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Me esgueirar para dentro da residência de Andrew foi ainda mais fácil do que eu havia imaginado.

As casas americanas não tinham uma segurança tão elaborada quanto a de outros países. Na cabeça ingênua dessas criaturas, uma pequena cerca já era bem mais do que o suficiente para evitar invasões.

A janela da garagem também ficava aberta. Provavelmente Andrew nunca nem tinha colocado os pés ali.

Sendo sincera, eu ainda não sabia se ele tinha carro ou não. Nunca havia o visto dirigindo, mas o fato de tudo ser extremamente perto na cidade ajudava bastante com isso.

Então, talvez ele realmente só não visse a necessidade de gastar gasolina para ir à faculdade ou ao trabalho.

Tive que fazer uma gambiarra para ser capaz de entrar pela janela da garagem. Peguei algumas pedras que decoravam o jardim e as empilhei cuidadosamente, formando uma escadinha improvisada.

Eu até que era boa com improvisos.

Pensei que seria uma atividade mais complicada, mas com um pouco de esforço, consegui pular.

Eu estava dentro.

Andrew tinha sim um carro estacionado na garagem, mas não dei muita bola a ele. Fui logo para a parte que me interessava de verdade: explorar.

A porta que unia a garagem com a sala de estar não estava trancada.

A primeira coisa que reparei, foi que a casinha de Andrew era um tanto quanto fúnebre.

Nada ali categorizou que o ambiente pertencia a ele.

Não haviam artigos de decoração divertidos ou posters de bandas colados nas paredes. A mobília parecia ser a mesma que vinha junto a casa, sem tirar ou acrescentar nada.

A única coisa que comprovava que alguém, de fato, morava ali, eram as canecas na pia, as blusas jogadas pelo sofá e alguns pacotes de salgadinho jogados pela mesa.

Eu podia ouvir o barulho do chuveiro ligado na eletricidade mesmo da sala. A casa não era tão grande e o isolamento acústico não era dos melhores, até porque apenas ele vivia ali.

Antes de ir atrás do meu objetivo principal, eu quis dar uma explorada a mais no lugar.

Mas não encontrei nada de interessante.

Nada que me contasse mais sobre quem era Andrew Graves.

Se até a casa dele, seu lugar mais secreto era assim, isso significava que talvez eu nunca conseguisse descobrir tudo o que ele tinha a esconder.

Essa parte misteriosa já estava começando a me deixar um tanto quanto irritada.

Por que ele teria escolhido viver uma vidinha tão sem graça?

Dando de ombros, resolvi ir logo à procura do amuleto. Deduzi que ele teria o deixado na padronizada lavanderia, localizada bem ao lado do banheiro na mobília de qualquer uma das casas da cidade.

Tomando cuidado com o som dos meus passos, eu fui até lá.

Logo confirmei que minhas suspeitas estavam corretas. Assim como uma muda de roupas limpas, Andrew havia deixado seu amuleto embolado ali, entre a máquina de lavar e um moletom preto.

Ele era cuidadoso. Provavelmente não queria que o amuleto acabasse se molhando.

Pena que seu cuidado com algo tão irrelevante quanto a água acabou sendo sua ruína.

Peguei o objeto e o guardei em meu bolso.

Preparei-me para ir embora, quando de repente bati o pé num recipiente de amaciante quase cheio, jogado ali, próximo a pia.

𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐄𝐃 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐘𝐎𝐔, andrew gravesOnde histórias criam vida. Descubra agora