Capítulo 4

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Acordei ao som do despertador, 07 da manhã. Segunda feira. Meu primeiro dia na Policia Científica de Seul. Meu primeiro dia realizando um sonho.

Preferi tomar um banho para me preparar para o que viria durante o dia. Durante o banho consegui refletir sobre como cheguei até aqui, apesar dos empecilhos da vida. Eu fui forte o suficiente mesmo após o acidente dos meus pais, mesmo com tantas dúvidas a minha profissão, mesmo tendo que abandonar Anna e meus amigos. Eu estava grata, apesar dos pesares, por estar ali.

Optei por vestir algo neutro, sei que cores não são muito bem vindas na Coreia, então era simplesmente o básico bem feito. Coloquei uma calça social preta e uma camisa branca, com acessórios dourados e um leve salto. Elegante, mas não metida, social o suficiente. Uma maquiagem básica e pronto.

Passando pelo corredor pude ouvir Mar vindo atrás de mim, agradeci a Deus novamente por ter uma companhia já no primeiro dia. Ela estava linda. Olhamos uma para outra, sorrimos e então seguimos rumo ao emprego dos sonhos.

A academia da Polícia Cientifica ficava a 4 quarteirões de nossa casa, então podíamos ir tranquilamente apé. E assim seguimos, em total silêncio até nosso novo trabalho e em 10 minutos estávamos em frente ao prédio que passaríamos a trabalhar.

Era enorme, de tijolos a vista, antigo porém bem cuidado. Cheirava a cigarro, mas eu deveria me acostumar, esse era o aroma natural de Seul. Absolutamente tudo cheirava a cigarro.

Fomos designadas ao mesmo treinamento, então eu e Martina passaríamos boas horas juntas a partir de hoje. Nosso treinamento ali demoraria 2 semanas e depois então começaríamos a atender sozinhas nossos próprios casos.

Todos nossos chefes e veteranos eram bons no serviço, nos receberam muito bem, mas infelizmente éramos as únicas mulheres no setor naquela unidade. O coreano ainda era acelerado para o que eu estava acostumada mas minha amiga me ajudava sempre que eu ficava com cara de paisagem para meus superiores.

O serviço era tudo coordenado: Ler a papelada, usar conhecimento técnico-cientifico, julgar, analisar fotos, imagens, raio x, análise de mordidas, locais de crime... nada pelo o qual eu não tenha passado na faculdade e em minha especialização.

_ Você pode arquivar esses casos de lesão corporal ou corpo de delito junto com a Martina. Na segunda sala a direita. – Disse Kim Jihoon, o policial responsável por nos tutoriar. Ele era o companheiro perfeito para ensinar tudo o que precisávamos aprender.

Alto, com um sorriso encantador, parecia e muito com o Jang Ki Yong. Ah, sobre isso, Martina tentou me mostrar algumas músicas e novelas coreanas, mas infelizmente ainda não havia aprendido a gostar 100% dessa cultura.

Martina somente fazia a parte de fotografia de todos os casos, me acompanhava em todos os locais de crime e em exames, e por mais estranho que fosse, ela também estava gostando.

Nós três acabamos criando um vínculo extremamente especial. Jihoon e Mar apareciam sempre em meu apartamento pós expediente para me ensinarem mais sobre coreano e as regras das polícias de Seul.

_ Você precisa sempre anotar no sistema do tipo A7 as imagens e escaneamento das marcas de mordida. O sistema automaticamente vai jogar a análise no banco de dados e encontrar o suspeito de forma mais rápida. Pela milésima vez Adi, preste atenção.

_ Entendi Sr! - Disse eu ao bater continência a ele, fazendo todos rirem da situação.

Nós não conseguimos sair muito por Seul, o treinamento foi pesado, mas com o passar dos dias trabalharíamos por plantão, então teríamos a chance de desbravar a Coreia.

Ao final do último dia de treinamento nosso superiores conseguiram nos liberar mais cedo, agradeci inúmeras vezes, porque errei o honorifico as três primeiras. Martina apenas sabia rir da situação, mas meus companheiros acabaram aceitando minha gratidão.

_ Você, pode ir. Eu vou ficar mais meia hora para organizar a pasta de fotos e lentes para nosso primeiro plantão.

_ Tem certeza Mar? Eu posso te ajudar. Jihoon vai ficar também?

_ Vai Adi. Toma um banho porque amanhã é nosso primeiro dia de folga e finalmente poderemos sair beber hoje. Ele já foi embora, boba.

_ Mal posso esperar. Me arrumo e te espero em casa. Depois encontramos com ele, pode ser?

_ Perfeito, vai lá gatinha. Disse ela piscando para mim.

E assim segui, sai da sede da Polícia e fui em direção ao apartamento. Agradeci a Deus por ter encerrado o período pelo qual eu estava mais nervosa.

Saquei meu celular da bolsa e enviei uma mensagem a Anna: "Terminei o treinamento, estou apta a começar os plantões. Vou sair para comemorar hoje, depois te mando fotos. Beijos, te amo e tenha um bom dia". Sorri ao enviar, ela ficaria feliz por mim, tenho certeza.

Nossas conversas tem sido espaçadas por 12 horas de diferença entre uma mensagem e outra, mas nós duas entendemos a dificuldade de se morar do outro lado do mundo. Fico feliz porque ao menos, no final do dia, tenho ela par orar por mim.

Logo após enviar a mensagem, senti meu pescoço queimar. Já na esquina de casa minha cabeça pareceu explodir. A dor era forte, ao ponto de começar da ânsia vir acompanhado e uma visão turva, extremamente turva. Senti que iria cair ali mesmo, no meio da rua. Foi quando duas mãos me seguraram por trás, e então desabei. 

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