Capítulo 6 - A Magia do Sim

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Eu estava deslumbrante.

Tinha superado-me em vários aspectos.

Após o pedido de Philip, apressei-me em solicitar um vestido novo às minhas costureiras. No entanto, elas já estavam trabalhando em um vestido, o que facilitou tudo, pois não precisaram passar a noite costurando.

O vestido era longo, de cor bege, com mangas curtas e decote quadrado. A saia era volumosa e decorada com flores em relevo, totalmente delicado e elegante. Meus cabelos estavam perfeitamente presos em um coque, com alguns fios soltos. Minha fina coroa de diamantes pendia sobre minha cabeça. Apenas usava um colar de diamantes no pescoço e minha maquiagem era leve.

Eu me admirei por mais alguns segundos diante do espelho antes de descer e me deparar com um Philip já impaciente no fim da escada.

No entanto, seu semblante se transformou no momento em que me viu.

– Posso afirmar, Ella, que serei o mais bem acompanhado na festa. – Ele sussurrou, e pude ver que falava a verdade. Seus olhos transmitiam puro desejo.

Quando o alcancei, dei-lhe minha mão, a qual ele prontamente segurou.

Ele usava um terno preto com detalhes bordados em dourado e um colete também preto. O traje apresentava um corte clássico com mangas compridas, e o bordado cobria toda a lapela do terno.

Ele estava lindo, como sempre.

– As carruagens está nos esperando – ele disse, guiando-me para fora do castelo.

Lá fora, pude observar as duas carruagens reais que nos aguardavam. Ele me acompanhou até a minha, ajudando-me a subir e fechando a porta antes de ir para a sua.

Ao chegarmos à casa da duquesa, Philip abriu a porta da carruagem para mim, ajudando-me a descer e colocando meu braço pendurado no dele.

– Por favor, não se afaste de mim por muito tempo. Eu não suportaria ver outro lhe cortejando. – Ele pediu.

– Não se preocupe, serei sua esta noite – e por toda a minha vida.

A casa da duquesa era grandiosa e elegante. A entrada era adornada com um belo jardim, repleto de flores perfumadas e estátuas de mármore que decoravam o ambiente. A iluminação era feita principalmente por velas, criando uma atmosfera acolhedora.

Dentro, o salão estava cheio de pessoas da alta sociedade, que bebiam, dançavam ou conversavam em grupos.

Quando Philip e eu entramos, pude perceber os vários olhares voltados para nós.

O príncipe ao meu lado nos conduziu até a mesa de bebidas, dizendo estar com sede.

– Philip, príncipe de Baltmor. – um cavalheiro alto apareceu ao nosso lado, e pela forma como falou, percebi que estava debochando de Philip.

– Tadeo Blander, permita-me apresentar a princesa Ella, minha companheira esta noite. – Philip disse, e será que ele estava se exibindo?

O homem à nossa frente pareceu notar minha presença, mudou sua postura e se curvou imediatamente.

– Alteza. – ele disse para mim — Diga-me Philip, está pretendendo se mudar para Eldoria? Baltmor parece estar em uma grande confusão, uh? — ele interpelou.

Philip pareceu irritado de repente, seu corpo ao meu lado estava tenso. O cavalheiro bebericou de seu vinho, dando-nos um acenar se cabeça antes de partir.

– Quem é esse? Nunca o vi por aqui.

– Ele é filho de um cobrador de impostos, não se lhe dizer de que reino pertence.

Eu queria perguntar mais sobre esse rapaz, mas não queria parecer uma chata curiosa, e meu parceiro parece já ter se irritado o suficiente.

A festa passou tão rapidamente que parecia que não tínhamos estado ali nem mesmo por uma hora. Philip e eu dançamos várias valsas, tomamos ponche e petiscamos alguns aperitivos. Às vezes, ele me apresentava a conhecidos - mesmo sabendo que todos ali me conheciam - e eu, na maioria das vezes, apenas trocava algumas palavras e comentários agradáveis.

Em alguns momentos em que fiquei sozinha, algumas conhecidas minhas apareceram para perguntar se o príncipe Philip estava me cortejando, e eu respondia de forma vaga, como "talvez".

Quando metada das pessoas ja haviam ido embora e meu pés estavam doloridos pelas danças, pedi a Philip para irmos embora, e ele pareceu contrariado com meu pedido, o que me fez ter um breve arrependimento... mas não recuei. No entanto, ele concordou, despediu-se de algumas pessoas e me acompanhou até a minha carruagem, elogiando-me o tempo todo, como fez durante a festa.

Eu estava em um estado de êxtase. Ao chegarmos ao castelo, o príncipe me acompanhou até meu aposento, exibindo um sorriso terno em seus lábios, enquanto eu retribuía da mesma forma.

— Posso fazer-te um pedido? — indagou ele, ao que eu fiz uma expressão pensativa.

— Adiante — respondi.

— Dê-me um beijo — solicitou ele, aproximando-se de mim e me deixando encurralada.

— Está louco? E se alguém nos flagrar...

— Em breve você será minha esposa, Ella; não vejo nenhum problema nisso.

A intensidade da situação me pegou de surpresa, causando um engasgo momentâneo e um acelerar frenético do meu coração, levando-me a sentir uma sensação de tremor em todo o corpo.

O príncipe não se deteve para formular um pedido formal ou considerar minha possível reação diante de suas palavras.

— Exceto se você não desejar se casar comigo. Eu compreenderei se assim for...— ele começou a dizer, mas não esperei que concluísse a frase. Joguei-me em seus braços proferindo vários "sim, sim, sim, sim". Ele retribuiu o gesto apertando-me de encontro a si. Afastei meu rosto de seu pescoço para fitar seus olhos, que resplandeciam em um azul vibrante, e eu me vi perdida na profundidade de seu olhar.

Foi então que nos beijamos.

De forma apaixonada.

O coração da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora