Capítulo VII: Admissões.

393 29 80
                                    


Antes de entrar no quarto, Howard afiou os olhos e analisou a cena meticulosamente.

Estava com uma pulga atrás da orelha e Martin estar choramingando só a alimentava.

Ao notar sua presença, ele deslizou a mão pela bochecha para limpar o patético rastro de lágrima e deu um sorriso frágil, uma sensação de entalo no fundo de sua garganta. Em seguida, se adiantou:

- Besteira.

Em seguida, virou a fotografia na direção do noivo.

- Mamãe. - justificou. Sentia-se um caco. - O que queria conversar?

Howard, que secava os cabelos com uma toalha, se aproximou. Tomou a fotografia das mãos de Martin, encarando-a por um momento, e , depois, sentou-se ao lado dele e lá ficou quieto por um tempo.

Depois de um tempo, colocou a foto sobre a cama e apoiou os cotovelos na coxas, fitando Martin como se estivesse prestes a falar algo, o que, de fato, estava.

- Quem é LB, Martin?

O loiro, que já tinha a atenção nele, a aguçou ainda mais.

Estava esperando uma conversa séria sobre a empresa ou algum esporro em relação a sua família, não aquilo.

Cortou o contato visual e bufou uma risada curta ao fitar o chão, amargurado.

Por que tudo estava sendo sobre Luciano?

Respirou fundo e olhou para as cartas espalhadas sobre a cama antes de voltar atenção a Howard, desgostoso. Teria que contar caso esperasse que aquele assunto não voltasse no futuro.

Não tinha intenção de esconder nada de Howard. Uma hora ou outra ele saberia que LB era o homem que alugou a casa dos seus pais.

Isso, claro, se já não soubesse. O que Martin já desconfiava.

Patrícia havia postado mil e uma fotos com a família Brasil e a foto de Luciano na moldura era de associação rápida. Ele não havia envelhecido para que ficasse difícil saber que era ele.

Howard não era imbecil.

- Um ex da época da faculdade.

- Um ex. - Howard respondeu, categórico, e continuou com os olhos dele como se estivesse esperando que falasse mais.

- Sim. Um ex. - se levantou e começou a arrumar calmamente as coisas para enfiá-las novamente dentro da caixa enquanto falava. - Nós namoramos em 2016 por três meses e ele é o homem que alugou a casa dos meus pais, o modelo e dono da empresa Conceitos.

Howard deitou as costas na cama e fitou o teto, reticente.

- Por que você ainda tem essas coisas? - se referiu às cartas.

- Patrick encontrou nas coisas da mudança. Estava guardado, eu nem lembrava.

- Não foi isso que eu perguntei.

Para a austeridade, Martin inclinou o rosto com uma dúvida.

Howard estava com ciúmes?

Pensava que ele era mais racional que aquilo.

- Tem coisas da minha família aqui, coisas da época da faculdade. - Martin colocou a mão sobre a caixa para dar ênfase. - É um período da minha vida que está aqui dentro.

- E coisas do seu ex namorado.

- De sete anos atrás. - Martin foi mais veemente, ligeiramente impaciente não só pelo assunto da conversa, mas o dia em geral. - Não significam nada, Howdy.
- Se não significam nada, por que você juntou todas essas cartas?

Sempre seu, Martin. [BRAARG]Onde histórias criam vida. Descubra agora