Prólogo.

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• . ANTES DA TRAGÉDIA . •

As luzes intensas e ofuscantes lançavam sombras grotescas sobre o tablado, transformando-o em um campo de guerra onde cada golpe era uma tentativa desesperada de encontrar a vitória.

Era o fim.

Seu corpo estava marcado por cicatrizes visíveis, era uma manifestação física de sua maior tormenta interna. Os olhos, duas poças escuras de desespero, fitavam o oponente com uma mistura de ódio e exaustão. O sino soou como um lamento fúnebre, e ele avançou, seus movimentos pesados como se carregasse o peso do mundo sobre os ombros. Tudo o que podia se passar por sua cabeça era Jimin.

Jimin.

Jimin.

Jimin.

Jimin.

Jimin.

Jimin.

Jimin.

Onde ele estava? Não valia a pena procurá-lo. Precisava se concentrar no demônio que avançava para cima de si, caso contrário, a morte viria antes dos 30.

A multidão, uma massa indistinta de rostos, rugia com uma selvageria que parecia alimentar suas próprias sombras. Ele podia ouvir os murmúrios de dúvida e desdém, vozes que sussurravam suas falhas, que escarneciam de sua busca por redenção. O ringue, sob seus pés, era um abismo, cada passo uma luta para não ser consumido por ele.

O diabo estava abrindo espaço para que um buraco o puxasse como uma sangue-suga, para baixo, em direção ao fim de sua vida. Os socos, como uma marionete de carne e ossos, deferidos com o ódio de um gladiador, relembravam o pecado mais selvagem de seu inferno pessoal, a íra.

Consumindo-o como uma força primordial e destrutiva, a chama que ardia no fundo de sua aura, consumindo a razão e a graciocidade como um combustível. Seu vulcão interior, prestes a explodir a qualquer momento, seu magma de fúria e rancor ameaçando transbordar e devastar tudo ao seu redor. Era capaz de matar, afinal, até mesmo a vítima se parecia distorcida e irreconhecível. A visão se estreitou, concentrando-se apenas no objeto de sua raiva, e os pensamentos se tornam selvagens e caóticos, como animais enjaulados lutando para se libertar.

Aquele ringue era um grito de desespero, uma tentativa desesperada de recuperar o controle em um mundo que parece implacavelmente cruel e indiferente, no qual havia o maltratado tanto e feito de seu corpo uma casa para os piores demônios.

Até ele invadir a audição danificada pelo ódio, transpassando qualquer tipo de chama, sobrando apenas as cinzas de uma alma pecadora.

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