfoy oferecia a Harry confissões pesadas e contritas durante o café com leite frio até que Harry pressionasse a linha de seus dedos mindinhos sobre o tampo da mesa. Harry levou Malfoy para nadar no lago do resort que Hermione recomendara como um ótimo lugar para ensinar as crianças a nadar, e Malfoy se recusou a entrar, mandando Scorpius para a água com Harry enquanto ele se sentava na areia com o maiô mais perturbador que Harry já vira em outro cara que não estava mostrando nenhuma de suas partes. Harry levou Malfoy e Scorpius a um jogo de quadribol, e Malfoy comprou para os três camisas de uniforme iguais, com a inscrição Hollyhead Harpies, que eles usaram pelo resto do dia.

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