Um tipo diferente de ômega

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Dois anos de reclusão, essa fora a pena proferida pelo juiz, logo quando leu a sentença após o julgamento do ômega, dois anos de sua vida, encarcerado, e no fundo se culpava, mas com razão.

Seonghwa fora acusado de dirigir sob efeito de maconha e álcool, ao qual destruíra parte do patrimônio público da cidade de Amorphis, capital do território de sua matilha, conhecida pelo nome de Therion, tal como fizera uma vítima, ainda que não fatal, felizmente, do contrário, o ômega poderia ganhar uma sentença que levaria quase trinta anos de sua vida.

O tempo que passara recluso, lhe fizera refletir sobre o ato, mas ainda assim, não suportava o fato de que seus pais, Mingi e Hongjoong, sempre que lhe visitavam, tentavam colocar em sua cabeça, sobre o tipo de comportamento esperado de um ômega, tal qual como agravante da situação, não era qualquer ômega, mas sim, o filho do ômega e do alfa líderes da alcateia.

O jovem nunca fora de agir tal qual os garotos de sua classe híbrida, sempre tão comportados e dóceis, com suas vozes mansas e atitudes comedidas e tranquilas. Ao contrário do que ocorria entre os garotos de sua idade, também ômegas, Seonghwa era impulsivo, explosivo e por muitas vezes até sendo um tanto agressivo.

O dia de sair finalmente havia chegado, estaria livre, e isso enchia seu peito de uma alegria crescente, não aguentava mais estar enclausurado, seguir ordens e obedecer a uma hierarquia a qual era imposta pelos carcereiros. Ainda que entre os detentos, Seonghwa os liderasse, já que alfas e ômegas ficavam presos em alas diferentes da penitenciária.

Ainda que estivesse na ala dos alfas, não se deixaria ser suprimido por nenhum deles, seu gênio era forte o suficiente para fazê-los entender que consigo nada era fácil, ainda mais quando se tratava de colocá-lo a se submeter.

Do lado de fora, Mingi e Hongjoong lhe esperavam, estavam ansiosos, finalmente o filho mais velho sairia, não viam a hora de poder abraçá-lo sem as restrições de contato físico, impostos pelo regimento da instituição de cumprimento de penas.

Não demorou até que vissem o jovenzinho saindo, através do portão imenso, vestindo a mesma roupa com a qual entrou ali, dois anos antes. A camiseta preta da banda favorita do garoto, e a calça de moletom igualmente preta, quem visse o estilo tão despojado e rebelde, nem imaginaria se tratar de um ômega, já que a maioria costumava usar roupas e cores mais neutras.

Correu então até os pais, abraçando-os fortemente, sentindo o calor dos braços dos progenitores, lhe causando uma sensação incrível de pertencimento e acolhimento, que há muito queria sentir.

- Senti tanta saudade de vocês, pai, papai! – Referiu-se a cada um do jeito que costumava chamá-los, lhes dando um doce sorriso, raro, diga-se de passagem. – Onde está Jongho? – Comentou, dando por falta do irmão.

- Há essa hora o seu irmão está na escola, filho! – Hongjoong respondeu, lhe acarinhando nos fios escuros.

- Ah, me esqueci disso! E vamos logo, eu não aguento mais ficar perto desse lugar de merda, e eu preciso tomar um banho, da minha cama e também da sua comida, papai. – Disse para Hongjoong.

- Não se preocupe filho, papai fez o seu prato favorito. – Hongjoong comentou, e logo se lembrou de algo de suma importância a qual precisaria conversar com o jovem, e por isso olhou direto para o marido.

- Então vamos, sim! – Mingi se pronunciou, movendo-se para entrar no carro.

Após entrarem, o caminho tranquilo, Hongjoong contava algumas novidades ao filho, e Mingi apenas os ouvia tagarelarem de um jeito animado, sorria, sentira falta daquilo.

Assim que chegaram em casa, o mais novo correu para o quarto, deixando seus pais para trás, precisava se livrar daquele fedor de cadeia, e esperava nunca mais voltar para aquele lugar horrendo.

Hongjoong se sentou no sofá, sendo acompanhado por Mingi que se sentou junto, abraçando-o através de seus ombros, puxando-o para ficar próximo.

- Eu estou até prevendo a reação dele, o Seonghwa vai enlouquecer. – Hongjoong disse um tanto apreensivo, respirando fundo para evitar morder a unha do dedão, um ato vicioso que possuía devido ao stress ou a ansiedade, e naquele momento estava realmente receoso.

- Não se preocupe com a reação dele, meu amor, preocupe-se em como vamos convencê-lo a fazer isso, você sabe, o Seonghwa pode ter um gênio terrível e costuma ser irredutível em algumas decisões. – Mingi comentou, virando o rosto para o marido, plantando um suave beijinho no topo da cabeça do menor.

- Eu venho pensando nisso há dias, e eu realmente não sei como convencer o Hwa a se casar, ele nunca nem mesmo cogitou a possibilidade, ainda que ele soubesse que como filho do líder, ele precisaria se casar, para que ele e o marido pudessem assumir o posto de alfa e ômega líderes. – O menor deitou a cabeça contra o ombro do marido, aspirando um tanto dos feromônios liberados por ele, para que sua ansiedade fosse amenizada.

Ficaram por alguns minutos conversando, até ouvirem passos da escada, e assim que o filho desceu, Mingi e Hongjoong se levantaram, e o alfa por sua vez, tomou a frente na conversa, impedindo que o descendente fosse adiante para a sala de jantar, devorar seu almoço.

- Lembra que eu e seu pai dissemos uma vez para você que o futuro de Therion dependia de você? – Questionou para o menor e o viu assentir, cruzando os braços.

- Sim pai, você já disse isso inúmeras vezes, não tem como não lembrar. – Debochou, mas ficou quieto em seguida, permitindo que seu pai continuasse.

- Therion está sob ameaça de ataque, por parte de algumas matilhas que querem se unir, e por sermos a segunda maior, atrás somente de Krypteria, nós fizemos um acordo que servirá de aliança, não somente familiar como também militar, e assim as nossas bases se fortalecerão definitivamente, e ninguém seria capaz de atacar, nem nós, e nem eles. – Mingi prosseguiu sua explicação, sob o olhar um tanto julgador do filho que não estava entendendo onde aquela conversa estava para chegar.

- Bom pai, eu entendo a situação, e como posso ajudar? – Questionou, suspirando um tanto cansado, e sentindo a barriga roncar.

- Filho, nós, seus pais, sempre soubemos o que é melhor para você, e quando demos o controle em suas mãos, você acabou parando numa penitenciária. – O alfa não conseguiu evitar ser duro em suas palavras, olhando de canto para o marido, que assistia quieto.

Antes que Seonghwa retrucasse, seu pai retomou o que falava, não dando espaço para que ele recusasse qualquer coisa antes de tê-la ouvido.

- Seonghwa, você como ômega sucessor da liderança de Therion, vai se casar com Yunho, o filho do alfa e ômega líderes e sucessor da liderança de Krypteria. – Proferiu, e Seonghwa sentiu como se tivesse ouvido algo quase como o que ouviu dois anos antes, quando fora julgado e condenado.

- VOCÊS PERDERAM O JUÍZO? – Seonghwa berrou, olhando alternadamente para seus pais,

- Filho, você precisa fazer isso, está na hora de crescer! – Hongjoong se pronunciou também, um tanto exasperado com a situação.

- EU PREFIRO INALAR GÁS, DO QUE ME CASAR COM ALGUM ALFA IDIOTA! – Voltou a berrar, não hesitando em chutar a mesa de centro em um acesso de raiva, fazendo seu pai ômega recuar, um tanto assustado.

Ao notar seu comportamento, Seonghwa também recuou, bagunçando os próprios cabelos. Voltando a olhar seus pais.

- Amanhã haverá um chá para que você conheça o seu noivo, esteja apresentável, ele e sua família chegarão de Krypteria e virão direto pra cá, acontecerá as cinco, no quintal. – Mingi falou com sua voz um tanto fria, diante o comportamento do filho.

Logo o alfa tomou o braço de seu marido com cuidado, virando-se para que seguissem até a sala de jantar.

Seonghwa respirava fundo, olhando um ponto aleatório e fixo logo a frente.

- Vamos ver se ele vai querer se casar comigo... – Sorriu diabólico, indo em seguida para a sala de jantar.

Casamento Desarranjado || yunhwa ver.Onde histórias criam vida. Descubra agora