As paredes douradas exibiam uma vibrância tal que pareciam derreter ao som da música, a lua cheia clareava o salão através das imensas janelas. Os detalhes perfeitamente esculpidos nas paredes e no teto eram tão delicados, as pinturas espelhadas pelo salão como em todo o palácio realçava o desejo das pessoas pela arte. Os violinos se destacavam entre a harmonia dos instrumentos, e o ritmo da música fazia com que as pessoas na pista de dança se assemelhacem a vultos em movimento. Talvez o vinho estivesse exercendo seu efeito em meu organismo, pois tudo que eu conseguia ver era máscaras e vestidos bufantes.
Ao apertar os olhos, deparei-me com um par de olhos azuis que me fitava do outro lado do salão. O rosto estava coberto por uma máscara, e aqueles olhos não eram simples olhos azuis; eram os mais belos que já havia contemplado. Consegui distingui-los entre a multidão enquanto se aproximava com passos firmes e confiantes. Parando à minha frente, estendeu-me a mão. Hesitei por breves segundos antes de segurá-la, permitindo-me ser conduzida à pista de dança.
Enquanto dançávamos, pude observar seu rosto encoberto. Seus cabelos era de um castanho claro quase loiro, os fios curtos despertaram meu desejo de tocá-los. Seu rosto era marcado e firme, com queixo quadrado e lábios inchados e rosados.
Sem proferir uma palavra, dançamos três valsas consecutivas, ansiava por ouvir sua voz. Ao término da terceira dança, deu um passo para trás, apertando meu coração.
- Quem é você?- questionei. Ele se curvou e partiu sem olhar para trás. A música prosseguia.
- Qual é o seu nome?- apressei-me em perguntar enquanto o seguia. Contudo, o cavalheiro não respondeu, simplesmente continuando a andar sem sequer lançar um olhar para trás. Entre vestidos bufantes e cabelos espalhafatosos que se interpunham em meu caminho, esgueirei-me entre eles, mas já era tarde. Os lindos olhos azuis haviam desaparecido na multidão.
Essa breve interação despertou em mim o anseio pelo amor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O coração da coroa
RomanceQuando te vi, desejei amar-te profundamente, juntos para sempre, eternamente, incessantemente, até o último suspiro, até virarmos pó. Jamais pensei que meu amor seria minha própria agonia, meu próprio algoz, a causa de minha destruição.