︓ ° #    VI . SINAIS DE DESHONRA

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Nenhum ser humano torna-se
iluminado ao imaginar figuras
de luz exteriores, mas sim,
ao tornar-se se consciente
das suas próprias trevas.
— Carl Jung

︓† 🌿 . 𖦹 Jackson, 15:48
- 14 de fevereiro.

— Astrid.

Sem resposta.

— Astrid! — Chacoalhou a mulher que dormia em plena luz do dia, apoiada na mesa onde comiam.

— Mhm. — Se encolheu ao ser interrompida de seu sono. Depois de alguns segundos, se espreguiçou na cadeira desconfortável que sentava e abriu os olhos.

— O que você está fazendo dormindo na mesa no meio da tarde?

E então, a feição sonolenta de Astrid mudou para uma feição de completo choque. E realmente, o que estava fazendo dormindo ali?

Se levantou rapidamente da mesa, ajustando sua roupa amarrotada e colocando alguns fios rebeldes por de trás da orelha. Não costumava adormecer num momento tão inapropriado como aquele e estranhou seu próprio ato. A cesura que realizara ontem tinha sido bem sucedida, mas em consequência, a sua "vítima" preencheu cada canto que podia em seus pesadelos.

Era difícil reconhecer, mas ela verdadeiramente se encontrava num estado deplorável. Recordava-se pouco do momento antes de dormir e só se concentrava na dor de cabeça que provavelmente seus pensamentos faziam ela sentir.

Não havia dormido muito bem ontem. E ela sabia muito bem o porquê.

— Você está cheia de responsabilidades e prefere ficar dormindo?

— Perdão, mãe. — respondeu com a cabeça abaixada. — Não sei o que deu em mim.

— Tanto faz. — deu de ombros. — Quero que cuide de Lily até o evento. Não deixe que ela se perca novamente pela floresta e diga para ela vestir as roupas adequadas para hoje.

— Uhum. — resmungou simples, ainda estava tentando acordar.

— Me responda corretamente.

Astrid quase não conseguiu não revirar os olhos. Ali estava a sua mãe e a asiática prezava o respeito à ela mais do que tudo, mas, de vez em quando, achava a autoridade que ela usava a todo momento um pouco... Exagerado. Sempre seguindo as regras à risca mesmo que estivesse num momento de família.

— Sim, senhora.

— Viu como não é difícil? — a mulher mais baixa perguntava enquanto abotoava sua camiseta branca. Astrid comprimiu a boca disfarçadamente. —  Vou estar responsável pela organização hoje. Seu pai decidiu ir mais cedo.

E durante o tempo em que sua mãe falava sem parar na sua cabeça depois de ter acabado de acordar, tentava processar sua existência e aguardava seu raciocínio lógico voltar a funcionar corretamente mais uma vez, para mais um dia.

— Lily cozinhou milho. — sua mãe lhe informou. — Você sabe como ela é, né? Está até usando o lago de espelho para se olhar.

Astrid deu uma risadinha fraca enquanto abria a grande tampa da grande panela que, no momento, tinha alguns milhos agrupados flutuando na água. Iria comer depois que tomasse seu banho.

Lily era uma pessoa extremamente ansiosa e fazia questão se arrumar muito tempo antes do horário marcado para qualquer coisa que fosse. E, bom, sempre acordava seus pais juntos. Hoje não foi diferente, apesar de Astrid ter caído no sono pouco depois. Provavelmente eram três da tarde e pontualmente, estariam no Ritual de Consagração daqui só à umas três horas.

DELIGHTFUL DISHONOR, ellie williams.Onde histórias criam vida. Descubra agora