Capítulo 2

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Acordei com o barulho do avião pousando já em solo coreano. A passageira ao meu lado me olhava com os olhos mais estranhos possíveis e quando iria a interrogar sobre, fui interrompida.

_ Boa tarde queridos passageiros, quem fala é Won SeoJin, piloto do avião e tenho o prazer de informar que já estamos na Coreia. Peço calma na hora do desembarque e uma boa estadia a todos.

Com o fim da fila perto de meu assento consegui finalmente levantar, puxar minha bagagem e ir em direção a saída, quando me dei conta que havia acontecido. O piloto havia falado em coreano e meu cérebro pode entender tudo sem dificuldade. Aquilo foi o motivo do meu primeiro sorriso em muito tempo. Eu iria conseguir.

Quando fui aprovada no processo seletivo para estrangeiros há 8 meses, minha irmã não mediu esforços em contratar professores para que eu me adaptasse ao idioma e a cultura, além de garantir um bom apartamento próximo ao local onde passaria as primeiras semanas treinando e me adaptando as leis coreanas. Ela era meu anjo em vida.

Ao chegar no saguão do aeroporto eu somente conseguia pensar que precisava tomar um banho, afinal 30 horas em um avião era demais para qualquer brasileiro suportar. Logo que peguei minhas malas corri para a ala onde os táxis esperavam e entrei, dando de cara com um senhor de meia idade, de cabelos brancos, para o qual dei a exata coordenada de minha nova casa.

Tudo muito limpo. Tudo muito organizado. As ruas de Seul não precisavam de mais policiais. Quanto mais o carro andava, mais emocionada eu ficava. Luzes, imagens de pessoas famosas em todos os cantos possíveis. Eu estava admirada com tudo, e então, vendo meu olhar brilhante, o motorista enfim falou comigo.

_ Estrangeira? De qual país? Você vai adorar Seul.

_ Oi! Sou brasileira. Vim a trabalho.

_ Oh! Que legal! Neymar, Ronaldo, muito futebol.

E eu novamente pude sorrir. Eu sabia que haveriam estereótipos, mas a simplicidade do motorista me fez sorrir e concordar. Quando dei por conta, já estávamos parados em frente ao meu novo apartamento. Paguei a ele o devido valor, dando uma gorjeta pela receptividade, a qual ele aceitou de bom grado.

_ Boa sorte! - Disse ele por fim, sorrindo tanto que os olhos acabavam por virar somente uma linha fofa, e assim, partiu.

Já sob a calçada, com todas minhas malas em mãos, olhei para cima encarando o prédio e tudo o que havia a volta. Uma loja de conveniência, uma música de discos e uma cafeteria. Perfeito, tudo o que eu gosto, perto de mim. Respirei fundo e subi.

O dono do apartamento havia deixado tudo limpo e mobiliado, a chave escondida embaixo de uma planta no corredor. Sabendo de tudo isso, eu não precisaria me preocupar. Era somente entrar, tomar um banho, ligar para Anna e avisar sobre minha chegada para enfim poder dormir.

Ao adentrar no apartamento tudo parecia novo. Do teto a pintura, móveis incrivelmente lindos e tecnológicos. A geladeira totalmente abastecida, o quarto cheio de almofadas e uma tv enorme. Mas nada mais incrível como a vista que eu teria todos os dias. Ao fundo podia ver a Namsan Tower, luzes e carros por todos os lados. Eu estava começando a ver um futuro lindo neste país para mim.

Deixei minhas malas em meu quarto e adentrei no banheiro, onde consegui me despir e ligar o chuveiro. No melhor banho que tomei em muito tempo, pude pausar meus pensamentos e somente aproveitar o momento. A água corria em meu corpo, meus cabelos molhados me causavam arrepios, eu poderia agradecer para sempre por enfim estar bem.

Ao sair, optei por uma camisola leve, que era extremamente larga mas também extremamente confortável. Eu não tinha vergonha do meu corpo, talvez por ser brasileira eu estava acostumada a ter peito e bunda, e também, uma leve barriguinha marcada por beber um tanto de cerveja a mais. Meus olhares se fixaram no espelho que havia em meu quarto e antes mesmo que eu pudesse me comparar aos padrões de beleza coreano, meu celular soou.

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