𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐄𝐃 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, andrew graves

4:

- São só essas caixas mesmo? - Andrew perguntou, aparentemente sem notar o que havia acabado de acontecer.

E eu o deixaria descobrir por conta própria.

- Sim, são. Tenho que perguntar aos meus pais sobre o resto, mas acho que o caminhão com a entrega dos novos produtos deve chegar apenas de noite. Seu turno já vai ter acabado até lá.

O garoto assentiu com a cabeça, segurando as três caixas de uma vez. Assim que tentou abrir a porta pela primeira vez, foi de imediato inundado por um grande estado de alerta e confusão.

- O que aconteceu com a porcaria da maçaneta?! - seu tom de voz saiu mais alto do que normalmente costumava ser.

Poderia até dizer que estava descrente com a situação.

- Ah... acho que eu esqueci de te avisar - suspirei - Você chutou aquele tijolo que estava na entrada, por acaso?

- Não percebi. Eu estava com muita pressa para terminar isso.

- Entendo. Mas aquele tijolo era a única coisa que impedia a porta de bater. Basicamente, nós estamos presos agora.

- Que merda... - largou as caixas sobre a mesa, irritado.

- Eu deixei meu celular lá no balcão, e você? Se estiver contigo, nós podemos tentar ligar para os meus pais. Acho que eles estão meio ocupados agora, mas, se souberem que estamos presos... provavelmente virão o mais depressa possível.

Andrew havia deixado o celular sobre o balcão também. Obviamente, é claro que eu reparei nesse detalhe antes que a gente viesse para o estoque.

Então, a única forma da gente sair dali seria quando meus pais chegassem.

E isso ocorreria lá para umas cinco ou seis da tarde.

Eu tinha cerca de oito ou mais horas de Andrew Graves apenas para mim.

- Droga... eu deixei meu celular lá fora - resmungou, enquanto verificava os bolsos. Vendo que a gente não iria sair tão cedo, ele se sentou em um canto e tirou um cigarro.

Quando o fez, uma espécie de chaveiro estranho, com tonalidade avermelhada e formato espiral, caiu de seu bolso. Eu não pude conter minha curiosidade ao encarar o objeto.

- O que é isso?

- Não te interessa - respondeu grosseiramente, enquanto acendia o próprio cigarro de maneira despreocupada.

- Para de ser chato!! - fiz biquinho, me aproximando para olhar mais de perto - Vamos, me diga o que é isso aí.

Se não tinha nenhuma chave pendurada ali, aquilo não era um chaveiro. Então... qual deveria ser a utilidade daquilo?

Eu sentia que iria morrer se não descobrisse o mais depressa possível.

- É um objeto que dá sorte - não senti tanta veracidade assim nas suas palavras - Mas só funciona comigo. Dá pra cuidar da sua vida agora?

- Posso ver? - pisquei os olhinhos, tal qual um cachorrinho quando necessita de carinho.

- Não. Nem tente tocar nisso, tá legal? - guardou novamente no bolso, me deixando maluca de tanta curiosidade.

Agora, eu tinha arrumado um novo objetivo para concluir enquanto ainda estivéssemos presos naquele cubículo. Pegar o chaveiro, amuleto, ou o que quer que fosse aquilo.

Se pertencia a Andrew, eu sabia que era importante. E eu queria qualquer objeto que fosse dele para botar na minha coleção.

- Que sem graça - resmunguei, sentando-me ao seu lado - Aliás, fumar faz muito mal, sabia? Você está se matando aos poucos assim.