──── 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐨𝐬 𝐯𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨𝐬

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      TALVEZ fosse um sentimento de paz para Paula pisar em casa, sentir o cheiro de seu lar e, às vezes, esbarrar em alguns brinquedos. Sua casa havia ganhado uma integrante nova a um tempo, mas parecia que era muito mais que só uma, apenas pela bagunça.

Paulinha era sua força. Tentava se manter firme para ser exemplo para menina, como uma inspiração do que ela gostaria de ser quando crescer e na idade dela buscava esses modelos.
E a garota tinha uma personalidade tão forte quanto todas da família, mesmo carregando duas luas de vida.

Só conseguia ouvir as risadas da garota, enquanto Flávia e Ingrid cantavam os desenhos da televisão. A loira podia jurar que elas eram adultas, por mais que não parecesse.

Sentia uma vontade imensurável de estar naquele momento, curtindo as brincadeiras, e estaria em breve, mas por agora precisava revisar os orçamentos das vendas dos últimos três meses.

O que não eram muitas.

Contudo, existia um valor acima do que previa e aquilo a tranquilizou, tinha de onde tirar novos investimentos e limpeza da sua imagem. Qual ela nem sujou, mas não tinha como dizer contra a isto, pois sua palavra não bastava.

Enquanto Ingrid continuava brincando com sua neta, ouviu Flávia gritar mãe e apenas deu um sinal, demonstrando que estava escutando-a. Por incrível que possa ser, ela realmente estava ouvindo. Tanto que opinou sobre o show que sua filha planejava, em como tinha imaginado as coisas e torcia para tudo ir de acordo com sua mente.

Até que a mesma para, ficando em completo silêncio, junto do resto do seu trio. Uma parte sua queria ver a causa, mas não fez, agiu como se o assunto tivesse terminado, expressando naturalidade.

Trim trim.

E o motivo daquela atitude foi o celular de Paula.

Estava recebendo uma ligação urgente, com a foto de um homem e o contato salvo, pelo o que enxergavam, como my mib.

Men In Black.

Ambas conheciam aquele rosto, seria difícil não conhecer nos tempos atuais, o que questionavam era a conexão deles, e a intimidade, tal qual era perceptível pelo apelido.

Com isso, Ingrid tosse e joga o celular para o sofá que Paula estava sentada, caindo no espaço vazio e com a tela para cima, ainda na ligação esperando ser atendida. Assim, que notou quem era, a mulher põe o notebook de lado e respira fundo para atender.

"Alô? Paula?"

"Estou te ouvindo."

"Fine!" sua voz saiu mais alta do que ele queria, notou isto. "Gostaria de jantar comigo? Como nos velhos tempos."

"Naquele restaurante?"

"Naquele restaurante, o que você gostava que eu te levasse." eles riram juntos e de uma forma nervosa. "Estou te esperando, eu sei que você vai vir." e a ligação se encera.

Ela iria.

Afinal, este era o motivo deles deixarem coisas mal resolvidas, pois podiam se encontrar novamente com o objetivo de solucionar aquilo, criando mais desculpas.

Batia na tecla que sempre um liga atrás do outro, hoje era Zé Alfredo, amanhã podia ser Paula Terrare e depois ambos.

Não ficavam longe um do outro por muito tempo, existia algo além da culpa e do arrependimento, mesmo que eles fossem pesados.

Havia química, admiração, respeito e muita disposição, foram construindo isso sem planejarem de verdade.

Paula pula do sofá, jogando as duas almofadas que estavam em sua perna no chão e começa a dar alguns pulos, comemorando seu chute certeiro consigo mesma. Aquilo atiçou a curiosidade de suas filhas, fazendo-as rirem e seguirem a mulher em direção ao quarto.

𝐈𝐍𝐍𝐄𝐑𝐁𝐋𝐎𝐎𝐌 | paula t. & zé a.Onde histórias criam vida. Descubra agora