Lilian (Romance lésbico)

CAPÍTULO 11

"As vezes ficamos tão imersos em nosso próprio mundo, que não reparamos nos problemas enfrentados por aqueles próximos a nós."

Havia se passado mais uma semana desde o último ensaio, desde a primeira cena de Kelly, interpretada por Lilian. Durante os dias, tudo se passou calmo e bem, sem nenhuma desavença ou discussão, ou qualquer tipo de bloqueio e medo de palco, todos estavam se saindo bem em seus ensaios.

Muitas cenas do casal principal da peça, Lian e Ruan, interpretados por Louis e Finn, já haviam sido treinadas, o que fez com que os dois rapazes criassem certos laços. Qualquer que os vissem ao longe, diriam que são melhores amigos, mas apenas aqueles com olhares atentados e observações minuciosas, veriam a química exalada por eles, junto a olhares intensos e sorrisos bobos. A observação principal disso é que nenhum dos dois havia reparado na atmosfera apaixonante entre eles.

Ontem foi um dia exaustivo para o jovem Howard, tendo uma prova surpresa de matemática, tal matéria que o garoto tinha tremenda dificuldade, resultando em muitas respostas erradas. E hoje, o garoto recebera a nota de sua prova, concluindo o já esperado, um D, que para muitos pode não ser tão ruim, mas para Louis era, apenas por um motivo.

Esse motivo era conhecido por John, John Howard, pai de Louis.

— Bom, chegamos ao final de mais um dia de ensaio, mas quero sempre exaltar que todos se saíram muito bem. Apesar de alguns erros terem que ser corrigidos, em geral, todos estão se saindo muito bem nas cenas. Então, creio que nos vemos amanhã — Sara estava a frente de todos, logo se afastando indo até seus materiais. Aos poucos, os adolescentes se dispersaram pela sala.

— Meus parabéns, você está se saindo muito bem ultimamente — a garota diz assim que o Howard se aproxima da Belchior para pegar sua mochila, que estava ao lado do material da garota.

— Obrigado, eu tenho me dedicado muito a esse papel, então é sempre reconfortante ouvir elogios, ainda mais de uma pessoa exigente como você — o garoto sorri timidamente, jogando sua mochila em seus ombros, voltando seu olhar a garota, que retribui o sorriso.

— Eu não sou exigente, apenas cobro por aquilo que acredito ser o potencial máximo de alguém. E, apesar de não ser do meu feitio admitir isso, você ainda tem muito potencial escondido entre os fios sedosos desse cabelo — o Howard não pode evitar uma curta risada pelo comentário da outra, que terminava de fechar sua mochila, a jogando sobre os ombros.

— Eu fico lisonjeado... Elogio duplo, eu acho. Pelo menos meu cabelo é uma das poucas qualidades da minha pessoa — ele fica pensativo, e a Belchior nega.

— Não, você tem muitas outras qualidades, caso contrário, eu não entenderia o motivo pelo qual o Finn está compatibilizando tanto com você — a feição de Sara muda para uma expressão pensativa, com seu cenho franzido, e o garoto a olha confuso.

— Como assim compatibilizando? — questiona, a dúvida evidente em suas expressões faciais.