TER novamente seu som embutido no carro tocando algo que não lhe agradava era nostálgico, isso ignorando o cheiro de canela que vinha da loira. Desde quando ela aderiu o creme corporal, se esqueceu como era seu aroma antes dele.
Realçava todo conjunto da mulher.
A beleza, carisma, fé e determinação com aquelas cores chamativas fazia ela ter o que queria. Atenção.
Possivelmente nem reparou – e aquilo o agonizou – quando o assunto saiu de uma discussão sobre a música para a vida deles. Como foi o caminhar dos dois, agora separados, se privando de conexão de seus caminhos.
Se recusou a acreditar no que Paula contava e devia ser comum, já que ela não bateu na tecla para que aceitasse, apenas continuou contando sobre ter voltado da morte e como teve que lidar com ela por um ano, sendo uma tortura bem pessoal.
Zé tinha lido e visto por todos noticiários o avião que caiu com ela e mais quatro pessoas, e não aceitaria dizer nem com uma arma na cabeça que orou a todo momento para que a mulher aparecesse viva. Havia sido a primeira notícia que teve da mulher após se afastarem, consequentemente a pior para se ter.
— Não é tão fácil de entender como o meu foi.
— Claro, você só fingiu sua morte e voltou dos mortos sem ter morrido, eu literalmente morri e ainda tive o desprazer de trocar de corpo com o Neném como castigo da vida. — bufou e negou com a cabeça. — Correção, castigo da morte né.
— Neném? — não o olhava, mas a mulher podia ter uma pequena certeza que sua expressão tinha algo ligado a fechar o rosto, como sempre. — De três pessoas, excluindo você, trocou logo com ele?
— Guilherme e Flávia tinham um tipo de caso, sobrou só nós dois.
— Paula? Eu te conheço.
— Eu gostava dele, inventei que ia morrer mais cedo por uma doença e que tínhamos que casar logo, estava desesperada para casar com ele tá? — afirmou ela, tentando limpar seu lado da história. — Essa troca de corpos foi uma consequência pelas nossas atitudes. Mais pelas minhas que atrapalhou todos.
Impossível não esperar mais que aquilo vindo dela. Passou anos o suficiente com a mulher para saber que faria tudo por amor e sem medir esforços, Paula amava com todo seu ser e é capaz de se desfazer de sua alma por alguém.
— Casaram?
— Não, as coisas não eram tão fáceis e nós dois éramos muito presos no passado, comparação rolava demais e não era legal sabe. Ainda gosto muito dele, mas não rola.
José se manteve olhando para a estrada para entrar na garagem do salão e concordou com a cabeça, respirando mais fundo, assimilando com mais calma o que ouviu. Sentiu uma queimação no estômago e suas mãos suarem, junto do seu coração palpitando com força, quase pulando e ficando preso no seu blazer.
Odiava ser ciúmes. Mas pela loira ele gostava.
Conseguia ser um contraste interessante vê-los saindo do carro, Paula com um vestido rosa pomposo que iluminava a escuridão do habitual e monótono preto de Zé Alfredo.
Conhecidos e convidados seguiam eles com os olhos, tinham muitos entrevistadores e admiradores deles, e por conta disso, pararam seu tempo para responder algumas coisas e sorrir para fotos. Até o grisalho puxar a mão da mulher e colocar no meio de seu braço, dando a entender que voltasse a andar.
Tinha tempo o suficiente de relação com ela para saber sua obsessão com holofotes e câmeras, aquilo atentava um lado seu que desligava a faladeira.
— Boa noite Imperador e Sirigaita Falida.
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𝐈𝐍𝐍𝐄𝐑𝐁𝐋𝐎𝐎𝐌 | paula t. & zé a.
Fanfiction──── na qual a empresa da Paula Terrare esta a beira da falência e, contra sua vontade, precisa recorrer a ajuda de Zé Alfredo, amigo de longa data e de um passado escondido nas paredes da Terrare Cosméticos e da Império.