13 anos.
Anos se passaram. Durante a noite, eu tentava dormir no meu quarto, porém algo me perturbava, sem que eu entendesse o motivo. De repente, uma voz masculina estranha chamou por mim, distante mas audível. O som vinha de fora da casa, e a janela se abriu lentamente, emitindo um rangido que me fez levantar para fechá-la devido ao frio.
Contudo, algo na área externa me intrigava. Ao lado da casa, uma bela floresta se estendia, mas à noite ela ganhava um ar sinistro. Meu nome ecoava entre as árvores do bosque. Movido pela curiosidade, decidi abrir a janela para tentar descobrir o que poderia estar lá fora, porém nada pude avistar com clareza.
O impulso curioso venceu o medo, e, então, fui até o armário, peguei meu manto e um grimório que havia sido presenteado a mim.Salto pela janela e sigo a voz. Alerta e temeroso, caminho em busca de respostas. A cada passo, me aproximo cada vez mais do som. Quando está prestes a ficar bem perto, a voz desaparece, e fico confuso ao olhar ao redor.
Contudo, tudo o que vejo é uma floresta escura e gelada. Os sons dos grilos, lobos, corujas e sapos começam a dominar o ambiente, deixando a floresta ainda mais sinistra. Logo, aquela voz me chama novamente, mas desta vez de uma direção diferente, vindo de uma espécie de caverna. Ao entrar, o som da voz ecoa por todo o lugar escuro e frio.
Percebo que, à medida que avanço, pedras brilhantes me iluminam, guiando-me. Apesar do medo, mantenho-me firme, sem permitir que ele me domine.
Notando inscrições e desenhos nas paredes, não consigo compreender o que está escrito. A voz se cala mais uma vez, e as pedras me conduzem a uma mesa de rocha, iluminada pela luz da lua, com marcas de garras, sangue e um símbolo - o mesmo que estava gravado em meu pescoço.
Ao trocar a mesa, algo chamava minha atenção. O símbolo se acendeu, e uma energia sinistra tomou conta de mim. Meus olhos brilhavam, meu corpo se fortalecia e meu coração disparava. Apavorado, tentei retirar as mãos, mas estavam presas. À minha frente, uma sombra tomava forma - minha forma?! Era aterrorizante. Ela adquiriu meu rosto, mas seus olhos eram roxos e vazios.
Sem reação, gritei por socorro. Foi quando a figura estranha proferiu as palavras: "os jogos começam agora". Atordoado, tentei me afastar, com as mãos ainda presas, mas a bizarrice me segurou pelo pescoço, rindo, apertando e sufocando. Seus olhos encaravam minha alma, e num piscar de olhos, transformou-se em fumaça que adentrou minha boca, possuindo-me.
Desesperado, tentei fechar a boca, mas era em vão. Meu corpo se enchia de energias negativas, minha mão soltou-se quando ele me possuía por inteiro. Minha cabeça latejava intensamente, chifres surgiam, garras e presas cresciam descontroladamente. O poder era avassalador demais para ser contido.
Envolto em desespero, gritei de dor em busca de ajuda enquanto caía da cama. Quando abri os olhos, percebi que estava no quarto, já era manhã. Questionando a mim mesmo se tudo não passara de um pesadelo, me levantei do chão e, após me arrumar, desci para a cozinha para tomar café com Rudy.
No entanto, ele não estava lá. Revirando a casa em busca dele e não o encontrando, corri para o quintal, chamando por seu nome em vão. Horas se passaram sem nenhum sinal dele. Seu quarto estava intacto, exceto pelas coisas que ele costumava levar em suas missões, que estavam ali. Ele não havia levado nada.
Descobri mais tarde que Rudy simplesmente “saiu para comprar cigarros”, algo que ele nunca fazia, e não retornou. Voltando para o quarto, deitei na cama pensando nos acontecimentos, mas logo me levantei ao me deparar com meu reflexo no espelho.
Nele, percebi os arranhões em meu pescoço, idênticos aos do meu sonho. Seria aquilo realidade?
Talvez não estivesse realmente sozinho…
-NAOOOOOO!!!!
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A Destruição - Reescrevendo um mito
FantasiEm um reino outrora pacífico, onde diversas raças conviviam harmoniosamente, a ascensão de um tirano humano ameaça a existência de todas as espécies não-humanas. Após a morte do generoso rei, seu irmão mais novo assume o trono e inicia uma campanha...