Uma semana após, Philip e eu celebramos nosso matrimônio.
A tristeza e a dor ainda assolavam meu ser, e eu julgava ser prematuro um casamento. No entanto, era imperativo coroar um novo rei, visto que meu irmão não havia atingido a maioridade para assumir tal responsabilidade. Assim, Philip já tinha planos de desposar-me, tornando-se rei até que meu irmão alcançasse a idade adequada.
Nossa união foi realizada no castelo, embora todo o reino tenha festejado. Sentia-me deslocada com isso; será que todos já haviam se esquecido da morte de meu pai?
O castelo encontrava-se adornado com flores brancas e vermelhas. A cerimônia teve lugar no jardim, numa área mais ampla e desprovida de arbustos.
O local estava repleto de indivíduos, sendo a maioria deles desconhecida para mim.
Eu estava deslumbrante, conforme me foi relatado. Não conseguia contemplar a minha própria imagem; a única coisa que podia discernir era a tristeza que transparecia através dos meus olhos.
Entretanto, Philip irradiava felicidade, e quase pude testemunhar lágrimas em seus olhos enquanto eu caminhava em sua direção. Durante os votos, proferiu palavras belas que me comoveram:
— Eu te amarei por toda a minha existência, prometo zelar por ti eternamente. Tu és uma extensão de mim agora, e jamais te abandonarei, independente das circunstâncias — prometeu ele, depositando um beijo em minha fronte em seguida.
Internamente, fui profundamente grata por não terem solicitado os meus próprios votos. Amava Philip, é claro que o amava, mas receava não conseguir expressar-me sem derramar lágrimas.
Após a cerimônia, houve uma grandiosa celebração; não somente os convidados do casamento no castelo participaram, mas todo o reino se regozijou por completo.
Em determinado momento da festividade, recolhi-me ao meu quarto; incapaz de festejar qualquer coisa. Nem mesmo a minha união matrimonial com a pessoa que tanto amo.
Após o término da festa, Philip veio ao meu encontro em meu aposento, para consumarmos nossa união.
Ele se mostrou gentil e amoroso, ao menos é o que me recordo.
Na verdade, tudo ocorreu tão rapidamente que mal consigo relembrar daquela noite. Afinal, foi a única vez que ele me tocou.
No dia seguinte, Philip foi coroado Rei de Eldoria.
Mais uma vez, o reino inteiro celebrou. Todos festejavam e proclamavam "vida longa ao Rei".
Geralmente as princesas iam para o reino de seus maridos, mas com o falecimento de meu pai e por meu irmão Jeramy não ter atingido a maior idade, Philip seria o Rei.
Durante toda aquela semana, vivenciei uma intensa atmosfera de celebração e festividade. Mesmo ainda envolta em luto, juntei-me às comemorações, agindo assim em prol de Philip.
~
Desde o falecimento de meu pai, minha mãe mergulhara em um estado de choque profundo. Seus olhos permaneciam vazios, perdidos no vazio, parecendo não nos ouvir quando tentávamos nos comunicar com ela. Passava a maior parte do tempo reclusa em seu quarto, sendo alimentada pelas criadas. Solicitei a Selene que a acompanhasse, pois era naquela criada que depositava minha maior confiança.
O médico a visitou em diversas ocasiões e assegurou que o choque que ela enfrentara poderia tê-la deixado nesse estado, mas que logo passaria.
Entretanto, isso não se concretizou.
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O coração da coroa
Roman d'amourQuando te vi, desejei amar-te profundamente, juntos para sempre, eternamente, incessantemente, até o último suspiro, até virarmos pó. Jamais pensei que meu amor seria minha própria agonia, meu próprio algoz, a causa de minha destruição.