"As escolhas eram óbvias, e sua química era evidente."
Mais uma semana tinha se passado, e a segunda-feira havia chegado, e Sara tinha os papéis em sua mochila, enquanto esperava pelo sinal, que daria sinalização ao fim das aulas do dia. Poucos minutos depois, e o som do sinal se fez presente, ecoando por todos os corredores da escola.
A garota se levanta de sua carteira, saindo da sala com seu amigo ao seu lado, que estava extremamente empolgado com os testes para a decisão dos papéis.
— Não vai mesmo me dizer sobre o que é a peça? — questiona o Smith incrédulo caminhando junto a garota.
— Se nem os professores sabem, por que você saberia? — indaga como se fosse óbvio, e o rapaz bufa em frustração.
— Eu sou seu melhor amigo, por favor, me conta alguma coisa — ele pede juntando as mãos em frente ao corpo.
— Você saberá daqui a pouco, assim como todos os outros que também estão ansiosos pela peça. Você não será diferente meu amigo — a Belchior dá alguns tapinhas no peito do garoto, que coloca a mão no local e a olha de sombrancelhas erguidas.
Caminhando a passos calmos pelo corredor, muitos alunos já estavam dentro da sala de teatro, e outros andavam pelo corredor em direção ao local. Os dois amigos chegam na sala, adentrando a mesma, vendo que muitos já estavam na mesma, mas ainda faltavam algumas pessoas. Sara passa seu olhar pelo lugar, procurando pelos dois professores responsáveis pela peça, e logo os encontra no canto, conversando.
A garota caminha calmamente em direção a eles, que prontamente notam a presença da garota, lançando um mínimo sorriso.
— Como prometido, terminei o roteiro — ela coloca a pasta com diversas folhas em cima da mesa, e Fleur e Timothy se aproximam, pegando as mesmas e passando seus olhos rapidamente pelas páginas.
— Eu só não entendi porque chamou todos aqui hoje, já que vocês ainda não leram o roteiro, então não tem como escolher os personagens — a Belchior questiona, e a mulher solta um breve riso, enquanto o homem ainda lia as páginas.
— Você também irá ajudar a dirigir a peça Sara, você já a escreveu, só você sabe exatamente como é a reação e personalidade de cada personagem, então decidimos deixar que você escolhesse as pessoas que irão interpretar tal papel, você escolherá o elenco — a ruiva revela, deixando a garota visivelmente surpresa.
— Só vamos fazer algumas perguntas básicas sobre a história, e então começaram os testes para os papéis — Timothy diz, desviando seu olhar do papel, e olhando para a Belchior a sua frente, que apenas concorda.
— Primeiramente, sobre o que é a peça? — pergunta Fleur.
— Eh sobre um romance, entre dois adolescentes. Mas não é muito padrão, é um romance entre dois garotos — a garota responde, e os professores parecem surpresos pela proposta.
— Um romance lgbt? — questiona o homem, deixando os papéis em cima da mesa.
— Basicamente sim, qual é? A maioria das peças de teatro são focadas em um casal composto pela heteronormatividade ou vivendo um romance proibido ou um romance tóxico, mas são poucas as que retratam a dificuldade de ter um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo em um sociedade tão preconceituosa. Sei que não é o ideal, e que provavelmente sairá de muitos padrões que a escola segue, mas se quer algo realmente bom e instigante, não podemos seguir os padrões — a Belchior justifica, seu tom de voz calmo porém sério.
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Lilian (Romance lésbico)
RomanceEssa é uma história de romance lésbico entre duas garotas, no auge de seus 17 anos, cursando seu último ano de escola. Sara Belchior, uma brasileira que se mudou para os Estados Unidos, mais precisamente Connecticut, no começo de sua pré-adolecência...