COM o sucesso batendo nas portas da Império, acredito que eu precisava sair do meu conforto. E foi o que comecei a fazer.
Não existia muitas formas de crescer em várias áreas, ou você muda toda sua estética ou conseguia alguém rico para comprar algo seu, ajudando com divulgação.
A segunda era minha única opção.
Marta e eu estávamos na pior fase do nosso casamento. Se é que existia um ainda. Aquilo conseguia me deixar tão aperreado, até porque as coisas virariam uma zona, emperrando o que eu podia estar construindo.
Por conta disso recorri ao Celso Terrare, um velho amigo de carnavais passados que me devia um favor, este que me custava caro pois dar alguma jóia de graça era um prejuízo e uma incoveniencia ao monte Roraima.
Diferente da última vez que tinha falado com ele, agora morava em uma casa menor, outro bairro e mais discreta do que estava acostumado a viver. Aquilo me cheirava dedo de mulher.
Não precisei interfonar, pois no exato momento que pisei no carpete do tapete, uma senhora abriu a porta. Seu rosto me era estranho, não seria incomum, só parecia não estar acostumada ao que estava fazendo.
— Bom dia, você deve ser José Alfredo.
— O próprio.
— Entre, Celso deve estar chegando em breve. — ela se afasta da porta, me dando espaço para entrar, onde me deparo com calçados e um cabide para casacos. — Ele disse que não demoraria, sinta-se a vontade e grite Tuninha se precisar de algo.
Apenas concordei com a cabeça, olhando em volta da casa, reparando muito mais nos quadros do que em toda cor que tinha ali. Ou melhor, a falta dela, já que tudo tinha o mesmo tom.
Todas as vezes que visitei o Celso sentia cheiro de álcool e drogas, e não era como se ele fosse um cara ruim, só era um viciado. Desta vez o ar era mais doce, ainda existia o amargo do álcool, mas se misturava com o adocicado de flores.
Tentando me desligar dos quadros, dei de cara com uma mulher sentada na poltrona maior da sala de estar, segurando um livro numa mão e suco na outra, trazendo um ar mais cabulosa a primeira vista.
Principalmente pelas ondas em seu cabelo, intercalando entre o castanho e o loiro, cobrindo um pouco do seu rosto e ficando apoiadas em seus ombros. Os centímetros dourados se iguala a cor das jóias, já o resto da cabelo deixava o vermelho da sua roupa mais vivo.
Poderosa.
Ela deu uma golada em seu copo e me olhou, franzindo a testa, medindo toda minha reação. Parecia mais curiosa que eu. Ainda me olhando, colocou o suco na mesinha de centro junto do livro e se arrumou esticando o corpo.
— Meu marido ainda não está em casa.
— Tuninha me contou. — fui diminuindo a voz por conta da minha intimidade, mesmo tendo sido assim que a mulher se apresentou para mim.
— Então pode sentar, é de graça. — e é o que faço, sentando no sofá em frente a ela, que sorri. — Mas acho que dinheiro não é um problema para você, José Alfredo.
Agora eu que media a mesma, questionando em qual situação descobriu meu nome, sendo provável do Terrare ter me apresentado por foto.
Mas eles falavam sobre mim?
A mulher não tinha cara de se interessar por estes assuntos, coisas que eu conversaria com o marido dela.
— Acho falta de respeito saber sobre mim e eu não saber nem seu nome.
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𝐈𝐍𝐍𝐄𝐑𝐁𝐋𝐎𝐎𝐌 | paula t. & zé a.
Fanfic──── na qual a empresa da Paula Terrare esta a beira da falência e, contra sua vontade, precisa recorrer a ajuda de Zé Alfredo, amigo de longa data e de um passado escondido nas paredes da Terrare Cosméticos e da Império.