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Eu estou dirigindo. O barulho da chuva batendo contra o carro é intenso e a gritaria dentro do carro não está colaborando muito.

- eu quero dirigir quando eu crescer! Vrum... Vrum... - um garotinho dos olhos claros diz no banco de trás, imitando um piloto com as mãos e se levantando do colo de uma mulher.

- Matteo, da pra parar quieto? - pergunta ela - sua irmã está tentando dormir, por favor filho, fique em silêncio.

- está bem...- diz Matteo meio desanimado desta vez.

Um choro de um bebê ecoa pelo carro, abafando o som lá fora e logo em seguida um toque de telefone acompanha o choro.

- alô? - diz um homem ao meu lado - sim, sou eu mesmo, Philip Salles.

- Vrum... - escuto a voz do garotinho atrás de mim.

O choro para.

- vira naquela direção Sarah - aponta Philip.

- mas senhor, a pista está muito molhada e escura ali, podemos virar e ir em segurança por ali - digo.

- Sarah, por gentileza, me obedeça e vire a esquerda - diz ele.

- mas senhor...

- vrum... - Matteo diz outra vez.

- vira esse carro Sarah...- diz ele largando o telefone - VIRA ESSE CARRO.

- Matteo! - grita a mulher atrás de mim.

As mãos de Philip tomam o volante de mim, e o carro vira, um caminhão vinha na direção do carro, os faróis eram claros demais, poderiam facilmente cegar alguém.

- mamãe! - gritou Matteo e eu o vi pelo retrovisor, se escondendo embaixo dos braços da sua mãe.

Tu o que eu vi naquele momento foi a chuva, os faróis, a expressão de medo de todos, a estrada escura e o carro se aproximando cada vez mais do caminhão até que...

Acordei.

Eu saltei da cama, quando vi eu já estava em pé, ao lado da cama, Matteo começou a tatear a cama me procurando e não achou.

Eu não conseguia escutar nada, minha audição estava abafada, minha visão estava ficando embaçada por lágrimas e meu corpo dava sinais que iria cair.

Eu senti outro corpo abraçar o meu, isso me protegeu do frio, me deixando quentinha e confortável, mãos desligavam pelos meus cabelos e uma voz começou a me acalmar.

-... Vai ficar tudo bem - o som ainda estava abafado, mas não tive muito esforço pra saber que era Matteo - eu tô aqui... Eu vou ficar com você...

Matteo •

Luana estava nos meus braços neste exato momento, ela pareceria paralisada, não mexia nada, nem piscava, só saia lágrimas dos seus olhos.

- ... O caminhão... A... A bebê... Minha mãe... O garotinho... A pista... - ela começou a falar com dificuldade - a... A... A mulher, o homem... O volante...

- calma... - digo ainda a abraçando e passando a mão em seus fios de cabelo - Luana... Eu tô aqui... Seja lá o que você esteja passando... Eu vou te ajudar a superar, estarei com você - digo pegando seu rosto e o erguendo, segurando seu queixo - me deixa te ajudar...

Eu comecei a me aproximar, mas ela se afastou, brutalmente.

- Luana...

Ironia Do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora