Acordo entre pai e filho

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A primeira coisa que ele fez naquele dia foi procurar por mais cervos, Katsuki seguiu com seu melhor amigo pelo campo de grama alta e com o beta de sorriso reto — mesmo que agora seus dentes estivessem pontudos pela forma animal.

Eles fizeram o mesmo esquema de cercar as presas, a única diferença era que daquela vez não matariam nenhum, apenas iriam os afugentar para o caminho que desejassem.

Cada grupo cercava as fêmeas e filhotes — esses que seriam apenas um extra pelo trabalho esforçado —, e os assustavam com rosnados.

As criaturas de pernas longas correram desesperadas pelos cantos, seus pulos altos e desgovernados seguiam exatamente para onde os lobos queriam. O caminho era longo e demorado, mas isso não os impedia de assustá-los fingindo morder suas pernas para que eles corressem mais rápido.

Um filhote chegou a cair no meio do caminho, Kirishima rosnou ao seu redor até que o animal se levantasse e voltasse a correr à procura de sua mãe.

Outros lobos os esperavam perto da vila, esses terminaram de guiar os animais para onde queriam: outro campo; porém este tinha cercas e quando os cervos se acalmassem, eles provavelmente não iriam pular a barreira.

Katsuki bocejou enquanto seus amigos se aproximavam. Eijirou com sua boca aberta e língua para fora, e Hanta com o rabo abanando.

O trio prosseguiu até perto do celeiro, desfizeram suas formas e se enrolaram em mantos próprios para esconder a nudez de todos que ajudassem no trabalho de conseguir mais fêmeas férteis para a procriação de cervos.

— Tô morto! — Sero sorriu cansado, seu rosto estava suado e o cabelo preto grudava na testa.

— Só você? — Eijirou ironizou, a única coisa que ele queria era se enfiar em uma bacia com água e relaxar lá dentro.

— Você parece pensativo. — o beta fez bico e encarou o alfa líder.

Katsuki saiu de seu transe e encarou o moreno.

— Me pergunto se homens também têm cheiros iguais aos dos ômegas. — soltou sem pensar.

Eles seguiram caminho para a casa de Bakugou, as roupas dos três estavam por lá.

— Não… eu acho. — Hanta respondeu encarando o céu azulado da manhã. — Não parece ter tanto sentido, sabe?

— Bem, existem várias versões de alfas e betas, por que não ômegas? — o ruivo ponderou sobre o assunto.

— E por que um homem teria um cheiro atraente? Para que serviria? — ele encarou o alfa mais alto.

— Tem caras que gostam de outros caras. — ele deu de ombros e Katsuki continuou analisando seus amigos.

— Continua não tendo sentido. — ele fez uma careta e seguiu na frente.

A casa de Bakugou não estava longe, o beta rapidamente passou pela porta e seguiu até o banheiro, suas roupas estavam por lá. Ele apenas jogou um pouco de água no corpo, assim como os outros, e se vestiu após se enxugar.

— Então… não vai dar uma chance para ninguém não? — Eijirou se sentou à mesa esperando algo para comer.

A única coisa que Bakugou fez foi empurrar um prato com pão e uma faca.

Kirishima se serviu sozinho enquanto Katsuki se juntava em uma cadeira.

— Até vocês com esse assunto? — rosnou. — Minha mãe não me deixa em paz por causa disso.

— Sei que é chato, mas por que não acha alguém para se divertir pelo menos? — ele enfiou a massa na boca.

— Não é tão fácil. — Sero respondeu. — Líderes não ficam de brincadeira com outras pessoas. — ele engrossou a voz tentando imitar Mitsuki, mesmo que a voz da mulher não fosse daquela forma.

A Arte do Cortejamento - Bakudeku ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora