História à beira do lago

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Naquela manhã pós baile, Yunho ficara na cama um tanto mais, se sentia um pouco cansado e com uma leve ressaca devido a quantidade de álcool ingerida, ainda que alfas fossem resistentes, mas não tinha por costume, beber sempre.

Seonghwa foi o primeiro a se levantar, e resolveu que aproveitaria o lindo lago cristalino do qual podia dispor, em frente à grande casa de madeira que dividia com o marido.

A água parecia ter a temperatura exata sempre para ser convidativa a permanecer, e assim o ômega o fez, nadando tranquilamente nas belas águas, criando ondas a cada braçada suave que dava para se aproximar novamente da borda.

A bela figura em branco estava logo à margem do lago, sentado na grama verde, olhando direto para si, os cabelos longos e brancos esvoaçavam com o vento que soprava da floresta, fazendo-o parecer mais bonito ainda aos olhos do ômega, que por um instante se sentiu hipnotizado com o oráculo. Não esperava a visita de Renjun ali, ainda mais tão cedo.

- Eu assustei você? – O jovem de branco sorriu, estendendo sua mão para que o ômega a pegasse e sentisse naquilo, ajuda para sair da água.

Nem mesmo o fato de estar completamente nu, fez com que Seonghwa se sentisse envergonhado na presença dele. Era tão reconfortante e leve, que era como se aquele detalhe não o incomodasse em momento algum.

- Não... Eu gostei de ver você aqui. – Sorriu de volta, se sentando ao lado dele.

- Deve estar se perguntando por que eu estou aqui, não é mesmo?

- Devo admitir que no fundo, sim. – Seonghwa riu baixinho, desviando o olhar um instante para olhar a própria casa e ver se Yunho estava saindo dela.

- Me desculpe, não quis te incomodar. – O ômega diferente sorriu, automaticamente fazendo Seonghwa repetir o ato e tornar a fitá-lo.

- Você não me incomoda, não pense nisso, Renjun! – Foi rápido em justificar-se.

- Eu apenas queria ver você, o Yunho também, mas eu sabia que só encontraria você. O álcool pode ser um pouco severo. – Deixou seu melodioso riso escapar. – Venha, deite-se aqui. – Chamou-o, oferecendo seu colo para o ômega.

Seonghwa não hesitou em fazê-lo, juntando sua cabeça ao colo do rapaz, sentindo a maciez do toque em seus cabelos escuros.

- Você é um ômega tão destemido, forte, corajoso. Eu disse isso a você ontem, se lembra? – Questionou e prosseguiu após o outro assentir. – Minha missão é zelar por você e Yunho, meu doce ômega. Eu sabia que essa seria a minha tarefa principal quando chegasse a hora. Eu estive olhando por Yunho por todo esse tempo, e esperei que você chegasse aqui. Agora que estão juntos, são fortes. – O carinho nos cabelos fazia o ômega quase se sentir sonolento, tamanha delicadeza imposta no ato.

- Todo esse tempo, você sabia que eu e Yunho nos casaríamos? – Virou-se para que o rosto pudesse ficar voltado na direção dele e o olhasse.

- Sim, eu sabia. Yunho não desistiu de você, mesmo sabendo que você era incomum, porque no fundo, o lobo dele já tinha escolhido o seu. Você e Yunho se conheceram quando seus pais vieram até Krypteria, quando você tinha pouco mais de três anos de idade, e te trouxeram. Você e Yunho se tornaram amigos, naquela semana que seus pais, o alfa e ômega líderes, tratavam de negócios, com os pais de Yunho, o alfa e ômega líderes de Krypteria. – Renjun contou um pouco, fazendo florescer uma memória longínqua na cabeça do ômega, sobre um menininho que brincara com ele, em sua primeira infância.

Seonghwa inevitavelmente sorriu, era um meio borrão, só se lembrava das risadas e imagens um tanto embaralhadas, mas sentia nelas, uma alegria doce.

- Naquela semana, você e Yunho foram até seus pais e disseram que se casariam, e naquele momento todos riram e acharam engraçadinhos, mas sua veemência fez com que ambos os seus pais e de Yunho, firmassem um acordo informal, de que vocês se casariam quando tivessem idade o suficiente para lidar com o casamento. Seus pais não mentiram quando disseram que uma aliança entre alcateias através de um casamento, os fortaleceriam, mas também estavam cumprindo o acordo de anos atrás. – O oráculo findou sua história, um sorriso doce, unindo-se a um carinho na bochecha do ômega.

Seonghwa se sentou lentamente, seu ato impulsivo fora o de abraçar o oráculo, apertando-o entre seus braços, sentindo o delicioso calor emanado por ele, junto da sensação de conforto e paz.

- Obrigado por me contar, por trazer essas memórias, ainda que tão borradas, eu tenho muito o que te agradecer. – Seonghwa se afastou aos pouquinhos, olhando-o nos belos orbes azuis.

- Não tem que me agradecer meu doce ômega, apenas precisa ser feliz. – Renjun tocou seu rosto com ambas as mãos, dando-lhe um selinho.

Ergueu-se do chão, e com a mesma quietude que veio, foi embora, deixando que sua figura branca sumisse em meio às árvores da floresta.

O ômega ainda permaneceu algum tempo fitando o local por onde ele havia partido, mas deixara em seu rosto, um sorriso.

Aos poucos se levantou, recolhendo do chão, as roupas, seguindo em poucos passos para casa, até entrar no recinto, largando as peças de tecido pelo assoalho, e com calma subiu as escadas.

Sentiu do corredor um cheiro forte de feromônios vindos do quarto, era como uma bomba de odor atrativo que o guiava até o quarto. Assim que empurrou a porta, avistou seu marido na cama, vestindo somente aquela maldita calça de pijama, parecia dormir, mas seu corpo estava suado, os fios grudados na testa ensopada de suor, o peitoral subia e descia freneticamente, as veias aparentes dos braços definidos.

Yunho abriu os olhos aos poucos assim que viu seu ômega completamente despido, aos pés da cama, seus orbes num tom carmesim, cintilavam sob a luz da manhã que penetrava por entre as cortinas entreabertas.

Seonghwa entendia agora. Yunho estava num ciclo de heat, o cio do alfa havia chegado. A indisposição não era o álcool, nem tampouco cansaço da festa, o outro se sentiu indisposto pelo pré-heat, quando seu corpo juntava todo o feromônio para exalar em seguida.

- Yunho... – Sua voz baixa soou provocativa para o alfa que se levantava lentamente, vindo em sua direção.

Podia ouvir a respiração irregular do maior, e o cheiro cada vez mais amolecia o ômega. O braço forte circundou a cintura nua, pressionando-a com posse, fazendo com que o menor perdesse um pouco mais da compostura.

O nariz do alfa foi ao pescoço do marido, aspirando o odor doce de ômega que ele exalava de forma inconsciente, sendo instigado pelos feromônios do alfa.

- Você cheira tão bem... – Yunho disse com sua voz rouquinha. Seonghwa acabou por gemer em resposta, movendo seus dedos magrinhos na direção dos ombros, afundando-os sob o local.

- Yunnie... Você está quente, quente demais. – Suas palavras soaram ainda mais provocantes para o marido.

Com o pouco de sanidade que ainda lhe restava, juntou-a para retrucar uma primeira e última vez sobre a presença alheia.

- Seonghwa-ya... Se você não sair agora, eu não vou ser capaz de me controlar. – Avisou-o, enquanto seu rosto se afastava para fitá-lo nos olhos, seus orbes oscilando entre vermelho e o negro costumeiro.

- Não! Eu não vou te deixar sozinho agora, Yunho. Eu sou o seu marido, e eu quero fazer isso por você. – Seonghwa o respondeu de imediato.

- Essa vai ser a nossa primeira vez, eu não queria que fosse dessa maneira. – Yunho o advertiu.

- A nossa primeira vez vai ser especial de qualquer jeito, sob o efeito do heat ou não. – Aquela vez, a voz do ômega que exalava confiança.

- É a sua última chance... – Os olhos do alfa tomaram novamente a predominância da cor rubra.

A resposta do ômega não veio por meio de palavras, mas sim pelo gemido manhoso que deu próximo a audição apurada do alfa, recebendo em troca, um rosnado de puro desejo e posse.

Casamento Desarranjado || yunhwa ver.Onde histórias criam vida. Descubra agora