Capítulo IX: Virada de chave.

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Sete anos depois, 2023.

A única coisa que Luciano conseguiu fazer para se proteger das mãos violentas de Pietro foi recuar rapidamente a cada passada que ele dava em sua direção.

Ficou prensado na parede, lançando um olhar preocupado de Martin à Gael. Era incapaz de devolver a agressividade.

O pai de Martin era um homem mais velho e menor também, o rosto tão vermelho de raiva que parecia prestes a explodir enquanto segurava as lapelas do seu casaco.

Não seria uma luta justa.

- Por SUA CULPA, seu verme, que esse idiota quer sair da Alenzo's-

- Não, pai, eu-

- Calado! - brandou, lançando-o um olhar feio antes de se voltar para Luciano. - Exijo que o demita agora mesmo! O demita imediatamente! Devolva o juízo desse moleque! Martin não precisa desse emprego! Ele está se saindo muito bem na Alenzo's, não precisa trabalhar como um secretário vagabundo para um... - torceu os lábios, omitindo uma ofensa e o olhando de cima a baixo com repulsa. Só Martin entendeu do que se tratava, - Ele não precisa disso.

Martin puxou o pai pelo ombro e o tirou de cima de Luciano com um empurrão. Sentia suas próprias mãos tremerem de tanta adrenalina, de tanta raiva.

- Não vou sair da Alenzo's, eu já disse! - devolveu o mesmo tom de voz. - O Patrick vai ficar no meu lugar, mas eu não vou sair! Deixe o Luciano em paz! Ele não tem nada a ver com isso! EU que quis sair daquele lugar! Eu estava SUFOCANDO. - praticamente gritou na cara dele. - Não vou admitir que venha no meu trabalho xingar o meu chefe dessa forma!

Pietro recuou. Ficou surpreso mais pelo fato do loiro ter aumentado a voz do que pelas palavras.

Para o significado delas, entretanto, não deu a mínima. Só achou o empurrão e o aumento da voz do loiro um desacato enorme.

Apertando os dentes, fechou os punhos com o sangue fervendo e se voltou a ele com o rosto torcido em ira.

- Ora, seu...

Ao tentar se aproximar do filho, foi bloqueado pelo corpo alto e maciço de Luciano. Desprevenido, recuou, e afiou os olhos na direção do moreno, que o respondeu com uma expressão estranha, com um sorriso inflexível demais.

Com a cabeça dominada pela raiva, Pietro ligou os pontos. Ficou uns segundos encarandos os dois e não demorou para rir da situação amargamente quando compreendeu tudo o que se passava ali.

Alternava a atenção de um para o outro quando disse:

- Vocês estão transando, não estão?

O rosto de Martin escuresceu, a revolta perdendo lugar para a mágoa. A de Luciano, no entanto, esticou-se em surpresa, não disse uma palavra, mas também não saiu do caminho.

- Seu noivo sabe que você está dando para esse preto ai, Martin? - Pietro continuou. Sentia prazer ao ver as reações dos dois naquele momento. O silêncio dos dois só o dava mais munição. - O Howard sabe que vai trabalhar com ele? Que esse filho da puta vai te comer todo dia e te pagar depois que nem uma puta?

O ambiente sucumbiu.

Martin estava boquiaberto, tão magoado que não conseguiu ter uma resposta rápida.

- Você é uma desgraça. - Pietro fazia questão de olhar para o loiro sem piscar ao falar, cego e irracional. - Quando sua mãe morreu, devia ter levado a empresa com ela, já que não pode contar com o filho para cuidar dela. Você é um pirralho inútil.

Martin sentiu falta de ar. Estava sem chão e, por não conseguir enfrentá-lo, baixou a cabeça. Não é que não tivesse o que falar, é que não conseguia.

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⏰ Última atualização: 3 hours ago ⏰

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Sempre seu, Martin. [BRAARG]Onde histórias criam vida. Descubra agora