Um Lobo Curioso

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O cheiro fresco de terra molhada agraciava qualquer indivíduo, o sol estava escondido entre nuvens acinzentadas.

As patas afundaram na lama do campo esverdeado e de grama alta, cada um se separou e seguiu andando tentando fazer o mínimo de barulho possível. Os olhos escarlate brilharam ao avistar as criaturas grandes e de pernas finas, alguns com galhadas majestosas e outros com meros tocos na cabeça.

Quando um levantou a cabeça e girou as orelhas, o alfa já soube que aquele era o momento certo para caçar. Ele endireitou sua coluna e suas patas firmaram no chão escorregadio para em seguida correr.

Os veados entraram em pânico ao serem rodeados pelos lobos de diferentes pelagens.

As criaturas correram para qualquer direção que conseguissem, já os lobos focaram em suas patas mesmo que fosse perigoso.

Com a grama alta se tornava difícil para os mamíferos de galhada saberem onde seus predadores estavam.

Um por um caiu quando suas pernas foram mastigadas pelas presas dos canídeos.

Alguns escaparam rapidamente, mas um em específico chamou a atenção do alfa daquele bando. Ele possuía os maiores chifres, o maior corpo. Aquele era o líder.

O lobo de pelagem clara avançou sem medo das pontas afiadas da galhada grossa. Ele rapidamente desviou do que teria sido certeiro e até um movimento fatal. O lobo escorregou na lama bem a tempo daqueles chifres ousados tentarem pegá-lo.

Flexionou suas penas e avançou contra a coxa grossa do veado. Suas presas afundaram na carne e ele não desgrudou mesmo após os pinotes que o outro dava.

Outros lobos cercaram o líder para que a presa não fugisse e quando o lobo de pelagem clara largou sua vítima, ele mirou rapidamente no pescoço para que o outro tivesse seu fim.

Uivou triunfante e seus aliados puxaram o corpo mole para arrastá-lo de volta para onde a alcateia se localizava. Os lobos seguiram caminho com todas as caças obtidas.

Ao se aproximarem seus corpos foram se modificando aos poucos.

O alfa sentiu os pelos sumirem, sua estrutura óssea se quebrar e se juntar novamente. As orelhas pontudas diminuíram para humanas e seu corpo se revelou musculoso como quase todos os outros lobos de sua equipe de caça.

Alguns moradores puxaram mantos para que as criaturas nuas enrolassem em suas cinturas.

— Parece que teve outro sucesso na caçada. — o beta de cabelo liso e escuro sorriu com sua fileira branca e reta de dentes.

Sua roupa era simples como a de um camponês. Um dos amigos de infância do alfa, Hanta Sero.

— Ainda precisamos reunir algumas fêmeas férteis para criação, nasceram muitos machos nos últimos meses. — o alfa explicou passando uma das mãos no cabelo loiro e arrepiado.

Suas mãos e pés estavam sujos de lama e agora, consequentemente, seu cabelo também estava.

— Os rebanhos aumentaram, o que é bom, mas como estamos na primavera, é normal que a época do cortejo traga ainda mais alimento. Nossos estoques ficarão lotados. — o beta se aproximou dos outros colegas de alcateia. — Não está na hora… você sabe. — ele parecia nervoso.

Um homem de cabelo ruivo riu com suas presas pontudas e encarou o melhor amigo.

— Katsuki arrumar um par? É mais fácil ele ficar sozinho. — Eijirou Kirishima zombou. — É a época do cortejamento, não é melhor arrumar um ômega logo? — ele ergueu uma de suas sobrancelhas.

— Não tô interessado. — Katsuki respondeu indiferente com o assunto.

— Sua mãe vai te deserdar se você não aceitar alguém logo. — advertiu cruzando os braços, mas seu manto caiu e Hanta riu.

A Arte do Cortejamento - Bakudeku ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora