Eu estava em um cemitério em uma noite extremamente densa. Com nomes em placas desconhecidas ao meu redor, onde a chuva caía bravamente contra meu peito. Minhas mãos não se mexiam, eu somente sentia o frescor da chuva e uma dor exacerbante em meu pescoço. Não conseguia sair do lugar, minhas pernas falhavam a cada momento que tentava andar.
Havia sangue por todo meu corpo mas não sabia de onde vinha, era meu? De outra pessoa? Onde eu estou? O que tinha causado aquilo? Por Deus, eu tinha vontade gritar, me forçava ao máximo para que alguém me escutassem mas nem um só chiado era ouvido saindo de minha garganta. E então desabei sobre meus pés e as lágrimas rolaram.
Foi quando eu senti mãos me agarrarem em meus braços, me balançando para frente e para trás, chamando meu nome ao fundo. Era Martina, eu precisava acordar.
E então, em um piscar de olhos, eu estava de pé, em frente a cafeteria com Martina me encarando.
_ Vamos garota, dormiu em pé? Disse ela, rindo de mim.
Meus olhos lacrimejavam de medo. Não havia nenhuma desculpa para aquilo. Aliás, o que foi aquilo? Eu não sabia.
_ Relaxa, vem, eu pago. Disse ela, pegando em minha mão e me levando para a mesa.
Eu não poderia contar isso a ninguém. Eu já havia sonhado com coisas assim, mas acordada? Eu só podia estar louca. Louca. É o cansaço, só podia ser. Eu precisava aguentar somente mais algumas horas e tudo passaria.
_ Você poderia pedir para mim Mar? Eu vou ao banheiro lavar o rosto e já volto. Pode ser um capuccino, bem forte, por favor!
_ Claro, vai lá.
Empurrei a porta do banheiro e liguei a torneira, jogando o máximo de água que conseguia para que eu finalmente acordasse. Me encarei no espelho por alguns minutos e senti um incômodo ainda maior, mas me forcei a andar em direção as mesas.
Quando adentrei no salão, um arrepio percorreu meu pescoço. O atendente da cafeteria acabava de entregar o pedido em nossa mesa e ao olhar para ele, as visões voltaram em meu pensamento. Não o reconheci, somente vi suas costas, mas minha alma o reconheceu, com toda certeza. Vi Martina me encarando com um sorriso no rosto, me obrigando a fugir de meus pensamentos e voltar a realidade. Sentei-me frente a ela e tomamos nossos cafés, encerrando a minha primeira noite em Seul.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Vez Mais
FanfictionEu nunca me considerei a pessoa mais sortuda do mundo. Quando pequena, caia de bicicletas inúmeras vezes, me cortava diariamente, tive inúmeros acidentes onde sempre acabei com um gesso me imobilizando por dias, e em qualquer sorteio nunca ganhei um...