Capítulo 3

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Eu estava em um cemitério em uma noite extremamente densa. Com nomes em placas desconhecidas ao meu redor, onde a chuva caía bravamente contra meu peito. Minhas mãos não se mexiam, eu somente sentia o frescor da chuva e uma dor exacerbante em meu pescoço. Não conseguia sair do lugar, minhas pernas falhavam a cada momento que tentava andar.

Havia sangue por todo meu corpo mas não sabia de onde vinha, era meu? De outra pessoa? Onde eu estou? O que tinha causado aquilo? Por Deus, eu tinha vontade gritar, me forçava ao máximo para que alguém me escutassem mas nem um só chiado era ouvido saindo de minha garganta. E então desabei sobre meus pés e as lágrimas rolaram.

Foi quando eu senti mãos me agarrarem em meus braços, me balançando para frente e para trás, chamando meu nome ao fundo. Era Martina, eu precisava acordar.

E então, em um piscar de olhos, eu estava de pé, em frente a cafeteria com Martina me encarando.

_ Vamos garota, dormiu em pé? Disse ela, rindo de mim.

Meus olhos lacrimejavam de medo. Não havia nenhuma desculpa para aquilo. Aliás, o que foi aquilo? Eu não sabia.

_ Relaxa, vem, eu pago. Disse ela, pegando em minha mão e me levando para a mesa.

Eu não poderia contar isso a ninguém. Eu já havia sonhado com coisas assim, mas acordada? Eu só podia estar louca. Louca. É o cansaço, só podia ser. Eu precisava aguentar somente mais algumas horas e tudo passaria.

_ Você poderia pedir para mim Mar? Eu vou ao banheiro lavar o rosto e já volto. Pode ser um capuccino, bem forte, por favor!

_ Claro, vai lá.

Empurrei a porta do banheiro e liguei a torneira, jogando o máximo de água que conseguia para que eu finalmente acordasse. Me encarei no espelho por alguns minutos e senti um incômodo ainda maior, mas me forcei a andar em direção as mesas.

Quando adentrei no salão, um arrepio percorreu meu pescoço. O atendente da cafeteria acabava de entregar o pedido em nossa mesa e ao olhar para ele, as visões voltaram em meu pensamento. Não o reconheci, somente vi suas costas, mas minha alma o reconheceu, com toda certeza. Vi Martina me encarando com um sorriso no rosto, me obrigando a fugir de meus pensamentos e voltar a realidade. Sentei-me frente a ela e tomamos nossos cafés, encerrando a minha primeira noite em Seul. 

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