"Seu sorriso se tornou minha visão favorita, e eu poderia facilmente me afundar nas profundezas de seus olhos."
Os diversos adolescentes se encontravam novamente dentro da sala de teatro, ensaiando suas falas, para treinarem suas cenas, e alguns deles às vezes tinham dificuldade em entender tão intonação ou sentimento na cena, então procuravam por Sara, que os explicava de maneira minuciosa e fácil de se entender. Porém a Belchior não se encontrava ali naquele exato instante, o que causava receio em alguns.
Hoje estava sendo um dia de aflição e ansiedade pra uma pessoa, sendo essa Lilian Johnson. A garota iria encenar pela primeira vez desde que os ensaios começaram, já que essa semana foi focada em breves explicações sobre a peça e sobre os protagonistas. Ela sentia suas mãos tremerem e um desconforto evidente, talvez fosse pelas várias pessoas dentro da sala, algo que não fazia sentido em sua cabeça. Por que ela não temeria dançar em frente a multidões, mas ficava nervosa ao atuar em frente de algumas pessoas?
Talvez fosse pelo fato de que a dança seria sua mais livre e espontânea maneira de expressar o que sente de maneira verdadeira, tendo dificuldades com as palavras, mas seus gestos e ações poderiam dizer tudo. E na atuação era diferente, e a necessidade de fala, pelo menos nesse papel em específico, tornava tudo assustador.
— Lily, tá tudo bem? Sua cena começa em poucos minutos — pergunta Camila ao lado da amiga, evidentemente preocupada com o estado da Johnson.
— Eu tô bem, só preciso de um pouco de ar — após dizer isso, Lilian sai da sala de teatro, sem dar chances de resposta a Rodriguez.
A garota caminhava de forma apressada pelos corredores, tentando buscar um lugar que a acalmasse, mas o ambiente escolar não era tão apropriado pra isso. Ela começou a olhar pelas portas abertas das diversas salas vazias, a procura do melhor lugar pra se ficar.
— Lilian? Tá fazendo o que aqui? — a voz de Sara faz com que a de olhos azuis saia de seus pensamentos desesperado, parando na porta de uma das salas, antes de adentrar o cômodo.
— Eu... Eu não posso fazer isso Sara... Eu não consigo. Eu posso fazer parte do teatro. Olha, me coloca no figurino ou bastidores, eu não sei — a líder de torcida caminha em direção a Belchior que estava sentada em uma das carteiras terminando de guardar seu material em sua mochila. A Johnson lhe entrega os papéis de seu roteiro.
— Tá bom — a garota deixa os papéis em cima da pequena mesa, voltando a guardar suas coisas, deixando a outra confusa.
— Você... Não tá brava comigo né? — pergunta de maneira receosa, e Sara apenas acena negativamente, ainda concentrada em sua mochila.
— Não, por que eu estaria? Você não quer participar nos palcos, é uma escolha sua. Eu não vou tentar te convencer a fazer algo que você não quer ou que te deixa desconfortável — assim que ela termina de falar, Lilian fica confusa por sua última frase.
— Que foi? Acha que eu não reparei no seu desconforto durante as cenas, e que quanto mais chegava na sua vez, você ficava com mais nervosa ainda?... Eu faço parte da direção da peça, Lilian. Os atores e atrizes são minha responsabilidade e eu preciso saber quando estão bem ou não — a Belchior finalmente termina de arrumar seus materiais, deixando-os de lado e se levantando.
— Então... Se sabia como eu me sentia, por que não disse nada? Tentou... Me acalmar?... Eu não sei — questiona a de olhos azuis, com seu olhar focado na garota à sua frente.
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Lilian (Romance lésbico)
RomanceEssa é uma história de romance lésbico entre duas garotas, no auge de seus 17 anos, cursando seu último ano de escola. Sara Belchior, uma brasileira que se mudou para os Estados Unidos, mais precisamente Connecticut, no começo de sua pré-adolecência...