Capítulo 5

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Acordei mas sentia uma dor desconfortante em meu pescoço. Igual as outras vezes. Ansiedade.

Tentei identificar onde estava, cadeiras de madeira, um painel cheio de bolos e pães. O cheiro de café no ar. Senti um vento em meu rosto, foi quando finalmente conseguir olhar para o lado e o vi.

Um rapaz me abanando com um guardanapo. Minha visão ainda sem foco me forçou a piscar algumas vezes para tentar entender. Parecia uma miragem. Ele era alto, o cabelo preto como a noite, todo bagunçado. Com piercings na sobrancelha sob os olhos puxados, cor de mel. Outro piercing chamava a atenção em seus lábios avermelhados. Além das incontáveis tatuagens. Ele vestia uma roupa preta por completa, a não ser um avental sob sua cintura na cor marrom com o logo da cafeteria.

E por um segundo, meu mundo parou.

Me obriguei a ficar de pé e mandar a ansiedade embora. Quando retornei a realidade, ele ainda me encarava. Ainda sentia algo estranho em meu coração, meu pescoço parecia queimar. Com reflexo de proteção contra toda aquela dor, coloquei as mãos em meu pescoço e como um espelho, o rapaz fez o mesmo.

Assustei com seu ato parecido e meu olhar cruzou em sinônimo de confusão com os olhos dele. O que era aquilo? Todo o coreano que aprendi nos últimos meses pareceu sumir de minha memória, eu não conseguia agradecê-lo por me ajudar ou perguntar o que havia acontecido para estar com tanta dor.

Foi quando o som de campainha ressoou no ambiente e Jihoon entrou na cafeteria.

_ Adi, você está bem? Eu estava pegando algumas coisas na conveniência aqui a frente e vi você caindo.

Acenei que sim, minha voz ainda se recusava a sair.

_ Obrigada Sr Jeon, irei recompensá-lo por segurá-la e ajudá-la - Disse Jihoon ao rapaz que estava a minha frente.

E por uma fração de segundos meu cérebro somente conseguiu dizer palavras em português.

_ Obrigada, anjo.

Eu estava totalmente atônita. Quando pude prestar atenção em meus atos e me dei conta do que havia falado senti minhas bochechas corarem. Infelizmente vi Jeon sorrir e senti ainda mais vergonha. Será que ele entende português? Impossivel.

E então, Jihoon pegou em minha mão e me tirou da cafeteria. Subimos até meu apartamento, onde eu ainda estava em choque. Me debrucei sobre a bancada da cozinha e pensava no que havia acabado de acontecer.

_ Adália, você está louca? Está trabalhando muito? Precisa de um descanso? Eu posso conversar com nosso chefe e pedir uma semana de folga para você. Você desabou! No meio da rua!

Eu não escutava nada, ou pelo menos me recusava a entender o que ele estava falando.

_ Adi, me responda! - Disse ele fortemente.

_ QUE SACO JIHOON! É uma crise de ansiedade! Eu tenho ansiedade. Me deixa em paz!

E automaticamente me arrependi de minhas palavras. Ninguém poderia saber sobre minhas crises, nem mesmo Martina sabia.

_ Sinto muito Adi, não sabia. Você quer conversar sobre? Disse ele tentando me abraçar.

_ Não, Jihoon. Vai para sua casa, perdi totalmente a vontade de sair. Podemos marcar depois de amanhã após o plantão. Vou tomar um banho e dormir, preciso descansar. Avise a Mar.

_ Certo Adi, me ligue qualquer coisa. Sou seu amigo, não me entenda mal, quero seu bem. Me desculpe novamente.

Ao olhar para ele pude ver o arrependimento em seu olhar e o abracei.

_ Ta tudo bem Jihoon. Me desculpe por descontar em você.

Jihoon iestá prestar a ir embora, mas não posso deixar a oportunidade passar sob meus olhos. Ao tentar abrir a porta do apartamento, seguro seu braço.

_ Me conta mais sobre o cara da cafeteria.

Jihoon sorri, tristemente, com olhar desapontado e diz poucas palavras.

_ Jeon MinSeok. Riquinho, dono da cafeteria. Coreano. Fim.

E então abre a porta e vai embora. 

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