︓ ° #    II . CICATRIZES NA BOCHECHA

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︓† 🌿 . 𖦹 Jackson, 14:34 . 2038
- 12 de fevereiro, 5 anos passados.

Que comparação poderia fazer para descrever o que se passava em sua cabeça? Um furacão? Isso se encaixaria num eufemismo do que seu cérebro a fazia raciocionar. Não possuía pausas em cada dedução que realizava e poderia considerar o desafio de não tentar se levar por tais pensamentos, o mais impossível que já tinha tentado. Era capaz de sentir cada conceito que sua mente criava corroendo cada parte de seu corpo e levando esses pedacinhos à um outro lugar bem distante. Talvez para a lua?

Estava no estábulo e acariciava sua égua chamada Estrela. Olhava para um ponto fixo por alguns já vários minutos e o carinho que fazia parecia algo mais automático e não conseguia voltar à realidade, por mais que tentasse.

Depois daquele dia de patrulha com o Joel, Ellie não se achava mais capaz de deixar toda aquela história pra trás. Aquilo tudo parecia tão... Inacabado. Por 4 anos, resolveu não dar uma complexidade maior para que não necessitasse duvidar das palavras de Joel. Ela realmente precisava acreditar em suas palavras.

Tinha de ser verdade.

Não estava querendo alimentar sua dúvida quanto a veracidade dos possíveis acontecimentos. Porém o destino não funcionava do jeito que queríamos e tudo parecia girar em torno da incerteza que, por tanto tempo, tentou se esconder nas profundezas de sua mente.

Por que parecia que a imunidade que Joel tanto afirmou que existia em diversas pessoas não se aplicava em nenhuma situação? Por que todos que conheciam poderiam facilmente perder sua total consciência ao serem expostos ao fungo?
Por que parecia que somente ela era livre da familiar maldição que o mundo assolava?

De vez em quando, pensava que a maldição estava em si mesma.

— Tá me escutando, Ellie?

Interrompida de seus pensamentos, ouviu um estalar de dedos bem em frente a sua cara, que a tirou completamente dos desvaneio e piscou os olhos meio assustada.

— Ahn... Sim, é... — mentiu, não estava escutando absolutamente nada.

A morena em sua frente deu uma risada meio inacreditada. Não sabia o motivo mas se preocupava com as óbvias distrações muito frequentes no dia-a-dia da ruiva. Ela sabia que a garota de sardinhas não costumava ser assim e ver Ellie quieta o tempo inteiro era no mínimo esquisito.

— Gata, você tá viajando completamente na maionese. — Dina brincou enquanto escovava os pelos de seu cavalo, que parecia desfrutar muito da atitude.

— Me desculpe, Dina, não sei o que rolou comigo. — inspirou profundamente e não respondeu com total sinceridade. Não possuía o desejo de confessar nem para si o que estava à incomodando. — O que você estava falando mesmo?

— Ei, não precisa se desculpar. — deixou de escovar a pelagem do cavalo para colocar a mão no ombro de Ellie, mostrando conforto. — Eu estava te perguntando se você vai ir pra fogueira hoje à noite.

— Ah, sim! Vou sim. — Ellie afirmou com um sorriso fraco. — Tradição, né?

— Acho que vai te dar uma animada sobre seja lá o que esteja te desanimando. — Dina aconselhou e fez arminhas com o dedo, piscando um olho só.

Tinha um carinho e amava imensamente Dina, era engraçado como ela era sempre capaz de tirar um mínimo sorriso de sua boca. Achava também que a noite na fogueira talvez iria apagar temporiamente os pensamentos que apenas serviam para pertubar sua paz.

Ela estava muito bem e de um tempo para cá, as coisas haviam melhorado de forma significativa e não deixaria se afetar por alguns consideráveis questionamentos. Não valia a pena.

DELIGHTFUL DISHONOR, ellie williams.Onde histórias criam vida. Descubra agora