Romance | Miotela ✓

31 / Amô

🥀# ANA FLÁVIA,
point off view.

Dois anos e meio depois...

Me levanto indo até meus dois amores que conversavam baixinho um com o outro, paro encostada observando Aurora no colo do pai saboreando seu macarrão, suas bochechas gordinhas estão sujas de molho assim como suas mãos e até a mesmo Gustavo está melecado.

Ainda fico chocada com o rumo brusco que a minha vida tomou, há uns anos atrás minha casa era repleta de pênis e vaginas por todos os cantos, prêmios e outras coisas que tinham haver com a minha profissão. Conforme Aurora foi crescendo tive que me desfazer de muitas dessas coisas. Algum tempo depois, sua primeira palavra veio e não me surpreendeu nada que papai foi ela, Gustavo comemorou como um bobo e eu fiquei feliz por ele. Logo depois seus primeiros passos e agora temos uma menina sapeca, extremamente inteligente e que simplesmente manda no pai.

Se ela pede, ele faz.

Se ela quer, ela tem, porque ele não consegue dizer não a Aurora Angel.

O que faz com que eu fique responsável pelos nãos e Gustavo pelos sim, ou seja nessa história eu sempre serei vista como a mãe chata.

Alguns meses depois que casamos, Gustavo resolveu me surpreender com nada mais nada menos que uma casa nova tão grande que, as vezes sinto que posso me perder nela. Gustavo se encantou pela cozinha da casa e decidiu que ali poderia ser o nosso novo lar, não nego que foi amor a primeira vista com todo aquele espaço, com a piscina no fundo e o melhor de tudo: a jacuzzi no nosso quarto - lugar onde eu fiz questão de inaugurar primeiro - é um sonho.

E agora com tudo nos eixos sinto que não me falta mais nada tudo aqui me faz feliz, me trás a paz que eu nem sabia que faltava, não é algo mais só meu e sim nosso cada cantinho tem um pedaço nosso, mesmo inerte pensando em minha vida maravilhosa não deixo passar que a parede ao lado do balcão tem algo errado, a mesma tem uma janela alta com uma vidraça que vai quase ao teto eu havia finalmente tirado folga e tomado vergonha na minha cara para ir comprar cortinas que combinavam com os móveis, observando-a noto várias manchas na cortina, parede e janela, mãozinhas arteiras que lambuzadas sujou as coisas da casa, não que eu me importasse, é só que é incrível ver aqueles olhos idênticos aos do pai se arregalando com a culpa fulminando neles.

Semicerro os olhos indo de braços cruzados até o local do crime, averiguo a situação e percebo o que é, me viro para a dupla inseparável pronta para ouvir a próxima desculpa da Aurora, coloco meu típico olhar de mãe séria e apenas coço a garganta chamando a atenção deles.

— Oi amor, nem vi você chegando. — Gustavo sorri levemente para mim e volta a se concentrar em Aurora.

— Hmm... Gustavo você pode me explicar o por que de ter molho de tomate na parede?

Ele que estava com a cabeça abaixada na direção de Aurora, congelou, seu olhar foi chegando lentamente ao meu e pude ver a cumplicidade nos dois no momento que eles se encararam, a culpa fulminou nos olhos de Aurora como eu já esperava que iria que acontecer, me controlo para não rir, mantendo minha pose de séria.