O Mar & A Rocha.

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Você alguma vez me ouviu chamar?
Porque toda noite, eu converso com a lua
Ainda tentando chegar até você
Na esperança de que você esteja do outro lado falando comigo também
Ou será que sou uma tola que fica sozinha
conversando com a lua?

Eu sei que você está em algum lugar por aí

Em algum lugar distante.

Talking To The Moon - Bruno Mars.

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MARGOT

4 Meses Depois

"Querida Margot,

Provavelmente experientes diriam que eu devia começar esta carta com um pedido de desculpas por estar deixando você, mas pessoalmente, tenho muito mais o que dizer meus motivos para ficar, do que uma justificativa por partir.

Na verdade, eu devia contá-la sobre tantas coisas que não caberiam num caderno inteiro. Mas hoje, sinto-me motivado para lhe revelar neste papel o momento exato em que me apaixonei por você. Porque acho que você gostaria de saber.

Lembro-me de muitos meses atrás, quando perguntei a você como era… sentir. Isso. Sentir algo. Se apaixonar. E foi uma pergunta genuína. Até então, eu nunca havia sentido nada. Um corpo vazio que ecoa solidão e angústia. Morto, eu certamente estava morto. Talvez, todas as almas perdidas compartilham dessa minha curiosidade em descobrir o que corações vivos sentem nesse mundo de cima. (A propósito, penso em fazer uma nota disso, para não me esquecer de perguntar pessoalmente aos prisioneiros do mundo de baixo quando me vier a oportunidade de poder interrogá-los pessoalmente sobre isso).

Bom, você me disse muitas coisas que, honestamente, me deixou assustado. Soava aterrorizante a ideia de existir uma parte de si mesmo onde guarda silenciosamente uma fraqueza que facilmente pode ser acessada por alguém. Usada contra você. E eu diria que era a vulnerabilidade. O ponto fraco. Você, por outro lado, preferiu o substantivo abstrato "amor".

O que me deixou intrigado. Porque era estúpido. Não havia possibilidade alguma de existir alguém que poderia me convencer sobre uma clara maldição sofrida por 90% da população mundial que, na verdade, era algo bom. De fato, é esse sentimento que, em maior parte, dizem mover o mundo. Eu, no entanto, me apegava fielmente à minha crença de que não passava de uma névoa nos olhos para fazer dessas pessoas cegas. Desesperadas. Carentes. Humilhantes.

O que essa urgência em amar poderia ser, senão uma angústia desesperada em ocupar o espaço de uma alma solitária? De um corpo oco? Assumir que você não é suficiente para viver por conta própria? Que precisa de alguém, de algo, alguma emoção, algum sentimento, algum sentido, para ser capaz de resistir à vida?

É claro: fraqueza.

No fim das contas, talvez eu esteja certo. Não é necessário amar para ser capaz de suportar a vida. Há muitas pessoas que venceram a guerra da sobrevivência sem se agarrar ao ceticismo de que precisa se completar com outro alguém, o que a sociedade definiria como prodígio. Porém, é necessário o sentido para prosseguir com ela. Com a vida. E percebi isso quando descobri, com você, que o vazio habitado em mim dia após dia da minha exaustiva existência é a falta que me consumia de um sentido pela razão do meu viver: eu não tinha um.

Na verdade, eu tinha. E esse você já sabe. Mas sendo racional, não exatamente acredito que morrer deve ser o sentido da vida de alguém. Soa um pouco absurdo. Nonsensical. O que é justo, na verdade. Condiz com minha mente insana. Mas não é óbvio? Todos nascemos, e dessa mesma forma, temos a ciência humana de que todos morreremos um dia. Não significa que esse é o sentido da vida.

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⏰ Última atualização: Jun 20 ⏰

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